Como parecer mais profissional com pouca grana: versão calor

Repostei no instagram esse post do blog, em que mostro como podemos adaptar os looks muito básicos para uma versão profissional com pouca grana. Quem nunca passou por isso recém saído da faculdade, ou de um tempo afastado do mercado, ou de passar a considerar novos olhares sobre si mesmo como algo importante no momento?
Dá pra fazer isso com o que se tem e sem dispender muito dinheiro, mas os looks dessa postagem foram questionados pela galera das cidades quentes, com toda a razão: todos tinham a proposta de uma terceira peça, o que dificulta no calor.
Bom, mesmo o Rio sendo ultra quente, aqui ainda temos períodos de respiro e que possibilitam brincar com uma jaqueta ou um blazer. Mas e no Norte-Nordeste, que é calor o ano todo?
A ideia aqui foi apontar algumas dicas para tirar o básico do simples, para que a caminhada pelo encontro do estilo pessoal profissional seja mais leve. Seja com jeans mais levinhos, com saias, calças de tecido!

Tecidos leves/frescos!

Sabemos que o poliéster acaba com a nossa alegria, mas parece que a maioria das roupas de trabalho são oferecidas nessa fibra – ou, pior, o forro! Então é válido pensar em peças de algodão e viscose, que sejam mais soltinhas, inclusive. Olha a etiqueta interna e repense ao observar uma composição sintética.

Acessórios!

Só tem jeans e camiseta no armário? Manda ver num colarzão ou brincão, mas repara que os que eu escolhi não são de metal – esse material GRUDA que é um horror na pele suada! Além de cordões mais compridos, as bases são naturais ou de corda/tecido, desses coloridos, com pedras bacanas. Mas peças de presença ou então coloridas, sendo o ideal é que a qualidade seja boa. Custam menos que roupas e são mais fáceis de encontrar e de adaptar a diversos corpos.
jeans-flare-hoje-vou-assim-off-3 jeans-flare-hoje-vou-assim-off-6
As fotos a seguir são antiiiiiigas, lá do começo do blog, em 2010, e eu estou básica, só deixando a roupa mais interessante com um colarzão e uma sandália de estampa de onça. A camiseta veio da C&A, inclusive, e custou 15 reais na época. O colarzão era da minha avó.
09092011
090920115

Cores!

Em ambos os looks, o de cima e o de baixo, eu estou de camiseta de malha. Mas reparem como as cores das estampas e da mistura com a saia, ajudaram a deixar os visuais mais interessantes? Mesmo num ambiente mais formal, dá para escolher cores em tons mais fechados, como azul marinho, verde escuro, musgo, petróleo, vinho, ou então em tons claros, como bege, areia, rosados, amarelinhos.
Nesse post tem dica de coordenação de cores. Mas olha como o bloco de cores é um recurso simples, que exige poucas camadas, mas ganha em presença e força, só pela coordenação cromática!
saia-verde-como-usar-hoje-vou-assim-off-2

Estrutura

Falei no instagram de blusas estruturadas e também queriam saber como é. Bom, são peças normalmente de tecido plano, que tem uma trama diferente da malha, ele não estica (a não ser que tenha elastano na composição, mas no geral a trama é mais fechada, não deixa esticar), então o caimento fica mais composto, estuturado, e não desabadinho como na malha.
Também aplico o termo a blusas cuja modelagem as deixe mais armadas, seja na gola, nas mangas ou no corte como um todo.
Masssss as malhas também podem ter a sua estrutura! No look abaixo a blusa é exatamente assim – apesar de entender que ele possa não ser o melhor exemplo de look para ambientes profissionais que não o da galera de Humanas, mas era a minha única foto de look com ela –; a malha é mais grossinha, sabem? É de algodão e o tecido tem uma trama mais grossa, o que já ajuda também nesse quesito. Ou então com mangas mais amplas, ou com uma gola diferente…
Então, se você tem muita camiseta, testa as desse tipo com calça de sarja, com saia midi, com jeans e algum sapato tipo oxford, mocassim, um colar colorido ou brincos.
ana-soares-feliz
 

Alfaiataria versão tropical

Camisas clássicas, mas na versão sem mangas, olha aí! Essa minha era de uma coleção da Calvin Klein para a C&A, de algodão, com tecido mais estruturado, gola, botões…mas sem mangas! Uma versão genial para o calor dos trópicos.
Pensei até em transformar alguma camisa parada no armário tirando as mangas, será que rola? :-O
hipster-minimalista-3-535x813

Terceiras peças sem mangas!

