Nunca deixe alguém dizer o que você pode ou não vestir

Entra estação, sai estação, tem sempre algum site ou revista falando sobre tendências e quem pode ou não vesti-las. Ironicamente, as tendências quase nunca são feitas para o corpo gordo e sempre rolam aquelas dicas para adaptar melhor as peças em corpos diferentes. Geralmente essas instruções vem cheia de truques para disfarçar o o que é considerado “imperfeição”: ser gorda, ser magra demais, ser baixinha, ser muito alta, ter quadril largo, etc.
mari-vestir-liberdade
Quando eu tinha 13 anos, vestia sutiã 50. O meu armário era repleto de camisetas daquelas bem largonas, algumas compradas na seção masculina, porque eram as únicas coisas que eu usava. Usar uniforme na escola era um sofrimento, porque, em algum momento naquela fase horrorosa, alguém disse que blusa coladinha chamaria atenção demais. E vocês sabem, adolescente leva opinião alheia à ferro e fogo. Passei cerca de 3 anos sem ir à praia, pois só um biquíni bem feio me servia e eu tinha que lidar com os olhares de curiosidade e pena das pessoas.
As coisas passaram a “melhorar” depois que eu fiz mamoplastia, e mais velha, depois de engordar bastante, voltei a receber olhares de reprovação. Mas dessa vez não me pegaram. Nos meus looks tem muito shortinho, muito vestido curto, saia longa… nosso corpo é como um templo sagrado, e é importante nos amarmos ao invés de viver tentando disfarçar o que somos.
Uma mulher gorda não tem que morrer de calor usando legging no verão só porque dizem por aí que celulites e estrias devem ser escondidas. Ou usar maiô na praia e ficar triste com a faixa branca que fica na barriga. Uma mulher alta não tem que usar sapatos sem salto para “não intimidar”, e uma baixinha pode sim usar calça pantalona. Nunca deixe alguém dizer o que você pode ou não vestir. Isso deveria ser uma prioridade das marcas também, que muitas vezes se preocupam em produzir peças em tamanhos super limitados. Fabricar tamanhos petit ou plus ainda é considerado impensável para muitas marcas, infelizmente.
hoje-vou-assim-off-liberdade-vestir
É curioso o fato dessa cagação de regra ser direcionada quase que exclusivamente para mulheres. Particularmente vejo isso como mais uma das formas de tomar conta do corpo feminino e ditar o que é permitido ou não. Principalmente quando associam roupas mais curtas, decotadas e justas à características como vulgar, ou quando associam camiseta, bermuda e tênis à orientação sexual. Moda é expressão da personalidade, e é crucial garantir a liberdade de cada um também nesse aspecto.
Há quem diga que consultoria de de estilo nada mais é que ter uma pessoa dizendo o que você pode ou não usar. Acho esse pensamento super equivocado, na verdade. Uma boa consultora de estilo antes de tudo vai te ouvir, pra conhecer seu estilo de vida e os seus gostos. A partir daí vai te ajudar a otimizar seu armário e comprar itens que combinem entre si, te dar uma direção. No final, quem vai decidir o que usar, é você. Se sentiu confortável e gostou do que viu no espelho? Aposto que está bem vestida, como falei nesse post aqui.
E vocês, já ouviram de alguém que determinado tipo de roupa “não era pra você?”

mari-rodrigues-hoje-vou-assim-offMariana Rodrigues
Carioca, 29 anos, gorda. Tagarela de carteirinha, fã de chá gelado e viciada em bons debates na internet. Apaixonada por moda e televisão, escreve sobre esses e outros assuntos também em seu blog aquelamari.com
Compartilhe nas redes sociais
pinterest: pinterest
tumblr:
google plus: