Especial 10 anos: as impressões das coleções

Mudei de semana para especial dos 10 anos, por que é conteúdo demais pra uma semana e uma pessoa só para escrever 😀
Não tinha como não falar de um marco do blog, as impressões das coleções especiais de fast fashion. Ao longo delas eu fui desenvolvendo uma análise crítica, que virou referência para muita gente, com várias blogueiras e influenciadores adotando também esse tipo de postagem: caimento no corpo, tecido, custo x benefício, acabamento. Antigamente eu também fazia coleção das peças das coleções, achava que precisava comprar em cada uma, rs!
A C&A começou a investir pesado em divulgação, trouxe a primeira coleção assinada por uma marca internacional com Stella McCartney – que eu fui uma das primeiras a ver, na época só tinham 10 blogueiras no Rio de Janeiro, hahah – seguida depois pela Riachuelo, que começou também a embarcar pesado nessas collections.
Jogadas de marketing, claro, mas que levou de certa maneira o conceito de democratização da moda, traduzindo o DNA de marcas famosas e inacessíveis para um público – além de também elevar o conceito de fast fashion a uma categoria de difusor de moda e tendências.
Minha extrema sinceridade, de falar o que achava, sem medo, de passar informação e análises importantes para quem me lia, eram muito mais importantes e sérias pra mim do que bajular as marcas. Essa comunicação se tornou minha marca registrada e, mais do que isso, me fez ganhar algo muito mais precioso do que roupas ou dinheiro com publicidade: ganhei a confiança de vocês, que sabiam que eu não omitiria minha opinião em troca de favores.

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Mostrando frente e costas da coleção GIG para C&A, 2017

Eu já fugi do trabalho pra não deixar as análises passarem batidas, chegava do trabalho morta e ia cobrir mesmo com poucas peças nas araras, deixava de almoçar para postar primeiro que todo mundo, ia com sono, cansada de tanto trabalhar (eu era designer gráfico com jornada tripla de trabalho nessa época), deixava os braços doloridos de tantas roupas que eu pegava, a coluna estourada de tanta prova de roupa. Tinha que tirar foto escondida pra não tomar esporro dos seguranças, hahaha!
Com uma língua ferina, eu apontava o que estava errado, fazia o advogado do diabo para botar todo mundo pensando antes de se entregar ao frenesi que eram essas coleções. Lembram que era uma histeria coletiva no dia dos lançamentos? Já li relatos de gente rolando por baixo das portas das lojas assim que abriam (!!), xixi no provador (!!!!!!), tapas e porradaria (!!!!!!!!!), maridos e namorados indo para ajudar a mulherada a carregar o máximo de roupas possível (!!).
Já fiz análises mega emburrada da porcariada de roupas que eu via, absurdada pela falta de cuidado e descaso da rede, tomava esporro de vocês com minha falta de paciência, hahaha, enchi o saco dessa avalanche de novidades que as coleções se tornaram, comecei a questionar se o que eu fazia tinha valor ou era apenas um estímulo ao consumismo. Mas, quando eu lia que vocês deixavam de gastar dinheiro após minhas impressões, ou que só saíam de casa depois de lerem meus posts…caramba, gente. É muita honra. É compreender a dimensão do meu papel nessa internet. <3
A C&A já me cortou do mailing deles por conta disso, depois de um tempo viram a importância do meu serviço e me deram passe livre paras as coleções: eu via tudo um dia antes, com a loja fechada e uma arara só pra eu provar com calma. Depois de anos, cortaram meus benefícios de novo, rs. Mas eu persisto!
Como são MUITAS, optei por mostrar a minha evolução nas análises, para chegar até onde cheguei hoje, que já estou ninja do que devo observar e escrever! ahahaha!

Reinaldo Lourenço, 2009

Comecei a acompanhar essas coleções antes dos anos 2010, com Marcelo Sommer como diretor criativo da C&A e Raia de Goye, lá pra 2006, se não me engano. Depois veio Reinaldo Lourenço, em 2009, com peças que tenho até hoje, mas que não foi tanta loucurinha. Eu AMAVA esse vestido do Reinaldo Lourenço para a C&A, tão bem feito! Pena que eu não coube mais nele, anos depois. 🙁

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Look de 2010 com vestido do Reinaldo Lourenço para C&A
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Outra que amei na época, apesar de ter tido seus problemas com acabamentos, foi a coleção da maria bonita extra para C&A. Eu usei muito muito esses blazers/casaquetos!