Eu sei, eu sei muito bem que nos duzentos graus do calor não dá pra pensar em sobreposição. Mas vai por mim, ninguém precisa andar na rua vestindo elas! Eu levava no braço ou numa bolsinha e, quando chegava no santo ar condicionado do escritório, eu colocava! 🙂
Ou tenta então um colete bem levinho, sem forro, de linho ou algodão, uma camisa leve sobreposta, um kimono soltinho.
vestido-primavera-2-535x816
Tomara que essa versão calor vida real, sem muitos deslumbres, ajude quem está na pendenga de se acertar com o armário! E confesso que achei o post desafiador, galera.

Conhecendo neo marcas curitibanas

Semana passada fiz um bate-volta em Curitiba para um bate papo a convite de um shopping na cidade. Peguei um voo matutino e, como o evento era só à noite, aproveitei para dar um rolé para conhecer algumas marcas fora do circuito tradicional, já que as últimas vezes que fui foram para o workshop e turistar.
Preciso destacar que não faço muito isso aqui no Rio de Janeiro, infelizmenteàs vezes acho que as marcas caem na repetição de um estilo jovial demais (muito cropped, malha de viscose, tudo curto e com estampas estilo Farm), o que parece que todo mundo se veste igual. Enfim, desabafos.
E, olha, meus olhos brilharam com o que vi. Curitiba se tornou minha nova rota da moda – vocês sabem que, antes dela, eram SP e Belo Horizonte!

As marcas que conheci

A primeira da lista foi a Reptilia! Eu já seguia no instagram e babava nas coleções de corte minimalista, com cores lisas, estruturas mesmo em malha, transparências com bordados que valorizam o movimento, com o conforto como prioridade. A loja ficava perto do meu hotel, foi moleza chegar e me deparar com essa beleza de espaço.  <3
marcas-curitiba-ana-soares-4
O look é meu (esqueci de fotografar com peças deles), mas o sapato é de Curitiba também, a Apuê
Além da decoração incrível (a Helô, designer da Rep, é arquiteta de formação), o atelier fica nos fundos da loja, e dá pra acompanhar toda a produção, conversar com a equipe e trocar ideia sobre os processos. A matéria prima é brasileira, de tecelagens nacionais, e a escolha nem sempre é simples, muitos tecidos são tecnológicos. Além disso, todas as sobras são reaproveitadas em novas peças ou então os resíduos têxteis são encaminhados para projetos sociais ou marcas que trabalham com esses materiais.


View this post on Instagram

A post shared by Reptilia (@_reptilia) on 


O conceito também faz valer de peças atemporais, que sejam coordenáveis entre si e durem muito. A grade não contempla tamanhos maiores, apesar das malhas serem mais versáteis pela elasticidade, mas considerei esse o único ponto negativo. Ajustes são mega possíveis lá, adaptação de peças, tudo pode ser feito no atelier.
curitiba-marcas-3
Eu AMEI a modelagem e caimento das peças, experimentei muita coisa e trouxe boas brusinhas comigo – lembram que já falei que blusas bem executadas são difíceis de encontrar? Pois bem, a Rep preencheu esse meu vazio, comprei muito satisfeita. E falando em comprar, os preços não são assim uma pechincha, mas não achei nada abusivo pela qualidade, pesquisa e processo: blusas estavam também na liqui, saíram a 140, 150 reais, e túnica a 180 reais.

curitiba-marcas-2
Mostraram os tecidos da próxima coleção: pesquisa árdua em tecelagens nacionais

curitiba-marcas
O atelier fica nos fundos e as peças todas são produzidas ali

Fiquei muito feliz mesmo de conhecer a marca e deu um quentinho no coração observar tanto comprometimento com o que é produzido e com quem está consumindo.

