{pensamento do dia} Você não é mais off

Há um tempo leio alguns comentários de leitoras queridas falando sobre eu estar “menos off”. Fiquei matutando muito sobre o assunto, repensando algumas coisas, revendo ideias. Achei interessante então compartilhar sobre meu pensamento e algumas posturas que adotei em 6 anos de blog (dos 28 aos 35 anos)! Acho que serei repetitiva, me perdoem se for esse o caso! 😉

Eu sempre gostei de ir além do que meu bolso e minha realidade permitiam. Não, não no sentido de sonhar super alto, fazer dívidas e ser besta, haha, mas buscava alternativas para me expressar através das roupas que coubessem na minha mesada de 50 reais por mês. Aos 18 anos eu ganhava 50 reais da vó e conseguia me virar com isso, não é terrível pensar o quanto está tudo um assombro de caro? Ok, isso tem 17 anos, rs, mas mesmo assim ainda fico assustada com o rumo da prosa.

Adolescente, braaaanca que nem cera, super-mega-magra e dentuça, eu queria chamar atenção de alguma forma positiva. Queria que olhassem pra mim e vissem uma pessoa interessante! E quando entrei na faculdade, percebi nas pessoas o estilo que tanto busquei, mas no subúrbio carioca eu não sabia onde. Ipanema e Copacabana surgiram na minha vida e, com suas lojas off, eu pude finalmente ter o estilo que tanto sonhei. 🙂

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“Coisas grandiosas são feitas por uma série de pequenas coisas reunidas

As referências da minha vida sempre foram minha vó e minha mãe, que se viravam com o que tinham e sabiam fazer isso com maestria. Vovó trabalhava fora e costurava as roupas das filhas, que andavam sempre impecáveis. 🙂

Aí com isso na cabeça, euzinha, vestindo blusa e sainha de malha super simples, entrava em lojas de super grifes com um único objetivo: catar araras off. E assim eu pescava peças incríveis do Jum Nakao e Herchcovitch por menos de 50 reais, conseguia muitas coisas na saudosa Yes, Brazil, Cantão, Oh, Boy, Shop 126…claro que eu praticamente nunca escolhia algo que eu desejasse do fundo do coração, era tipo “Bom, é isso que temos. O que, nesse universo, é bacana e serve em mim?”. Naquela época a gente incrivelmente conseguia roupas por 10, 20, no máximo 45 reais, acreditem!

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Comprando biquini Lenny em bazar da marca mais barato que na coleção para a C&A

Complementava os achados na C&A, que sempre esconde mega ofertas (até hoje!) por 9 reais e nas lojinhas de Copacabana, como uma saia preta mais compridinha e com fenda lateral que arrematei por 8 reais. 🙂 Em eventos de moda alternativa, como o Mercado Mundo Mix, eu conseguia peças com defeito por 5 (!!!!!) reais! Poucas vezes algo me deixava super apaixonada a ponto de ligar pra minha vó e pedir licença pra usar o cartão de crédito que ela tinha me dado. Acho que só fiz isso umas 3 vezes. 🙂

Aí me formei, comecei a trabalhar muito na área, fazer freelas de madrugada e nos finais de semana, tudo pra conseguir pagar meus cursos, meu aparelho, plano de saúde, essas coisas. Saí de casa e comprei a maioria dos móveis que tenho até hoje. Durante muito tempo eu carreguei algumas privações que eu tinha na época que meus pais passaram muito aperto e jamais exigi nem um presente de aniversário deles. Foi mágico o dia em que passei no supermercado e vi que eu poderia pagar por uma caixa de bombons mais cara, que era um luxo que eu poderia me permitir!

Parece história triste, rs, mas tenho muito orgulho do quanto aprendi a me virar sozinha, a dar valor às minhas conquistas, correr atrás arregaçando as mangas sem medo e, principalmente, me permitir algumas coisas.

Eu até hoje tenho alguns limites estipulados na minha cabeça. Vestidos não poderiam custar mais de 100 reais. Camisas então? No máximo 70,00. E esses valores eram o meu limite do caro!

Com os frutos colhidos do trabalho eu pude me permitir comprar algumas coisas que eu queria mesmo – e não apenas me contentar com o que estava nas araras de descontos. O limite imaginário aumentou um pouco, mas sempre mantendo o limite do meu saldo e da minha consciência. Imagina, pagar muito caro em roupa? Tenho outros sonhos, rs.