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Blazer e short da coleção de 2010
 Stella McCartney – 2011

Lembro que a Stella foi uma divulgação secreta, poucos convidados, onde pudemos ver em primeira mão as roupas e o processo de criação. Foi MUITO bacana mesmo! Era tão secreto que só pudemos mostrar as fotos mais de um mês depois. E que coleção – tecidos de fibras naturais, acabamentos impecáveis, ótima modelagem, atemporal…saudade de roupas assim.
Dessa coleção eu levei minha calça alfaiataria que uso MUITO até hoje e depois uma leitora de Recife avisou de remarcações, e comprou pra mim o trench coat e o blazer bronze que eu amei na época, ambos por R$69 cada, encalhados no calor da cidade! Depois busquei algumas outras no enjoei, de tanto que desejei tudo dessa coleção. Arrematei um casacão, esse vestido, esse blazer e um macacão posteriormente, vendidos por amigas! hahaha!
Também me recordo que os preços foram os primeiros a extrapolarem – e muito – o que víamos na C&A, o que deixou muita gente assombrada, haha!

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Provando as roupas nesse evento

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Post sobre a Stella McCartney em 2011 com várias análises críticas detalhadas
Post sobre as peças da coleção, a primeira internacional

Maria Filó – 2012

A primeira coleção da Maria Filó para a C&A foi também marcante para as minhas análises – além de ter sido a coleção que eu mais comprei (fui à falência), de tão boa que eu achei (tanto que também tenho peças dessa época até hoje), foi quando eu comecei a desenvolver melhor essas análises, montando looks – looks no provador foi posteriormente a ela!

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Com camisa e cinto da coleção Maria Filó para C&A

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Andrea Marques 2012

A primeira coleção da estilista carioca com a rede varejista também foi a primeira que rendeu a análise sobre a origem deles: começamos a observar e questionar mais o Made in China das etiquetas, o que gerou vários comentários sobre o assunto, mão de obra explorada e consumo consciente. Na época, pouco se falava sobre e isso foi também icônico para 2012.

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Vestido Andrea Marques para C&A de 2012
Pat Bo 2013

Eu nem conhecia direito a marca (hoje em dia eu pesquiso antes para evitar escrever bobagem), mas foi uma das que mais rendeu discussão, porque eu questionei com força a falsa necessidade de pagarmos caro numa peça que usaríamos tão pouco. Dito e feito: não vejo mais ninguém usando algo dessa coleção por aí!

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No perrengue do provador, haha
Stella McCartney 2, 2014

Stellinha voltou para a C&A, mas dessa vez, com uma coleção decepcionante: materiais ruins, péssimo acabamento, costuras tortas – tem foto aí com a roupa do avesso sendo avaliada. Eu sento, me movimento com as peças, observo como ficam no corpo. Demoro horas postando por conta disso, hahaha!
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Versace para Riachuelo, 2014

Quem não lembra dessa polêmica coleção da Versace para a Riachuelo? Foi um mico ver tanta estampa tida como de gosto duvidoso nas araras, a preços exorbitantes, remarcadíssima a preço de banana.
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Após essas coleções, com o olhar mais treinado, fui melhorando fotos, a cara nas fotos (hahahaha), tomei coragem de postar até de biquini e maiô. Já tivemos coleções de marcas de sapatos, estilistas desconhecidos por nós, moda praia, estilistas gringos; coisas boas, outras muito ruins.  Quanta história para relembrar!
Foram dezenas de coleções com cobertura nível jornalístico aqui pro blog. Conseguia imagens exclusivas das peças graças a vocês, quando estavam liquidando, informações mais precisas. Uma lástima porque, nesses anos todos, NUNCA vi contemplarem tamanhos maiores na grade dessas collections. Algumas até iam ao GG ou 46, mas jamais passavam disso.

Quem aí quer lembrar de alguma coleção marcante na cobertura aqui do blog? 🙂

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