Atelier e Loja Reptilia
Alameda Prudente de Moraes, 1282 – Centro, Curitiba/PR

Em seguida eu fui conhecer a H-Al, ou Halarte, de Alexandre Linhares e Thifany F., que se define como uma marca de vestes experimentais já há 10 anos re-existindo na capital paranaense. Eles trabalham com sobras têxteis e reaproveitamento de peças, como vestidos de festa, por ex. E aí meus olhos se encheram de lágrimas: a moda autoral pulsa! Ela vive!
curitiba-h-lal
Que SAUDADE enorme de ver algo desse gênero aqui no Rio. De observar pesquisa, peças fora da curva, com ideias próprias sem acompanhar necessariamente tendências. Que experiência mais bonita conversar com criadores, não ter pressa, simplesmente admirar e entender que ali é um espaço de respiro inspirador. Um flerte de artes plásticas tarduzidas em experimentações de superfícies têxteis, tudo lá é adaptável também – não se trata de peças louconas muito conceituais, pelo contrário! São roupas possíveis, que contam histórias pelas suas consturas e retalhos.
marcas-curitiba-ana-soares-5
Por conta disso muitas peças são únicas e os preços já são mais elevados, mas entre 200 e 700 reais – e, gente, vamos combinar que esses valores avistamos em lojinhas de shopping, vamos combinar? Que não têm, aliás, 1/5 do processo e da qualidade deles, então só quero colocar isso mesmo como parâmetro.
Não fotografei de corpo inteiro, mas esse vestido de festa é feito a partir de retalhos de outros vestidos, com as rendas todas reunidas. Várias histórias numa peça única, contando uma nova história.
curitiba-marcas-4
Comprei a blusa de tule aí embaixo e preciso também pontuar esse embrulho, feito pela própria Thifany. Poesia na etiqueta, nada de papel seda e plástico.

marcas-curitiba-ana-soares-3
A blusa que eu trouxe <3 Doida pra usar muito!

marcas-curitiba-ana-soares-1 marcas-curitiba-ana-soares-2

h-al
al. Prudente de Morais, 445, Curitiba/PR

A Apuê é de sapatos, eu também os acompanhava pelo instagram e consegui experimentar alguns na loja da Reptilia. Adorei ver que o solado é de borracha, eu que adoro derrapar com solados lisos, hahaha! A ideia é sapatos com estilo atemporal e excelência nos materiais, com cortes e formas também muito interessantes. Eu AMEI MUITO.
Captura de Tela 2019-03-27 às 23.35.29
Aqui tem onde encontrar em Curitiba – no RJ, vende na loja da Augustana.
A eu não conheci lá, mas enviaram pra mim uma bolsa desenvolvida para o desfile do estilista Ronaldo Fraga, em forma de peixe, com alça de anzol. Eu MORRI hahahaha, muito maravilhosa! As peças, aliás, são vendidas online – não pesquisei a fundo para ver se eles têm pontos de venda na cidade.
A bolsa possui recortes em couro e o fecho é pelo anzol – também veio um cinto e dá pra colocá-la pendurada, como uma pochete. Os acessórios são feitos artesanalmente, em couro e madeira, com um perfume oriental. Todos os detalhes são bem pensados, desde o guia para conservação da peça até a identidade visual. Fiquei muito feliz em observar que as marcas ainda querem investir no lúdico em seus processos criativos.
curitiba-marcas-ye
Que lindeza, Curitiba. Obrigada! <3

Podcast Moda Pé no Chão: a mala de viagem minimalista!

