A chegada da Forever 21 no país dos preços altos

O burburinho dos últimos dias tem nome: Forever 21. A chegada da rede de fast fashion americana em terra brasilis despertou o furor de muitas consumidoras, ávidas por comprinhas finalmente a preços baixos e as sacolinhas amarelas icônicas vão saracutear muito por aí, rs. Calma, não é só mais um post falando sobre o assunto: resolvi matutar e levantar algumas questões.

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Há tempos temos falado aqui no blog sobre pensar bem antes de comprar, sobre a banalização dos 100 reais e da eterna justificativa das marcas para o aumento dos preços: os altos impostos no Brasil. E do outro lado da corda, o consumidor brasileiro, castigado, mas também com algum dinheiro na mão, querendo novidades e até se propondo a pagar mais do que gostaria por elas. E dá-lhe parcelamento, cartões das lojas que “facilitam” sua vida em 10 longos meses, cheque pré, carnê: eita maravilhosa invenção brasileira que possibilitou equipar finalmente quem não tinha poder de consumo.

Voltando ao assunto, todas as vezes que compartilhei uma informação, uma vírgula que seja sobre a chegada da rede, a coisa repercutiu e foi reverberada de uma maneira nunca antes vista por essa blogueira aqui. Não só por termos finalmente mais uma opção de fast fashion aqui, mas pela promessa de preços realmente baixos, como os praticados pela marca lá fora.

Por abrir inicialmente em shoppings de luxo, duvidamos veementemente do quesito preço. Na minha teoria, a abertura nesses locais se deve ao nicho que querem atingir inicialmente, de pessoas que viajam e conhecem a marca (será isso excludente e seletivo de alguma maneira?). Lendo a entrevista da diretora de marketing da marca à Exame, a Forever demorou para chegar aqui, mesmo sendo um dos grandes desejos deles pelos hábitos de consumo das brasileiras e pelo mercado da América Latina estar em expansão, porque eles queriam ter a certeza de manter seus preços baixos.

E conseguiram: blusas básicas a 8 reais, calças a 60 reais, saias na mesma faixa de preço, vestido de veludo a R$45, quimono florido a R$58 e por aí vai.

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prints que tirei da matéria na Vogue – clique para ampliar e ver os preços nas legendas!

A Forever 21 virou nosso novo oásis, um alento em meio a tantas marcas e lojas de departamento brasileiras, que a cada coleção aumentam os preços de uma forma injustificável. E certamente vão faturar muito com essa estratégia: o adeus do varejo nacional começa com a promessa da rede em abrir mais lojas pelo país até o final do ano, além de um e-commerce. Será que isso representará algum impacto nas vendas e nos consumidores fiéis de algumas marcas?

Não conheço a loja, mas pelo que já me falaram eles produzem novidades com a velocidade da luz, praticam preços excelentes, o que é perfeito para quem quer o item da moda sem gastar muito por isso, mesmo a qualidade também sendo fast – claro que não vamos esperar peças que durem uma vida inteira, mas eu me pergunto se a qualidade das lojas aqui já não anda assim também.

Tenho achado tudo tão aquém dos preços cobrados nas etiquetas quando vou ao shopping, que já considerei a hipótese de estar muito chata. Como assim vou pagar quase 300 reais numa peça feita de poliéster, sem nenhum detalhe no acabamento? Ah, a indústria precisa de fomento, os impostos, os encargos…ok. Mas aí viro do avesso e leio na etiqueta: Feito na China. E aí?

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Li em todos os sites que estão falando da Forever alguém indagando justamente isso: que esses preços baixos são praticados à custa de muito trabalho escravo. Na mesma hora fiz uma pesquisa e não achei uma linha associando escravidão e Forever. Certamente as condições de trabalho na China são quase isso, longe de serem algo aceitável, mas me pergunto das lojas que receberam denúncia recentemente por escravizarem bolivianos no nosso país e ainda cobrando fortunas por uma roupa. Alô Le lis Blanc, Bo bô, M. Officer. Seja Forever ou Le Lis, vale a pena comprar algo em detrimento de condições de outras pessoas e do meio ambiente?

Fico realmente preocupada com os caminhos que a nossa indústria tem tomado e torço de verdade por uma manobra, uma reavaliação das estratégias, a renovação e valoração da nossa mão de obra. Atualmente tenho me controlado e tentado mesmo valorizar e privilegiar marcas que mantém a sua produção nacional. Não é fácil, mas estou num processo e espero em breve ser cada vez mais exigente com isso, comprando melhor e menos.

Às leitoras do blog: comemorem essa maravilhosa alternativa, mas não se transformem em consumidoras vorazes de tudo que é oferecido. Continuem reavaliando suas compras, repensando gastos e o que, a partir dessa grande novidade, fará a diferença no seu vestir. São apenas roupas e nosso dinheiro continua sendo suado da mesma forma. 🙂

E Forever 21: bem-vinda para sacudir os ânimos.

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