A mudança que só está começando

Como vocês sabem, semana passada estive em Salvador como convidada do movimento Fashion Revolution da capital baiana. Comentei com alguns colegas dessa ocasião e perguntaram que Fashion Week era essa que eu ia.
– Não é semana de moda, não, é uma semana de questionamentos para percebermos mais quem faz nossas roupas e de que forma são produzidas – respondi.
– Ah.
A Mari, colaboradora do blog, escreveu bem sobre o Fashion Revolution: é um movimento que é um respiro para espalhar a percepção do custo real de uma moda consciente e inclusiva, além dos reflexos que um processo de produção respeitoso causa na nossa sociedade.
Não tem glamour, nem patrocínio grandioso, ações de revistas ou bateção de cabelo pra lá e pra cá. Provocar e cutucar toda uma indústria não gera visualizações nem likes, pelo contrário: pode ser amedrontador. Pode inclusive te colocar de escanteio, dependendo das suas aspirações.
Mas acontece algo aqui, aqui dentro mesmo, que me faz ter mais e mais orgulho de ter sido parte integrante do evento. Não sou a blogueira mais ativista da rede, ainda tenho que melhorar um bocado e admito que não é tão simples, mas sempre é possível.

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Adriana, da Agama, Marina do Modefica, Thais do 2° Andar – Roupa Re-feita, Ana do JustaModa e Mari do Roupa Livre: gratidão

Não estamos falando que ninguém mais pode comprar, mas só trazendo mais consciência, entregando mais poder de escolha a quem consome – e, junto a isso, muitas e muitas alternativas que mostram que esse caminho pode ser prazeroso e recompensador.
Dá vontade de sair comprando um monte de novidade por aí? Ô, dá sim. De ignorar os comentários que apresentam argumentos arbitrários? Sim, sim. Mas de tanto tentar olhar mais por outro viés, de conhecer mais quem está nos bastidores do trabalho de formiguinha, mais eu me convenço que é possível não seguir exatamente o formato que pregam, e como é transformadora e genuína essa vontade de mudança.
Amar o que se tem. Entender que não precisamos ter tudo. Só isso já mudou minha relação com roupas e moda.
Precisamos enaltecer mais as relações humanas, de quem está por trás dos tecidos, linhas e moldes. Essas pessoas existem para nos servir ou para formar uma rede de boas práticas? Renata Abranchs já cantou a pedra, menos tendência, mais essência.
Existe o papel transformador do lado de cá da internet, mas também existe o papel de quem está acompanhando tudo isso, dando views e likes. Qual o papel de blogueiras, influenciadores, revistas, sites de moda e leitoras/seguidoras quando se fala em uma moda mais justa? Como podemos mostrar que nossa postura é outra, que não caberá mais apenas os achadinhos e o tem que ter, mas o quem fez e como foi feito?
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Galera que compareceu no bate papo comigo e com André Campos, da ONG repórter Brasil, Zé da Euzaria e Marina do Modefica

Foi todo um processo para migrar simplesmente de divulgar uma moda baratinha para uma que questiona, que se propõe a repensar a forma que se consome e acreditando que possa ser mais inclusiva, para todos, sem precisar necessariamente seguir o fluxo. Nem tudo que reluziu nesse caminho se revelou ouro, nem todas as decisões tomadas foram as melhores, mas esse blog vai seguindo firme e com seu propósito cada vez mais fortalecido. Esse é o meu propósito.
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No bate papo de sábado <3

Abaixo compartilho com vocês algumas das marcas baianas de slow fashion que a galera mandou para eu divulgar, além de outras que estiveram no evento, para vocês conhecerem:

Com amor, Dora – marca de roupas e acessórios feitos à mão, de forma genuinamente artesanal, com o intuito de espalhar amor à mulheres brasileiras.
Euzaria – marca baiana de t-shirts com a intenção de resgatar o pertencimento e o valor do ser além do ter
Ju Fonseca D – acessórios cuja principal matéria-prima é o cordão de algodão cru, que combina com linha de crochê, pedras e metais
Gefferson Vila Nova – estilista baiano que participou da Casa dos Criadores e também oferece cursos de capacitação para desenvolvimento de coleção a estudantes e profissionais de moda

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Gefferson Vila Nova

Agama – marca de SP que também participou do evento, produz bolsas veganas a partir do reuso de tecidos de amostra da indústria
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No evento com minha bolsa Agama 🙂

2º Andar – Roupa Refeita – projeto da carioca Thais Faria, que contempla ensino e informação sobre upcycling e reuso, mostrando como transformar roupas que seriam descartadas em peças com vida nova.
Criazonupcycling de reaproveitamento de peças jeans que seriam descartadas, que procura fortalecer junto ao seu cliente a ideia de um consumo consciente, incentivando-o a comprar com informação, interligando–se com a cadeia produtiva para saber de onde vem o produto.
Daisies Atelie – desenvolvimento de peças e atuação em todas as etapas como modelagem, criação, desenho, e costura, desenvolvendo estampas exclusivas em edição limitada.

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Daisies Atelie

Se estiver faltando alguma que indicaram, podem comentar que eu vou acrescentando ao post! Obrigada <3

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