Que fique cada um no seu lugar, ou o pensamento dos medíocres

E mais uma vez sai na mídia outro bafafá envolvendo o fenômeno Forever 21. Já falei sobre a loja aqui nesse post, não fui ainda porque não tive interesse + longe pra caramba daonde eu moro + não querer alimentar consumismo desenfreado + achar muita histeria coletiva pra pouca qualidade, etc. Mas enfim, cada uma aqui faz sua escolha e toma a sua atitude em relação ao que acredita e quer para si.

A questão é quando ainda nos deparamos com uma luta de classes com um shopping como palco de preconceito escancarado e descabido. Aqui no Rio eu percebo a discriminação vinda de muitos lugares e de vários lados, por isso achei importante falarmos disso aqui. Botar o dedo na ferida de cada um de nós.

Não estou super no clima pra escrever hoje no blog, por isso perdoem se minha redação não estiver ok, rs. Vou tentar ser sucinta e deixar a discussão para os comentários.

A Forever abriu no templo do luxo aqui no Rio, o shopping Village Mall, com marcas como Gucci, Burberry, Prada e por aí vai. Até aí, beleza, nunca fui ao shopping porque é longe, não tenho carro e tals. Mas fato é que o Rio de Janeiro é uma cidade segregada – já sofri preconceito no trabalho várias vezes por ser moradora da zona Norte e conheço quem nunca nem frequentou os ótimos shoppings do outro lado do túnel por medo desse lado da cidade.

Se isso já me choca, imagina me deparar com uma matéria sensacionalista explorando o fato do shopping de luxo ter sofrido um ataque de pessoas que não “condizem com o ~~~público que frequenta o Village”? Senhoras e suas filhas, ostentando suas bolsas de grife, pasmas com a nova frequência e muvuca provocada pela vinda da fast fashion, afirmando que acabou o sossego delas. Sim, onde mais poderão comprar suas bolsas Gucci em paz, gente?

Eu até ri. Preconceito permeado por ignorância. O sol nasce pra todos, não brilha diferente pra ninguém que ostenta um logotipo dentro do armário.

Reclamar de um shopping que antes era tranquilo, gostar dessa tranquilidade e falar das enormes filas e da quantidade exagerada de visitantes? Ok. O problema é quando se caracteriza esse grupo de pessoas pela sua classe social ou bairro que moram.

A loja não faz o perfil do shopping mas acredito numa estratégia deles – quem conhecia antes e comprava era justamente o público que podia viajar pra fora do país e consumir o que não existia aqui. Acho super interessante diversificar o mall em um shopping segmentado, ter mais lojas com outros perfis, movimentar um shopping antes vazio, pois sabemos muito bem que não é quem aparenta ter dinheiro quem mais consome e nem quem tem o menor índice de inadimplência.

Mas a loja é popular. Em um shopping ULTRA segmentado. Não justifica nenhum preconceito em nenhuma situação, mas compraram barulho com a abertura da F21, certeza. Mas pensa só como cada vez mais espaços como esses tem recebido fast fashions, como C&A no Iguatemi SP e Riachuelo na Oscar Freire, não faz sentido certas estratégias?

Por motivos óbvios, o shopping em si já inibe a frequência do público que não é seu alvo, mas porque achar normal se estapear numa liquidação das grifes na Times Square e aqui coloca banca publicamente sobre qualquer outro ser humano? Já entrei em lojas da Miu Miu normalmente na Europa, porque eu teria receio de entrar em uma aqui? Não ter poder aquisitivo para consumir nessas lojas me torna uma inábil ou me impede de ter conhecimento e trabalhar com moda?

Compro na feira do bairro como compraria numa loja qualquer – e sigo feliz, ainda bem.

E como a Camila Grobério, leitora do blog, falou na fanpage, resumidamente todo mundo só pensa em consumir. Seja uma cliente Gucci ou uma cliente Forever 21. E brigar por um espaço para consumir é tão triste…

Para revermos nossos valores, definitivamente – existe discriminação de todas as partes.

Ps: por favor, nada de devolvermos preconceito com preconceito nos comentários, sem generalizar. 🙂

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