Minha transição para o grisalho

Tenho fios brancos – muitos – desde meus 23 anos, herança da minha mãe, grisalha desde os 18. Eu lembro do choque inicial, dentro de um provador de loja, ao me deparar no espelho com aqueles reflexos prateados. Naquela época eu tingia meus cabelos de vermelho, mais por diversão. Mas ali, depois da constatação, estava sacramentado: eu passaria a vida tingindo por obrigação.
E aí gastar tempo e dinheiro em salão foi ficando inviável, comecei então a comprar caixinha de tintura e passar em casa mesmo. Ficava uma bela bosta, kkkkkk, meu sonho era que alguma empresa me mandasse as tinturinhas de graça.
Depois voltei a pintar em salão, mas eu me sentia na tortura ao ficar algumas horas com a cabeça coçando, a ardência da amônia, além do tempo que eu poderia estar fazendo qualquer coisa que não ali.
Em 2016/2017 fiz minha especialização em visagismo e minha colorista amada, Carla Motta, fez uma parceria comigo. Foi ficando legal colorir de um jeito profissa os cabelos, primeiro com as mechas azuis, depois num trabalho de luz e sombra que trazia profundidade a cor e corte.
Estava feliz, até perceber que os grisalhos aumentavam. E eu senti vontade de me descobrir. Nesse desejo de aprofundar meu autoconhecimento, aqui estou eu, na transição para o grisalho:
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Eu estou me sentindo mais linda do que nunca.
Estava morrendo de medo de ficar esquisito. Daí pensei que se não ficasse bom, era só colorir, oras, hahaha!
Conversei com Carlinha, que atende no Fil, em Ipanema (e estou com ela desde os tempos de salões tijucanos), e ela topou me ajudar na busca pelo grisalho estiloso. Teria que ser gradual, pois descolorir aquela tinta escura seria um problema para a saúde dos meus fios. Concluímos que era melhor esperar crescer para a tinta sair toda – calculamos uns 3 meses.
Como eu faço a manutenção do corte mensalmente, topei na hora. Conversei com o Sergio Vianna, que atende no mesmo salão, e ele disse que estava na hora de mudar de corte. Também achei. Dei sinal verde para ele deixar meu curto curtíssimo.
O corte ajudou muito nesse início, pois ficou arrojado e muito moderno, parece até que pintei esse cinza!

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Make pelo meu amigo Danilo de Almeida

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Cabelo grisalho não é sinônimo de envelhecimento, nem de desleixo – tanto é que meu visual rejuvenesceu. Não é que eu cansei de colorir os cabelos, mas não tinha mais sentido driblar o que é natural – fora o ganho de tempo e dinheiro.
Dá pra brincar ainda com nuances de cinzas trabalhados em salão, dá pra fazer tanta coisa! E não é sobre considerar que só cabelos naturais são sinônimo de liberdade, pelo contrário: a liberdade deveria ser poder fazer suas escolhas sem julgamento. Apenas isso.
Numa sociedade que lucra nos colocando pra baixo, enfiando imperfeições onde não existem, sendo preconceituosa, nos adoecendo e matando, eu busco cada vez mais saber quem eu sou. Como sou. Por mim. Pelas mulheres que me acompanham aqui.
Muito empolgada com a mudança de tons nos próximos meses! 😀

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