A via crucis que é procurar uma bota para uma mulher gorda

Por mais que eu me esforce em contribuir para o discurso de ouvirmos o outro, eu aprendi que é importante demais dar o lugar de fala a quem realmente vivencia inúmeras situações no dia a dia que passam desapercebidas pra várias pessoas. Eu já estava há tempos querendo enriquecer o discurso do blog com outros pontos de vista e, principalmente, reforçar que as causas de outras mulheres são as nossas causas também.
Por isso eu estou muito feliz em trazer a Mariana Rodrigues, do blog Aquela Mari, pra cá como colaboradora do HVAOFF, pra discutirmos mais sobre moda inclusiva não só quando se fala em economizar no dindin, mas em tamanhos para todas. O post de estreia da Mari, aliás, vai bem de encontro ao post do que te deixa frustrada, infelizmente.

No pique das coleções de inverno invadindo as araras, vemos também os sapatos fechados e botas, que tem como missão ajudar a manter nossos pés e pernas bem quentinhos durante os poucos meses frios no Brasil. Mas, tal qual as roupas, infelizmente as botas fazem parte das peças que não contemplam mulheres maiores. Se somos grandes nos seios, cintura, quadris ou coxas, é provável que algumas de nós tenhamos também canelas, tornozelos e pés mais grossos.
Calorenta que sou, não sou muito de usar botas, mas nos últimos anos perdi muitas sapatilhas por ser teimosa e usá-las em dia de chuva, e, ano passado, comprei uma botinha da Mr. Cat e outra da Moleca, na Leader, mas, antes rolou quase uma peregrinação até achar botas que ficassem minimamente confortáveis no meu tornozelo. No último fim de semana fui buscar um novo par para chamar de meu, mas, nas duas maiores lojas de fast fashion no Brasil, não consegui achar nenhuma peça interessante que me coubesse. Experimentei três modelos diferentes na Renner e um na C&A. Vamos às impressões:
Essa bota da Satinato apareceu no preview de inverno da Renner e foi sucesso. Nos apegamos mesmo ao glitter, e, que mal tem em colocarmos nas peças? Infelizmente a bota não é pra todos. Foi um sufoco pra calçar, e, obviamente ficou apertada, além do zíper não ter subido por completo.
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Carregando a tendência do salto tratorado, essa bota também da Satinato chamou logo minha atenção por ser exatamente como eu estava procurando. As aplicações de estrelas dão um toque diferentão, mas sem deixar de ser versátil. Eu seria injusta se dissesse que não coube, mas, entrou com muita dificuldade e incomodou demais.
Deixando as botinhas de zíper de lado, busquei um coturno pensando que talvez fosse ser mais fácil. Ledo engano. Bati os olhos nesse preto, de vinil, da marca Cravo e Canela, e ela até entrou com uma facilidade maior que as outras – o que está bem longe de ser fácil ou confortável -, mas se eu fosse levar, teria que buscar cadarços maiores.
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Na C&A, a experiência foi igualmente frustrante.
Nada na loja me fez suspirar, os calçados estavam todos meio genéricos. Foi quando avistei uma bota over the knee, meu sonho secreto no mundo da moda. Acho que a última que eu usei foi lá pelos anos 90, na onda das Paquitas. Depois de adulta, nunca mais consegui uma do meu tamanho, e, para provar o absurdo que são esses tamanhos, olhem só essas perninhas tristes por não entrarem nessa da Vizzano.
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Não satisfeitas em nos excluírem das araras de roupas, querem nos privar de usar botas que sejam tendência. Além de pequenas nos tornozelos, todas as botas iam no máximo até o 38 na loja, deixando de lado quem veste numeração acima.
Vocês sabem onde podemos garimpar botas para pernocas grossas? Ou rola uma super identificação com o post? Conta aqui pra gente!

mari-rodrigues-hoje-vou-assim-offMariana Rodrigues
Carioca, 29 anos, gorda. Tagarela de carteirinha, fã de chá gelado e viciada em bons debates na internet. Apaixonada por moda e televisão, escreve sobre esses e outros assuntos também em seu blog aquelamari.com
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