Menos é mais e o minimalismo que abraça

Um breve hiato desde a última postagem e estou de volta! Não gosto de deixar o blog parado mesmo que por pouco tempo, mas enquanto não fotografo novas pautas (vamos começar nessa quarta!), aproveitei para terminar aquele livro que comentei, o Menos é mais, da blogueira precursora do minimalismo, Francine Jay, iniciar um coach de organização (que eu vou contar mais pra frente, mas que já adianto que só no primeiro encontro, foi impactante!) e receber a Rafa para a revisão da organização do meu guarda-roupa, que vai render posts cheios de dicas!

Acho que caiu a ficha que é difícil avançar quando estamos soterrados de pendências e de hábitos que não são bons pra nossa vida e produtividade, e eu passei boa parte da vida com ansiedade como consequência de não conseguir administrar bem meu tempo nem meus compromissos e objetivos. A ideia é entender melhor sobre os métodos e ferramentas para ter mais tranquilidade para tocar minhas ideias, orientar melhor quem atendo e ter paz pra ser criativa, hahaha.

livro-menos-e-mais

O livro da Francine foi mais impactante pra mim do que o da Marie Kondo, que eu nem terminei de ler, btw, achei que era muito radical pro meu gosto, hehe. A autora conduz todos os processos de uma forma mais fundamentada nos limites do outro, observando mais nossa relação com o consumismo e como podemos nos desatar de esterótipos que nos fazem acreditar que existem padrões até para quem quer ter uma vida mais leve.

Um dos capítulos fundamentais diz que devemos aproveitar mais sem possuir. Somos impelidos a acreditar que precisamos ter tudo que gostamos e queremos, mas na prática isso é ruim a longo prazo: ou a casa ficará abarrotada de objetos, com armários sem espaço, ou teremos mil preocupações com a manutenção de cada item, lavar, passar, dobrar, guardar, cuidar da bainha que desmanchou, o botão que soltou, a mancha que ficou.

Eu tinha muito dessa ideia que precisava ter as coisas de estilistas que admirava e, por isso, comprava sem critério; ou quando me identificava com alguma tendência e comprava vários itens para garantir que teria a maior variedade possível; ou ainda, já cheguei a comprar ao menos uma peça de cada coleção especial de C&A que surgisse para dizer que estive ali, como uma pedra fundamental colecionável.

Muitos desses hábitos eu já me livrei desde que comecei a atender, mas esse capítulo foi bacana para sacramentar o que eu já havia percebido. E isso nem se aplicou só nas roupas, mas já coloquei em prática na minha viagem a Praga, onde eu me bastava por admirar tanta boniteza, deixando lá na terra da Bohemia muitos bibelôs, tricôs e lembrancinhas que eu cruzei. Eu gosto de lembranças, mas elas podem permanecer mais intensas na minha vivência. 🙂

Roupas também são adquiridas como se fossem troféus do nosso êxito, da nossa necessidade de pertencimento, de acompanhar a espetacularização até do que deveria ser orgânico, como a moda de rua. Tenho feito esse exercício há mais de um ano, de mergulhar menos nas poses compartilhadas à exaustão, e observar o que de fato é usado em movimento, no calor do dia, entre um ônibus e um metrô. Olha aí os guarda-roupas compartilhados caindo no gosto de quem curte ter variedade no armário sem precisar necessariamente comprar e ter aquela roupa.

Outro capítulo que me pegou pelo cangote foi o que ela escancara que tudo que consumimos tem um impacto ecológico e social, e que nem sempre temos controle das origens e suas informações, por isso a melhor maneira para minimizar isso é cuidar de comprar em pequenos produtores, além de privilegiar itens de segunda mão. Isso eu já aplicava e limei não só o hábito consumo de roupas que eu não gostava tanto assim, como tento pensar mais nas ações dos meus atos pro mundo. Eu falho algumas vezes, mas é um exercício diário e me aflige pensar que muita gente não consegue enxergar isso.

O número de peças ideal varia pra cada pessoa

Fran (a essa altura eu já to muito íntima dessa gringa! hahaha) também coloca que o conceito de suficiente e necessário podem ser bem diferentes e que não existe uma quantidade padronizada, já que cada um tem seu estilo de vida e as suas necessidades. Esse parágrafo me fez dar gritinhos de êxtase, hahahaha! Na época do meu armário cápsula colorido e estampado, eu cheguei a ouvir (ler!) que 46 roupas era um número ainda alto para a proposta.

Ora, esse julgamento é inevitável, mas juro que não entendo quem cerceia a alegria alheia. Ter muita roupa pode ser relativo, se pensarmos que uma saia de paetês é dispensável para quem não é festivo, mas pode significar felicidade para alguém que adora ver um brilho e sonhar antes de encarar busão lotado e um trabalho chato (mas, vá lá: ter mais de 15 só para encher o armário já me quebra hahahha).

Sem falar que eu moro no Hell de Janeiro, que eu suo que nem uma louca, que preciso ter muito mais partes de cima para compor esse armário senão a coisa fica tensa pro meu lado, senão teria que lavar e passar mais as minhas blusas, desgastando mais as fibras e diminuindo a sua vida útil. Portanto, se 46 parecia um número absurdo para quem não vive numa cidade tão quente e úmida, pra uma carioca ou uma piauiense a conta pode fechar redondinha, ou ainda para quem usa o seu armário como acervo lúdico para produções sonhadoras (oi!).

Essa última parte tirou um peso das minhas costas! Longe de mim justificar armário abarrotado (até porque eu batalho para deixar os das minhas clientes bem funcionais), mas penso que devemos compreender que minimalismo serve e muito pra falarmos bem além de números, como, por ex., a origem e cadeia de produção do que consumimos. Serve para estarmos o tempo nos indagando do que possuímos, repensarmos a nossa relação com o consumo e como isso afeta nossas vidas, e com as mídias que nos bombardeiam de publicidade e padrões, se o que temos só funciona para dizer que temos ou se cabe e funciona na vida que levamos.

Do que você gosta realmente? O que te faz feliz? Precisamos tanto de aparências e do novo?

O principal mérito e desafio desse processo, pra mim, é o de arrebentarmos, aos poucos, o entendimento que só cabe ao universo feminino o que é fútil ou em excesso. Serve, inclusive, para repensarmos o contexto em que que o mundo nos coloca, de padrões de beleza normativos e exagerados para alimentarmos toda uma indústria que sobrevive de nos depreciar.

Coincidentemente, a Thais escreveu hoje um post muito bom sobre termos coisas.

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