O dia que eu me despi das armaduras

Mulheres são ensinadas a odiarem seus corpos desde sempre. Ponto. Não preciso nem desenvolver muito daí, porque é notório como absolutamente todas nós somos condicionadas a termos uma visão distorcida de quem nós somos, de enxergarmos como errado a pele que é feita pra ter dobras, a execrarmos o que entendemos como gordurinha, a olharmos apenas para os nossos supostos pontos fracos.
Envelhecer, então, é cruel. Parece que aquele número pesa uma tonelada, pronunciei trintaenove outro dia, e, caramba, foi meio que uma engasgada.
Eu resolvi virar a chave e mudar essa postura sobre mim mesma desde o ano passado. Até esse dia, eu me enxergava com um pessimismo de quem carregava o peso do mundo nas costas, e nada mais poderia ser feito. Não só sinto que rejuvenesci, mesmo avançando as casas do jogo da vida, como compreendi que somos nós que aumentamos o tamanho do peso e do pesar sobre a gente.
Nesse processo de autoconhecimento e de autoindulgência, eu me comprometi a fazer as pazes comigo mesma. E já tem um tempinho que eu flerto com a oportunidade de um ensaio, despida das minhas armaduras protetoras do mundo, minhas roupas.
E foi através do convite do fotógrafo Renan Viana, pro seu projeto Retrataria, em São Paulo, em conjunto com a estilista floral Natalia Viana, que eu revelei, através do olhar sensível e poético das suas lentes, toda a potência que eu sou. De coração e corpo abertos, que eu me despi não só para o mundo, como para mim mesma. Sem medo, num ato de amor comigo. E com muito orgulho da mulher que estou construindo e perdoando. <3
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Prazer, Ana Carolina de quase 40, que alegria escrever para você. Eu tenho te descoberto aos poucos. Passei anos fugindo de você, confesso. Evitando te olhar por inteira, evitando ficar na sua companhia, me esquivando de observar seus pormenores e suas sutis nuances. Mas você se revela tão por inteira, tão luz, Ana Carolina. Sua energia é intensa. Sua alegria transborda. Não precisa se evitar, Ana. Não precisa ter medo de você. Olhe pra mulher que se tornou, Aninha. Olhe pro mundo que você criou pra si mesma, com sua própria força e ação. Se perceba sem culpa e sem freio. Nunca mais se menospreze, nem deixe de olhar pra si e pro seu corpo com o carinho e amor que vocês merecem. Eu te amo, Ana Carolina. Aceite e abrace o amor dessa carta aberta escrita por você mesma, para que jamais esqueça de quem você é e do quanto ainda vai crescer.✨

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hojevouassimoff – Nós somos o que somos. Esse apinhado mágico de carne, músculos, tendões, nervos e veias. E, atravessando essa massa corpórea, a luz. E por entre a luz, o colorido irremediável das flores. O sorriso que ilumina também a sala. De protagonista, o corpo. Mas sem esquecer daquilo que o movimenta, que o faz vibrante e mais pulsante: esse inesgotável desejo por se perceber feliz. É inédito eu me sentir tão bem sem as minhas armaduras protetoras desse mundo, as minhas roupas. Entre minha pele e o mundo, não tem muita coisa transpondo. Nem o medo, nem a angústia são capazes de me deter. Sejamos flores, luz e sorrisos, sempre. ✨

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E foi numa tarde de domingo, após um workshop em SP, com uma lombalgia severa, sem ter tido tempo de pensar muito, que eu joguei meu corpo para esse olhar. Que eu apenas fui, sendo quem eu sou. <3

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