As roupas que não usamos mais

Não tem jeito, por mais que eu procure ter cuidado com minhas roupas e esteja sem entrar em lojas há tempos – só a trabalho –, sempre rola um resquício de roupas sem uso, que sofreram algum desgaste natural com o tempo, mancharam e por aí vai.
O que mais acontece é nos vermos sem solução quanto a essas peças: eu devo doar? Se sim, pra onde? E o que fazer com aquelas que não estão em condições de serem doadas (com rasgos, furos, puídas)?
Eu tinha algumas dessas separadas aqui, meio sem saber para onde destiná-las. No episódio #2 do meu podcast Moda Pé no Chão, sobre fibras têxteis, falamos dessa questão, principalmente com roupas feitas de fibras sintéticas, derivadas de petróleo, que não devem ser descartadas no lixo por serem plástico, o que leva centenas de anos para se decompor. Aqui no Brasil também não temos uma política de reciclagem têxtil, já que a separação das fibras é quase inviável para reaproveita-las com alguma qualidade mínima.

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As roupas sem uso e sem destino que eu tinha aqui

O que tenho encontrado de solução é reaproveita-las como pano de chão para que ainda sejam úteis, mas nem todas funcionam para isso. Aí lembram que mostrei aqui sobre o projeto de reciclagem têxtil da C&A, o Movimento ReCiclo? Fui testar essa ideia numa das 31 lojas que captam as peças, distribuídas por 18 cidades – para minha alegria tinha uma aqui no bairro, na Tijuca, Rio de Janeiro.
A caixa ficava próxima aos caixas, só levar a sacola com as roupas e depositar ali. A C&A tem dois parceiros nesse projeto,  caixas de coleta recebem espontaneamente roupas descartadas, sofrendo posteriormente uma triagem e separação por peças em bom estado para doação e as impossibilitadas de reuso, para serem depois encaminhadas para os projetos Retalhar, em São Paulo, capital, e o Centro Social Carisma, com sede em Osasco (SP).
Conversei com o pessoal da loja e eles disseram que a demanda estava boa, que a cada duas semanas retiram a caixa cheia de doações e quem muita gente chega na loja perguntando pela iniciativa. Ainda acreditam que o fluxo poderia ser maior, mas estão confiantes nessa crescente.
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A caixa da loja de rua que eu fui

Recapitulando

No seu site de programas de sustentabilidade eles disponibilizam um pdf com os pontos de coleta em diversas cidades pra doar roupas, toalhas e roupas de cama que você não usa mais.

Peças que serão aceitas no programa:

  • Roupas em bom estado e higienizadas, sendo elas: blusas, camisas, camisetas, casacos, coletes, jaquetas, calças, shorts, bermudas, saias, meias, bonés, cachecol, canga, sunga, biquíni, maiô, lenços.
  • Acessórios de cama e mesa como lençol, fronha, edredom, cobertores, colchas, toalha de mesa, roupas de lã e crochê.
  • Roupas rasgadas e retalhos também são bem vindas

 

Entre os que não aceitarão estão acessórios, peças de origem animal e lingerie.

As roupas não serão de propriedade da empresa, que fará o encaminhamento devido a dois tipos de instituição:

  • Associação Cristã de Osasco – instituição social que atua em benefício de comunidades carentes
  • RETALHAR Soluções e Gestão de Resíduos Têxteis – empresa recicladora têxtil que irá desfibrar e encaminhar o material para reaproveitamento na indústria.

Outra inciativa que viralizou nas redes sociais e eu achei incrível de maravilhosa foi a do Shopping Grande Rio, na Baixada Fluminense, que disponibilizou uma loja vazia – o projeto se chama, aliás, Loja Vazia – com araras e manequins sem roupas e os dizeres na vitrine “Do PP ao GG, qualquer tamanho e ajuda é importante!”. A ideia é receber doações de roupas dos usuários do Shopping, todas limpas e em bom estado, para serem direcionadas à Cruz Vermelha de São João de Meriti/RJ.
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Aqui o link da página do Shopping no facebook com a foto da loja.

Mas e lingerie, Ana?

Sempre me perguntam o que fazer com lingerie velhinha e usada – eu mesma já questionei uma empresa grande durante um evento e, obviamente, não souberam responder.
No nosso próximo podcast, sobre Reuso e consumo consciente, vamos abordar justamente esse tema, mas já adianto que enfiam nas nossas cabeças que roupas de baixo são sujas, que secreção vaginal é nojenta, essas coisas que sempre relacionam ao feminino de forma pejorativa. A ideia é reutilizá-las também, seja como enchimento de algo, seja lavando e colocando para degradar as de algodão em quem tem composteira em casa.

Em tempo: o Moda Sem Crise fez uma matéria super completa e excelente com o assunto, vale a leitura!

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