Vamos juntas.

Hoje é o dia da mulher. E vai rolar um monte de texto, homenagem e dizeres sobre esse dia. Muita coisa bonita, tocante, mas também muito falar só pra constar, sabemos.
O que eu quero dividir com vocês é como eu cresci como mulher em tão pouco tempo – e olhem que já coleciono 38 anos de praia, heim. Como colocou perfeitamente uma leitora minha, a Aline, “Amo amo amo essa vibe (que é nova, nem deveria ser, mas antes tarde do que nunca) de mulherada apoiando mulherada. Competição feminina já deu.
Acho que não vou escrever nada incrível e criativo (tô no meio do fechamento de um trabalho), mas eu queria dividir com vocês esse meu aprendizado, que é contínuo, mas transformador.
Durante muito tempo eu reproduzi discurso machista sem me tocar disso. Já apontei o dedo pra outras mulheres, já fui pouco compreensiva sem saber com as amigas mães, na infância eu queria brincar com os meninos porque achava eles “mais legais”. Pois é, já errei feio.
Aí comecei a ler e ouvir outras mulheres que estavam há anos luz em termos de sabedoria – e isso tem pouco tempo, viu. Comecei a refletir, a ganhar consciência, a ser quase um Buda alcançando a iluminação sob uma árvore Bodhi, rs.
Fui repensando vários aspectos, me desconstruindo, mas o principal foi abrir os olhos para entender que nós, mulheres, não estamos sozinhas nesse mundo. A gente não precisa estar só!
Nós somos a rede: forte, corajosa, de suporte, que se compreende, a única que entende a dor e a delícia de ser quem se é.

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Ilustra incrível da Crua

Bendita palavrinha chamada empatia.
Fiquei triste por não ter tido essa compreensão antes. Mas, ao mesmo tempo, grata por ter a humildade de ouvir e aprender. E por ter a chance de passar isso adiante.
Eu já tive receio de ser julgada por trabalhar com moda – e fui, sim, muito julgada certamente porque é uma profissão majoritariamente ligada a, vejam vocês, mulheres. Já ouvi que era fútil e superficial, que existiam coisas mais importantes no mundo, que era esporte de rico, dentre outros absurdos.
“Mas eu falo de moda com conteúdo, com inteligência” – eu achava que estava abafando com essa resposta.
Durante muito tempo eu li o pessoal julgando o look do dia.
Posso falar? Eu me entretenho pra caramba vendo look alheio. Me inspiro. Admiro muitas combinações e sei que não é nada fácil pensar num tema, separar aquela roupa, passar, fotografar, posar, tratar a foto, postar, escrever. Sério, não é moleza, sabe por que? Tá todo mundo ali dando a sua cara a tapa. Posando na rua, onde passa um monte de homem cantando e fazendo piadinha. São mulheres que também querem brincar disso, inspirar, se darem bem, ficarem ricas, não importa: deixa elas.
Aprendo demais a não julgar e a tentar compreender o contexto e as referências daquela pessoa. Aboli a palavra cafona do meu vocabulário. Aboli a palavra vulgar.
Meu olhar ficou muito mais generoso e isso é valiosíssimo pro meu trabalho. Mesmo quando não gostava de algo, aprendi a me calar do que apontar o dedo ou ressaltar um defeito. Deixa a menina fazer o que ela quiser, Ana. Seu jeito de fazer as coisas não é o único nem o melhor.
Aprendi a falar de boca cheia sobre meu trabalho, porque compreendi que nada, absolutamente nada que contribua tão significativamente para mais mulheres se sentirem lindas, menos culpadas ou ansiosas, nem presas a um padrão estético, muito menos reforçando discursos de ódio contra seus próprios corpos, é algo que mereça ser desqualificado. Meu trabalho é sobre MULHERES e moda é uma das ferramentas para libertação.
A ficha caiu no início da minha carreira, quando peguei a primeira, das muitas clientes que não queriam se ver no espelho. Que desabaram de chorar no meu ombro por conta disso.
Foi quando eu percebi que também deveria fortalecer a mulher empreendedora em moda, englobando também as afro empreendedoras e as do segmento plus size. Priorizar marcas que sejam comandadas por mulheres, que tenham mais mulheres em seus postos de trabalho, que valorizem o trabalho de outras. Mulher comprando/trocando/ensinando para outra mulher.
Eu quero ver mais mulheres fortalecidas. Eu quero mais mulheres CRESCENDO e ocupando todos os espaços.
Estou aqui, preparando uma apresentação para uma empresa, em que vou falar para outras mulheres não só sobre estilo pessoal, mas para se amarem. Para praticarem mais o auto amor. Para não julgarem outras mulheres. Meu trabalho só cresceu com isso. EU cresci muito com isso.
Eu sempre defendi nossa liberdade, mas ainda precisava compreender mais coisas por trás do meu discurso. Portanto:
Vamos elogiar mais outras mulheres.
Vamos compreender mais outras mulheres.
Vamos olhar com mais cumplicidade para mais mulheres.
Vamos aprender juntas. Vem cá, me dá essa mão aqui, sua linda. <3
Eu não me sinto mais sozinha.
 
*obrigada a todas que já me ensinaram, deram toques, questionaram, apoiaram e até brigaram. Obrigada!

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