Que tipo de vida é essa?

Certa vez tomei esporro de uma pessoa que dizia que eu nunca ganharia dinheiro pra comprar uma bolsa Chanel (!!!) com este blog se eu continuasse com minhas atitudes sobre consumo consciente, de comprarmos de quem faz, olhar etiqueta, repensar sobre comprinhas impulsivas, etc.

Argumentei sobre mão de obra em regimes análogos aos escravos, sobre fomento à indústria nacional e o pior de tudo foi ouvir que bolivianos trabalham muito por pouco dinheiro porque são pessoas de hábitos simples, não tem a necessidade de consumir que nem nós, brasileiros (!!!!!!!!!!!!!!111111).

Quando você escuta isso de forma tão convicta, não tem como não ficar em choque ou parar e pensar como está tudo errado. Não sou a pessoa mais correta do mundo, mas cada vez mais tenho repensado sobre o que consumo, como podemos saber mais da origem do que consumimos, tipo de material empregado, entre outros fatores.

Como eu disse outras vezes, não levanto a bandeira de vivermos de subsistência plantando alface e vestindo uma tanguinha, mas quando comento sobre mais consciência nas compras, escuto logo um Mas o que eu vou vestir? Vou andar pelada? E esse seu telefone, fabricado na China?”

Primeiro, não vamos andar peladas porque certamente temos roupa suficiente para nos vestir nos próximos 20 anos. Temos desejos de consumo, vontades desenvolvidas por vaidade/desejo, mas duvido que alguém que esteja me lendo não tenha ao menos meia dúzia de roupas no armário. Ou uma centena delas.

Não falo pra ninguém parar de comprar, mas de repensar suas escolhas na hora de comprar. Eu mostro possibilidades aqui, desde as fast fashions a quem tem uma mini confecção. Como posso diminuir a quantidade de roupas ou produtos de origem desconhecida no meu armário/na minha vida e priorizar mais o produtor local, a amiga que faz tricô e pode criar blusas lindas, um bazar entre amigas para trocarmos o que já foi produzido e não precisa de moeda pra comprar, uma estilista que esteja começando e tem suas próprias criações, emprega três costureiras e uma modelista?

São pequenos gestos do local que podem ajudar a influenciar o que é global. Esse é um dos motivos desse blog não focar em “moda barata” mas em moda possível e consciente, de comprar menos e melhor.

Aí hoje recebi o link que está circulando meia internet de um reality show do Aftenposten, principal jornal da Noruega que enviou três blogueiros do país para um experimento social: trabalhar numa fábrica têxtil no Camboja.  Uma das cenas de destaque do trailer é quando uma das participantes chora e exclama: “Eu não aguento mais”. “Que tipo de vida é essa?”.”

SweatShop1

SweatShop3

“Trabalhei com eles por algumas horas e pensei que ia partir ao meio. Estava muito quente e as tarefas são muito cansativas. Além disso, você tem que trabalhar sob grande pressão e fazer tudo muito rapidamente. Assim que termina uma peça de roupa, você começa a costurar outra, sem descanso. É um círculo vicioso que não acaba nunca”, contou uma das participantes transcrito no link do Update or Die.

Neste link tem todos os episódios do reality que começo a assistir agora. Quero cada vez menos contribuir com dessa engrenagem, e vocês? Como podemos fazer isso juntas, cada vez melhor? Seria impossível vislumbrar uma nova perspectiva para consumir moda?

Ou pior: será que dar de ombros e ter um armário cheio de roupas supera tanto assim esse tipo de história?

Se colocar no lugar do outro, exercer empatia é tão difícil nos dias de hoje. Pior que nem precisa ir pro Camboja, isso está acontecendo aqui, debaixo dos nossos narizes. Cara, vou ser sincera pra vocês: estou meio sem palavras e chorei junto com a menina :,(

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