Quando duvidamos da nossa capacidade criativa

Em janeiro tiramos fotos para alguns projetos, e esse look fazia parte delas. Pela minha cara deu pra ver que eu não estava muito confortável; apesar do look ter sido montado pela minha equipe e aprovador por mim, eu não estava muito no clima nesse dia para usar tantas cores e, por isso, não via potencial de usá-lo novamente.
ana-soares-cores

Blusa do brechó Toco Sol, em SP, de seda, por 35 reais
casaco Jill Sander no O Grito, por 350 reais
Calça Andrea Marques no bazar da marca, acho que custou 190 reais
foto: Denise Ricardo
produção: Phillippe Rudnik e Manuella Antunes

Pois esfriou – finalmente! – aqui no Rio e comecei a desenterrar meus casacos, querendo aproveitar e usar um por dia. Estou indo agora pra Porto Alegre, pra mais um workshop, e soube que lá já foi o contrário, as temperaturas subiram e poderei usar uma roupa que não seja de esquimó.
Anteontem subi essa produção no instagram (tinha esquecido de postá-la por lá) e, para minha surpresa, fez muito sucesso, com elogios e menções pela coordenação de cores harmoniosa. Não que eu não estivesse achando o look bonito, mas sabe quando associamos algo a um momento em que não estávamos tão bem no dia? Se eu não tivesse revisitado as ideias anteriores, devidamente registradas, olhado com um olhar menos crítico e mais generoso quando falamos em exercício de estilo e ideias, eu não teria noção do quanto as pessoas curtiram.
Não que eu precise do aval do outro para usar o que gosto, mas vamos combinar: é bom quando não estamos muito confiantes e alguém vem dizer, espontaneamente, que você tá linda, interessante e qualquer outro adjetivo que nos faça descortinar essa cisma que tínhamos sobre a gente ou o que usamos. O olhar do outro pode ajudar a dissipar aquela dúvida, trazer outras novas ideias, pegar na nossa mão mesmo que involuntariamente.
Então proponho que, mesmo quando não estamos lá nos sentindo muito confiantes da nossa capacidade criativa, vale o registro, vale resgatar aquelas ideias e pensar em uma nova roupagem ou uma chance, mesmo. O tempo passa, mudamos nosso humor, melhoramos em relação a alguns momentos que não estávamos tão dispostos e, assim, aprendemos que algumas oportunidades já estão prontinhas ali, nos esperando. Só precisamos mesmo não desistir delas e aprendermos a sermos mais suaves conosco. 🙂

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