E é claaaaaarrrrroooo que a minha experiência com a mala de viagem minimalista não poderia ficar só no texto: saiu mais o ep 17 do podcast Moda pé no chão em que eu compartilho com vocês como foi esse processo, tim tim por tim tim!
Eu era dessas que jogava o armário todo na mala quando ia viajar. Tinha medo de chegar no destino e não gostar dos looks, de passar frio porque tinha esquecido o casaco, não sabia o que combinar, aí só levava roupa preta…depois de anos carregando peso e me frustrando, fui entendendo que podemos ter looks incríveis e confortáveis com poucas peças!
Nesse ep eu conto como foi a experiência de viajar para Portugal no inverno com uma mala de mão minimalista, sem despachar nada! Passei 10 dias com 13 peças de roupa e dividi algumas dicas de como se livrar do peso extra nas viagens: planejamento, paleta de cores, estampas e acessórios, coordenação de looks, repetição e muito mais. Não tem fórmula mágica, nem dicas infalíveis, mas certamente algumas lições sobre desapegar e ser feliz. 🙂
mala-viagem-portugal-ana-soares-7

Podcasts são conteúdos em áudio, transmitidos pela internet através de apps. Aqui no Brasil ainda estamos nos iniciando nessa forma de comunicar conteúdo, que têm várias categorias, de humor a notícias. O meu é um dos poucos sobre moda, já que é uma mídia mais difícil de passar um tipo de informação que se apoia muito em imagens.
Dá pra ouvir na academia, enquanto amamenta, lava a louça, a caminho do trabalho, durante uma viagem. Pausar, ouvir mais tarde, re-ouvir algum trecho. 🙂
Moda pé no chão traz periodicamente temas práticos para quem quer ser feliz com o que tem sem gastar muito, com convidados para discutirmos assuntos pertinentes sobre consumo consciente para todos os tamanhos, bolsos e idades. Para quem quer vestir-se de si mesma sem complicação, com ideias simples, dicas certeiras, críticas e opiniões sempre muito sinceras.
O episódio já está disponível nos aplicativos de podcast pra IOS e Android, como Spotify, Soundcloud, Apple Itunes, Castbox, Overcast, We Cast e muito mais.
Aqui já tem o link direto para ouvir todos os episódios e baixar!

Enquanto me arrumo, ele sai de chinelo.

O cara tá lá esculhambado e a mulher linda, toda arrumada. Ele de camisa de time e chinelo, enquanto ela está com vestido de seda e maquiada. Tsc.
Reclamações creditadas às mulheres, seguidas de estereótipos que reforçam o quanto nos é cobrado cuidarmos da aparência dos parceiros. Eu já fui dessas, que não me conformava e ia passar correndo a camisa amarrotada do marido (sob protestos dele) ou pedindo para, ao menos, botar uma calça no lugar da bermuda. “O que custa andar arrumado ao meu lado, poxa. A camisa dele está amassada, o que vão pensar? Que eu não me importo?” Machismo latente.

ana-igor
Fotos: Renata Junot

ana-igor-2
Quando eu conheci Igor, eu escrevi: “não meço a régua dos outros pela minha; você é um indivíduo, né?”. Não é o tipo de resposta que se espera de alguém de moda, confesso, e ele sentiu alívio. E foi assim que eu me libertei: eu sou eu, ele é ele. Parece besta isso, mas o que eu quero dizer é que ele não é um acessório do meu look. Ele se arruma mais quando quer e eu tenho meus momentos relax, em que saio de short e camiseta.
Entendo a frustração de acharmos que eles não estão nem aí para nossos “esforços”, mas repara que isso é se vestir pro outro, para aplacar expectativas alheias, se importar com opiniões que nem sempre são verdadeiras, entrar num modelo de sociedade que vende o casal como um ser único e NÃO, estamos juntos mas ele quem sabe da vida dele e eu sei da minha e respeitamos as nossas individualidades. Apenas compartilhamos nossas vidas e nos apoiamos.
Eu não tenho que me vestir pra ele ou exigir dele porque estou arrumada; se eu me vesti mais elaborada foi porque EU quis e isso não diz respeito a ele. Ele não está desdenhando de mim se preferir vestir uma camiseta e tudo pode ser conversado. Respeito, carinho e afeto não são mais latentes em looks perfeitos. Eu prefiro muito mais ver as pessoas felizes, como elas querem ser, genuinamente – salvo as devidas proporções de ocasiões, claro e tudo pode e deve ser conversado, se te chateia pra valer.
(E uma observação necessária sobre esse tópico: quando falamos de homens brancos, em relação a pessoas negras, é notório perceber que é um privilégio sair mais desarrumado sem ter a preocupação de sofrer preconceito e violência por conta do racismo estrutural da nossa sociedade. E esse assunto também rende para casais homoafetivos)
Eu sei que é polêmico o assunto, que cada um sabe de si, mas não vou adicionar à conta feminina mais essa. Projetar no outro minhas expectativas não contribui no amadurecimento mútuo e nem me exime de mais uma carga mental. E eu prefiro leveza mil vezes mais do que alguém impecável.

texto originalmente publicado no meu instagram – quem quiser clica pra acompanhar a repercussão que rendeu por lá!

