Retrospectiva 2017 – Tudo o que rolou na moda Plus Size

O ano de 2017 foi sim de evolução, mesmo que lenta, no mercado da moda Plus Size. Algumas marcas, mesmo pequenas, se ligaram mais em tendências e nos clamores das It gordas, mas ainda há um longo caminho pela frente. Ainda vemos muitas lojas que se dizem Plus Size, mas fabricam peças até o 52/54, quando há uma grande demanda de tamanhos maiores. É preciso muito mais, mas nessa retrospectiva falarei sobre as novidades boas e o que bombou na moda para gordas.

Marcas que deram uma nova cara para a moda plus size

O mercado Plus Size sofreu muito pouco os efeitos da crise econômica e o setor cresce a cada ano no Brasil. Foi-se o tempo em que ser gorda era sinônimo de se vestir como pinup ou com aquelas roupas que mais pareciam cortina de casa antiga. Todo ano despontam novas marcas, dos mais variados estilos e locais no país. Destaco aqui três marcas que foram lançadas em 2017 e já são um sucesso:

Alt

A marca, criada pela blogueira Débora Fomin, foi lançada em junho e tem uma pegada slow fashion. Todas as peças são de design autoral, além de terem estampas diferenciadas às que costumamos ver por aí e não há reposição de peças. A Alt atende do manequim 48 ao 60, possui e-commerce e está presente também em feiras alternativas de moda – regular ou plus size.
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Carol Zacarias

Carol é uma modelo cearense que cansou do mais do mesmo que assolava o mercado plus size, e resolveu inovar. Em fevereiro, lançou fantasias de carnaval em tamanhos maiores e não parou mais. Com uma pegada tropical (babados, estampas e cortes bem característicos), a marca participa de eventos em Fortaleza, no Rio e em São Paulo, além de vender pela página no Instagram.
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Delphina Designs

Criada pela estilista Renata Amaral, a Delphina chegou com uma proposta romântica, mas que está super ligada nas tendências de moda. Com seus croppeds “de nozinho” e saias evasês em comprimento midi, a Delphina participa de eventos e feiras, vende também no seu e-commerce e é sucesso entre fashionistas, mas também entre mulheres que procuram roupas mais “sérias”. Agrada a todas!
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O crescimento dos bazares e eventos dedicados à moda Plus Size

Sabemos que a maioria das marcas que investem e inovam para que a moda seja realmente mais inclusiva não dispõe de grana para bancar aluguel de loja ou uma grande equipe de vendedores. Em compensação, 2017 foi o ano em que rolaram vários eventos. O maior e mais tradicional deles, Pop Plus (que rola quatro vezes por ano em São Paulo) completou 5 anos e teve um público de mais de doze mil pessoas!
Aqui no Rio, tivemos a consolidação do Hashtag Bazar como o principal evento de moda plus size carioca. A feira, que acontece mensalmente, alterna sua locação entre os bairros da Tijuca, Flamengo e Cachambi. Além disso, temos também o Bazar Tijucano, que recebe diversas marcas de roupas plus size.
Algumas marcas queridinhas do público carioca também abriram suas portas em espaços para receber melhor clientes gordas. Foi o caso da GG.rie, no Centro da Cidade; da Amaryllis Moda e Acessórios, no Grajaú; e da NaBeca Tamanhos reais. A Clamarroca Plus, de São Paulo, também abriu uma loja irada que vende, além dos famosos jeans, peças de outras marcas que vestem acima do manequim 46.

O que eu espero da moda Plus Size para 2018

Eu gostaria de que as lojas – principalmente as grandes varejistas – poderiam, ao invés de criar coleções plus size, estender as grades de suas coleções. Preciso relatar minha frustração ao experimentar um maiô em tamanho GG da coleção 4 mares para C&A, e ele não passar nem pelo meu joelho. Foi a gota d’água, principalmente por saber que em algumas lojas de departamento o GG ainda me serve. Não passar nem no joelho é um absurdo, e ver uma mulher com a estrutura corporal da Ana vestir G, como lemos nesse post, é inadmissível.
c&a
A C&A, além de acabar com aquela “arara única” que chamava de coleção plus size, tirou a maioria das peças tamanho GG das araras, e, aparentemente diminuiu bem os tamanhos. É uma loja que tem muito potencial, com algumas roupas bem bacanas, mas que precisa rever seus tamanhos e modelagens com certa urgência.
Já a Renner teve um início de ano promissor. Fincou a Ashua, marca de tamanhos maiores no mercado, mostrou que estava realmente buscando atender às demandas de tendências da moda para gordas, mas, no segundo semestre, decepcionou e lançou uma coleção de verão repleta de mangas, calças compridas e jaquetas! Além disso, enquanto a Renner faz a gente babar com as peças de moda praia, a Ashua não lançou nem um biquinizinho para as gordas, poxa!
A Forever 21 finalmente trouxe sua linha plus size para o Rio de Janeiro! Veio farta, mas sinto falta de reposição. No primeiro fim de semana eram cerca de 12 araras, e agora tem só o que “encalhou”, no máximo umas 5 araras. Além disso, custa trazer aqueles biquínis maravilhosos que vemos no site da marca?
Mais do que nunca, espero que marcas que atendam tamanhos maiores coloquem modelos maiores para que todas as mulheres tenham noção de como as roupas ficam no corpo. 2018 tá batendo na porta, Photoshop para “suavizar” celulites e tirar dobrinhas não deveria mais ter espaço nos catálogos ou lookbooks, né?

O balanço do ano é positivo, enfim. A moda plus size vem ocupando espaços que antes eram restritos às magras, como Fluvia Lacerda desfilando para o estilista Ronaldo Fraga no São Paulo Fashion Week, além de Alexandre Herchcovitch lançando uma coleção até o tamanho 54 para a marca Elegance All Curves. Que 2018 seja ainda mais próspero, que os grandes investidores olhem para essa galera que tá empreendendo e botando a cara e o corpo em nome de uma moda mais inclusiva.
Feliz ano novo, pessoal!

mari-rodrigues-hoje-vou-assim-offMariana Rodrigues
Carioca, 30 anos, gorda. Tagarela de carteirinha, fã de chá gelado e viciada em bons debates na internet. Apaixonada por moda e televisão, escreve sobre esses e outros assuntos também em seu blog aquelamari.com
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