{pensamento do dia} O que deveria ser ético – mas não é.

Estou escrevendo um postão (hehe) com links de marcas éticas e veganas, mostrando que é possível comprar nelas, sim, só que não ficou pronto ainda porque é uma coleta de dados mais demorada mesmo, mas precisei parar tudo o que eu estava fazendo agora e linkar aqui um post compartilhado na fanpage do Fashion Revolution.

Primeiramente, preciso dizer que não conhecia o blog da Luciana Duarte, o Moda Ética, mas já curti de cara o jeito rasgado, botando as cartas na mesa, da sua escrita. Bravo!

Eu ia apenas repostar na página do blog no facebook, mas achei que merecia trazer a discussão pra cá – sempre fico sem graça de repostar algo dos outros aqui, por isso espero que a discussão possa acontecer tanto aqui quanto no blog da Luciana.

Ela comenta sobre a tentativa da Zara de camuflar seus escândalos envolvendo trabalho escravo, usando em suas etiquetas que as peças são feitas de algodão orgânico, o que seria “eccologicamente correto” mas numa dicotomia que os entrega de cara: ecológica, sim, mas produzida em um país notório…por uso de mão de obra escrava.

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Permitam-me colar alguns trechos sobre o assunto, porque a redação dela vale ser reproduzida e lida (leiam o post completo aqui).

“Dona Zara desavergonhada e se sentindo ecológica, usando algodão orgânico na coleção que está nas araras do Shopping Iguatemi de Fortaleza – CE (e se espalhando igual praga egípcia pelo resto do Brasil). A audácia é tão magnânima, a arrogância é tão majestosa, que a fast-fashion usa algodão orgânico sim, mas produz em Bangladesh, com a famosa mão-de-obra escrava da moda” (post retirado do Moda Ética)

Não há coerência em usar um algodão orgânico, que não prejudica o meio ambiente, e ostentar Bangladesh na etiqueta. Uma tentativa escusa de ludibriar os consumidores, que são instigados a seguir a moda mas ficam naquela mea culpa da origem do que consomem.

Não digo que somos 100% corretos, que não temos nossas fraquezas e muitas vezes ignoramos mesmo alguns assuntos para poder finalmente ter a jaquetinha tendência do momento. Mas o pensamento está mudando, gente: não dá pra fingir que acreditamos em tudo para continuar dando mais dinheiro pros bilionários das fast fashion ficarem cada vez mais ricos enquanto tem gente fazendo coisas realmente legais aqui, do nosso lado.

A Farm acabou de lançar sua coleção de tema O futuro será feito à mão, fez parceria com a Gabriela Mazepa que é o grande nome do reuso e transformação de roupas na atualidade para a realização de um workshop sobre o assunto, mas as etiquetas das roupas ainda indicam origem chinesa – eles fazem a sua parte, mas será que é suficiente?

Sei que devem supervisionar o processo, mas confesso que isso me dá uma dor na consciência mesmo assim: porque lá e não aqui? Vão quebrar se for uma produção nacional ou a proposta é aumentar a margem de lucro?

Enquanto essa coleção defende o respeito à natureza, a Paula, leitora do blog que aprendeu a ler as etiquetas aqui, me mandou a foto em detalhe de uma roupa deles da última coleção em que a composição tinha pelo de angorá. Sim, pelo de uma raça de coelho em que a sua retirada é sempre associada a crueldade (as fotos são fortes na internet, por isso não linkei aqui). A Paula botou a boca no trombone no instagram da marca e devolveu o produto. Como pode pregar o respeito à natureza dessa maneira?

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a etiqueta com a razão social da Farm.

Descatequizar um consumidor viciado em moda fácil ou que só acredita que é possível comprar ali não é tarefa das mais simples – ou alguém acha de boa deixar de usar e admirar a Farm? O caminho é tortuoso para consumir apenas o que é ético de verdade e tem quem queira se alienar mesmo à questão. Mas precisamos e devemos tentar – e eu me incluo aqui – nem sempre vamos acertar em tudo, só que o despertar dessa consciência está cada vez maior. Parece impossível descobrirmos fatos assim, mas comecemos pelo mais basal: virando e lendo as etiquetas.

Finalizo o post com essa foto que também acabei de ver da Mônica, empreendedora criativa à frente dos produtos da Anouk bags:

As pessoas deveriam valorizar mais o trabalho manual, os artesãos e produtos feito a mão. Porque não é mole viver do que se acredita não! Mas vale muito a pena quando sabemos que tudo é feito de forma super correta, sem explorar ninguém e correndo muito atrás pra construir um mundo melhor.”

im-not

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