Desafio: looks com roupas afetivas

As peças com memória afetiva, essas sempre nos pegam pelo braço. Eu estava arrumando minhas coisas quando avistei essa blusa vermelha de micro bolinhas brancas, que eu tenho desde os 16 anos e está intacta!!
Ela não tem nada demais, mas não sei porque não me desfaço – fora que tem uns bons 10 anos, no mínimo, que não a uso. Não sou de guardar roupa sem uso, mas ela me faz lembrar da época da faculdade, hahaha! Lembro exatamente de alguns looks que montei com ela, inclusive um com jardineira jeans e mochila verde de plástico, eu me sentia a mais descolada da faculdade de design com esse visual.
blusa-vermelha-antiga-ana-soares IMG_0850
De qualquer maneira, decidi me desafiar a usá-la (como é de elastano ainda serve, mas fica bem mais justa, hahaha) e montar uns looks para ver se fico e uso ou desapego logo. Incrível pensar que sempre foi uma cor que gostei demais e bem ou mal ser uma peça que desafia os anos e se prova atemporal e confortável. Acho desperdício que fique parada, mesmo sabendo que hoje ela está bem mais justinha e eu prefiro blusas mais soltinhas.
Vou montar alguns looks com ela para postar aqui e pensei nos seguintes temas:

  1. Look com outras peças antigas (esse será mesmo um desafio, porque engordei e nem tudo está servindo)
  2. Look monocromático (tenho uma saia vinho e uma calça vermelha!)
  3. Look de trabalho (pensei num blazer ou jaqueta e calça alfaiataria)
  4. Look para passear (maior desafio, pasmem! Mas acho que vou de pantalona jeans e tênis)

Quem tem umas peças vintage aí e topa ir nesse desafio também? Vai ser divertido! Alguém quer sugerir alguns looks com ela?

Homens que acompanham as mulheres em lojas: medo ou apoio?

Mulheres que se sentem intimidadas/constrangidas ao levarem seus maridos/noivos/namorados nas lojas: venham aqui, vamos bater um papo.
Estava eu certa vez no aeroporto, fazendo hora numa loja de maquiagem, quando uma moça me reconheceu e veio falar comigo, toda feliz. Ela vira pro companheiro e pede permissão “Olha, eu amo o trabalho dessa blogueira, vou falar rapidinho, tá, é que ela é diferente, ela não é fútil”. Fiz questão de avançar e cumprimentar o moço “Certeza que ela pode falar com quem quiser, né? Até porque, não é você quem determina o que é fútil ou não”. O cara ficou pálido com minha fala hahahah, mas infelizmente senti o olhar tenso dela pra não contrariar ele. Num canto, confidenciou pra mim “Ele acha que todas as mulheres que sigo são fúteis. Quando está comigo, não consigo parar um minuto sequer pra entrar e ver uma loja”.

