Qual é o nosso papel na internet?

Se na era pré-redes sociais o mercado de luxo e a ostentação permeavam um círculo mais restrito, quase inacessível, hoje qualquer um de nós, meros mortais, pode almejar um vestido que custe cinco mil reais, mesmo sabendo que muitas vezes esse valor é quase o triplo do salário médio dos brasileiros.
Em pesquisa recente, o Instagram foi apontado como a pior rede social para a saúde mental dos jovens. Todas aquelas fotos de restaurantes renomados, viagens para destinos paradisíacos e roupas de grife que influencers ostentam muitas vezes faz com que uma nuvem de frustração paire sobre a cabeça da maioria dos jovens seguidores cuja realidade é bem diferente. Confesso que já me senti fracassada ao ver foto de corridinha na praia às 9h de uma quarta-feira, enquanto eu estava dentro de um ônibus, presa no engarrafamento para o trabalho.
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Acho que ainda não comentei por aqui, mas vou me casar esse ano. Estou preparando a festa de casamento dos meus sonhos, e bem, para que ela aconteça, é preciso abrir mão de alguns gastos. Meu noivo e eu demos um tempo de extravagâncias gastronômicas, trocas de presentes, gastos com roupas – toda a nossa energia e grana tá direcionada à festa de casamento e à reforma e decoração do nosso apê. Abrir o Instagram sábado à noite durante um tempo foi gatilho para crises de choro, culpa e aquela sensação chata de que todo mundo tinha uma vida legal, menos eu. Ainda acontece com frequência, volta e meia preciso lembrar que é só uma fase.
A verdade é que daqui a três meses, quando chegar a minha festa de casamento, a minha viagem de lua de mel e quando eu começar a compartilhar detalhes do meu apartamento, vai ter alguém do outro lado se sentindo triste por não estar no mesmo momento que eu – seja por não ter um parceiro amoroso, por não fazer aquela viagem ou por não poder reformar a casa. Certamente ninguém vai pensar que eu passei meses entocada em casa pra que aquilo tudo esteja acontecendo. O Instagram potencializa aquele dito popular que a grama do vizinho é sempre mais verde, e quebrar esse ciclo não parece tarefa das mais fáceis.
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O meu conselho como como espectadora é buscar seguir pessoas em que você possa se espelhar de alguma maneira, com dicas que você possa aplicar na sua vida ou mesmo que te sirvam de motivação para algo. A partir do momento que seguir perfis que tenham um estilo (de vida, de moda, de decoração, etc) parecido com o seu, você vai deixar de se sentir insatisfeito para se sentir estimulado a algo.
Como produtora de conteúdo, creio que o papel de influencer é inspirar pessoas, e não criar desejos fugazes. Quando se fala de moda, é importante sim dialogar sobre tendências, mas não tratá-las como necessidade, o famoso must have. É gostoso sim criar conteúdo, é gostoso ser inspiração para outras pessoas, mas é indispensável assumir a responsabilidade de passar uma mensagem positiva, que acrescente algo à vida de quem consome as nossas ideias.

mari-rodrigues-hoje-vou-assim-offMariana Rodrigues
Carioca, 29 anos, gorda. Tagarela de carteirinha, fã de chá gelado e viciada em bons debates na internet. Apaixonada por moda e televisão, escreve sobre esses e outros assuntos também em seu blog aquelamari.com
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