Depois que fiz 30 anos, percebi naturalmente que a blusinha de costura torta de 4 reais já deixava o visual despojado demais para a mulher que ia a reuniões em empresas grandes e precisava vender seu peixe. Não é questão de enriquecer ou querer aparentar algo, mas se adequar ao serviço e ao ambiente. E agora, o que fazer?

Com a experiência diária do blog e lendo outros, fui vendo que eu precisava focar em ter menos e comprar melhor, de forma assertiva. Se eu tinha pouco dinheiro, ele deveria ser investido no certo, não no duvidoso! Antes eu comprava por comprar. Ai, blusinha de 10 reais? Vamos comprar, tá barato! Não, gente. Blusa de malha infelizmente não vai a uma festa ou reunião. 🙁

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Com o tempo fui criando novos critérios. Quem acompanha o blog desde o início, via que eu era moleca demais: usava all star encardido (AHAHAH), sem um pingo de maquiagem e misturas doidas. Aprendi a economizar, sem esse cacoete de comprar mil coisas baratinhas. Criei listas de prioridades (quem aqui lembra do post dos básicos que eu não tinha?), tracei objetivos a curto e a longo prazo, percebi a importância de ter uma base sólida no armário, com peças que são clássicas, para poder mesclar com meus achados mega baratinhos.

Para não gastar com o que não preciso ou já tenho, mais critérios: viro a roupa do avesso, percebo acabamento, olho a etiqueta de composição (pra que 30 blusas de poliéster se não dá pra usar no calor do Rio?). E isso tanto em loja “de marca” que muitas vezes não usa bons tecidos e não dá um bom acabamento às peças, quanto às fast fashions.

“Eu preciso? Vou usar? Combina com o que eu já tenho? Onde foi produzida? Pra que mais um vestido se já tenho vários?” Virei a questionadora, a pessoa que só compra se o olho brilhar, que pensa vinte vezes.

Não fiquei infalível: já me vi passando o cartão em algo que não valia o preço. Já comprei por modinha. Mas tudo é treino, é um exercício pra gente parar, pensar e ser cada vez mais criteriosa. É o nosso dinheiro em jogo, fruto do nosso trabalho suado, seja por 20 ou 300 reais!

Aprendi a fazer a conta do custo x benefício: quantas vezes vou usar essa peça? Ela vestiu bem? Vai fazer diferença nos meus looks? É datada ou atemporal?

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Todo mundo conhece a história dessa jaqueta: desde a lista de investimentos que fariam a diferença, desejada, buscada e arrematada por 85 reais em sites de vendas de segunda mão. 🙂

E aí, através do planejamento, comecei a investir em peças mais bacanas pro meu guarda-roupa. E aprendi também que eu posso me permitir quando for assim: trabalhei tantos finais de semana, hoje quero ter algum luxo, por menor que seja, para me permitir depois de tanto suor e privação. 🙂 Mas sempre mantendo meu limite, porque aqui ninguém enlouqueceu, HAHAHAHA!

E um orgulho danado que tenho é que muitas mensagens que recebo atualmente se referem ao blog como um blog sobre consumo consciente. É isso, gente! O valor, em si, vale e conta, mas não se formar uma pilha de roupa sem uso no armário. É investir mal o dinheiro de qualquer maneira. Assim como marcas não querem dizer nada, absolutamente nada. A gente é mais, muito mais do que uma etiqueta costurada numa roupa!

Não fiquei rica, preciso pensar muito antes de gastar, economizo pra poder viajar e ter algo, mas sou mega feliz assim. E feliz com minha evolução, tanto no guarda-roupa quanto no meu vestir, no meu pensamento e atitudes. Espero cada vez mais melhorar, desapegar mais do que não uso, não ter tanto no guarda-roupa, ser feliz com o que tenho e poder levar essa mensagem sempre aqui no blog. <3

Se eu consegui e consigo diariamente, vocês também conseguem. Tenho absoluta certeza que somos merecedoras do que vier de melhor pras nossas vidas! 🙂

Compartilho nesse espaço diariamente a minha vida, experiência pessoal e quero dizer que aprendi demais com vocês. Espero sempre essa troca pra direcioná-lo também no que vocês gostariam de ver, mas sendo fiel ao que eu acredito e me deixa feliz: eu faço sempre o meu melhor com os recursos que eu tenho! 😀

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