Aval de homem pra entrar na loja que você quer, pra comprar a roupa que você deseja, pra experimentar a loja inteira porque você gosta desse processo – você não precisa disso. Ouvir piadinha idiota sobre sua aparência vestindo algo no provador, ver cara emburrada porque “você está demorando muito, mulher é fogo”, ficar com medo de aborrecer o cara – você não tem que passar por isso. É abusivo.
Sei que tem buraco mais fundo aí pra muita mulher por uma série de questões que bravamente estamos tentando mudar, como, por ex, muitas mulheres ainda serem dependentes financeiramente de seus companheiros e eles usarem isso de alguma maneira como forma de controle. Sim, eu sei que não é simples. Mas eu preciso alertar que não é normal agirem assim conosco. Não devemos naturalizar a forma como somos tratadas num momento em que enfrentamos nossos fantasmas para a autoaceitação, que podemos nos sentir lindas, de compreendermos mais nosso estilo e ideias, de buscarmos algo pra gente, porque simplesmente temos esse direito. Não é fútil e não é coisa de mulherzinha. Ele não tem que controlar seus impulsos, mas conversar e ajudar. Você não tem que ter medo de mostrar suas compras pro seu companheiro e, se for o caso, conversar e pedir ajuda a ele sobre o que está te levando a consumir demais.
O cara tem que falar que você tá uma deusa naquela roupa e nada menos do que isso; tem que te apoiar se você se sentir frustrada ao sair da loja; tem que ser companheiro ao observar seus looks e ajudar, porque roupa não é coisa de mulher. Sorrir e te esperar com todo carinho do mundo, ou então compreender que é um momento SEU, te deixar tranquila com isso e dar um rolé por aí se ele não estiver afim – e tudo bem quanto a isso, ele realmente não precisa gostar de toda a sua programação. Seria muito bom também ver mais mulheres seguras em irem sozinhas às lojas.
Não é sobre obrigar ninguém a fazer algo que não queira, nem achar que os caras tem que elogiar e tem que aceitar fazer algo contrariados. Mas estamos falando de companheirismo e de como a sociedade ainda coloca como se homens fossem mais práticos que mulheres, por isso a impaciência. Não, isso não tem relação, não é algo nosso só porque somos mulheres.
Vamos rever isso. Vamos lá. 🙌🏻


(texto originalmente postado no meu instagram e que repercutiu muito, com alguns acréscimos em cima das conversas)

Guia de brechós em Portugal

Como prometi, listei alguns dos brechós/vintage que visitei em Portugal. Eu só tinha um no roteiro e alguns no Porto, mas andando pelas ruas você esbarra por vários nos trajetos, é impressionante como se encontra muitas lojas vintage em Lisboa e Porto.
Mas nem tudo são flores: não são exatamente baratinhos. Os preços regulam na faixa dos 30, 40 euros, algumas peças de seda tipo quimonos custavam 90 euros. Caro, porque não conseguia olhar sem converter, hahaha! Por conta da mala de mão e desse fator, eu trouxe uma parka de seda e um vestido de tricô, que dei sorte de encontrar num vintage que estava na onda dos saldos e liquidando várias peças pela metade do preço: ele saiu a 11 euros e eu usei ambos durante a viagem mesmo!
Mas vale muito garimpar, a variedade e curadoria é muito boa, dificilmente vi peças muito avariadas expostas. Muitos, mas muitos casacos, jaquetas grandonas esportivas (que parece que estão na moda), roupas em seda e cashemere, muita jaqueta de couro. Eu trouxe também o óculos espelhado que usei nos looks (10 euros) e uma touca de tricô azul!
Garimpando, dá pra encontrar muita peça de grife e também algumas belezuras antiguinhas em bom estado. Igor deu mais sorte do que eu e conseguiu descolar muita coisa boa e barata, a 4 euros! Aí embaixo tem a dica também e é um projeto social incrível do país. Aliás, praticamente todos os que fomos tinham um vasto acervo para roupas de ambos os gêneros. E, vão por mim: separem um tempinho para eles.
Ah, e todas abrem também aos sábados até à noite!

LISBOA

Estes são os que visitei na capital lusitana. Eu fui em mais alguns, mas confesso que alguns poucos eu esqueci de anotar o endereço, bem naquela de turistando, entrar e sair para correr pra outro ponto turístico…dei mole. 🙁 De qualquer maneira, tem este link do Google com mais uma lista para quem quiser saber mais e desbravar outros espaços!

A Outra Face da Lua

 R. Assunção 22, 1100-044 Lisboa, Portugal
O mais famoso, com um dos maiores acervos e o mais descolado também de Lisboa! A decoração é incrível, a trilha sonora, maravilhosa (aliás, justiça seja feita: em todos a playlist era incrível!), com muitas peças vintage, kimonos de seda, casacos, paetês bordados, camisas esportivas, uma variedade infinita de itens. O atendimento foi muito bom, com vendedoras atenciosas e simpáticas, depois até batemos um papo com os donos. Nesse que comprei a parka de seda, paguei 40 euros.
brechos-portugal-ana-soares

Ás de Espadas

Calçada do Carmo 42, 1200-091 Lisboa, Portugal
Foi nesse que eu comprei o vestido de tricô verde! Com uma pegada mais vintage, estava todo em saldos quando fomos. É bem mais vintage, com garimpos antigos, variedade enorme e tudo bem setorizado, só um pouco mais amontoado e com iluminação meio obscura, hahah.
brechos-portugal-ana-soares-3

Retro City Lisboa | Vintage Shop

R. Maria Andrade 43, 1170-215 Lisboa, Portugal
Passamos por esse, mas não lembro muito bem do acervo. De qualquer maneira, eu achei o nível dos brechós lisboetas MUITO bom, então acredito que valha a pena incluir na lista e conhecer com seus próprios olhos.
18425421_1859295047643554_2924864567252199926_n

Joker Man Vintage Store

Calçada do Carmo 59, 1200-092 Lisboa, Portugal
O Joker é o tal brechó de roupas masculinas. Super bem arrumado, com peças higienizadas e separadas cuidadosamente, tem desde jaquetas militares do início do século passado a peças esportivas. A variedade impressiona, com peças vintage a atuais e a loja é grande, com decoração contemporânea e bem iluminada.
brechos-portugal-ana-soares-5

Humana

Com mais de 10 lojas espalhadas em Lisboa e no Porto (veja os endereços aqui), a Humana tem um projeto social muito conhecido e, quando fomos, estavam nos saldos e Igor comprou muita coisa a 4 euros cada. A variedade é grande, tem de tudo para todos os gostos e estilos, mas as lojas são mais simples, dispoem de provador e também é preciso garimpar com mais afinco, e apesar da setorização das peças, não é exatamente super organizado. As roupas são provenientes de contêiners espalhados pela cidade e são doações voluntárias da população.
misc160
“A Humana é uma associação sem fins lucrativos que, desde 1998, trabalha a favor da proteção do meio ambiente através da reutilização têxtil e realiza tanto programas de cooperação para o desenvolvimento em Moçambique e na Guiné-Bissau como de apoio local em Portugal. O objetivo é dar uma segunda vida à roupa e favorecer o modelo de economia circular. Através da reutilização transformamos um resíduo num recurso. A Humana promove a reutilização da roupa usada através das lojas de moda secondhand.”
humsns

Porto

No Porto não foi muito diferente de Lisboa: ótimos brechós para visitar e todos eram muito legais. 🙂 Só atentem que muitas lojas fecham pro almoço e costumam retornar às 14h.

Mon pere Vintage

Rua da Conceição 80, Porto/Portugal.
Sabe esse estilo de se vestir dos anos 80 de um jeito mais atual? Pois esse brechó te dará todas as ferramentas para. Tem jaquetas, casacos corta vento, peças vintage, calças de cintura alta, casacões e até macacões operários (!). A loja é enorme e incrível, com uma decoração maravilhosa!
brechos-portugal-ana-soares-porto-2

Ornitorrinco

Rua da Assunção, 7, Porto/Portugal
Ao ladinho da torre dos Clérigos, a especialidade é roupa dos anos 80, com preços bons e uma curadoria bacana, com uma boa seleção masculina.
brechos-portugal-ana-soares-porto

Mão Esquerda Vintage

Rua da Alegria, nº5, 4000-041 Porto, Portugal
Foi um dos acervos que eu mais gostei no Porto, com roupas mais descoladas e até vintage asiáticos, com uma decoração mais contemporânea.
brechos-portugal-ana-soares-6
brechos-portugal-ana-soares-porto-3
Eu ADORO visitar brechós durante as viagens por me inspirarem no meu trabalho e também por serem opções mais criativas e para quem quer  roupas realmente interessantes e de boa qualidade, o que não vejo tanto nas fast fashions famosas das zoropa!