{pensamento do dia} Vestida, porém desnuda nos sentimentos.

Um look que provocou uma baita reflexão, vejam vocês.

Eu tenho essa saia há quase um ano. Não, não é a primeira vez que a uso, mas certamente é a primeira que aparece no blog. Já usei essa bendita de várias maneiras: com blusa de tricô, com coletão e regata, com blusa de seda, mas acho que esse é o único look que consegui me sentir bem com ela.

{Amo imaginar diálogos com vocês, haha} “Ana, você está doida? A saia é linda!” sim, eu a acho maravilhosa e fresquinha (dado importante), usei até no meu aniversário do ano passado, mas durante muito tempo cismei com ela: que ampliava minha silhueta, que evidenciava minha não-cintura, que não funcionava com o que eu tinha, etc etc. Usava, mas não me sentia à vontade.

A verdade verdadeira, pessoal, é que a saia não tinha problema nenhum. Minha cabeça era o problema.

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Lembram que eu escrevi que precisava cuidar e ter mais tempo pra mim além de um monte de outras coisas? Esse acúmulo emocional e a falta de organização do meu tempo gerou um super estresse que me deixou bem pra baixo. Comecei a entrar numa espiral de achar que tudo que eu estava produzindo era aquém da minha capacidade. Que minhas fotos refletiam meu cansaço e não ficavam boas. Que esse negócio de blog não era mais pra mim, já que eu não conseguia mais escrever com prazer e nem atualizar um feed de instagram lindamente (e três vezes ao dia!).

Mergulhei no trabalho, mas estava angustiada por não definir na minha cabeça uma linha editorial pra cá.

Comecei a questionar minha capacidade intelectual e minha missão na internet, e o resultado disso foi travar cada vez que me obrigava a sentar e produzir um pensamento do dia ou um conteúdo. Escrevia, achava tudo bobo, apagava, postava algo mais genérico. Pensei em desabafar e abrir o coração pra vocês, mas também temi uma possível debandada deste blog por conta de tanta lamúria e, mais uma vez, desisti. Guardei.

E por que eu estou escrevendo tudo isso com esse look que estou me sentindo linda e maravilhosa, mesmo suada de calor (hahaha)? Porque eu não me contive em apenas descrever a roupa. Podemos estar com a roupa mais linda, mas ela não se sustenta sem o brilho que vem de dentro e muito menos sem o sorriso.

Eu, que trabalho muito mais com autoestima e autoconhecimento do que com roupas, que levanto sempre a moral das minhas clientes, estava me cobrando por algo que ninguém mandou a conta.

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A cobrança não tinha a ver com olhar pro lado – eu mal tinha tempo de visitar blogs e perfis no instagram – mas era pior: ela era interna. E me vi presa nessa armadilha que muitas de nós ficamos, de nos exigirmos um perfeccionismo irreal, de não acreditarmos que muitas vezes somos admiradas por ideias que vão além do que estamos vestindo naquele dia.

Um dos meus posts de mais acesso em 2016 foi justamente o que ensino a dica mais simples, que é dobrar uma barra de calça jeans. Não tinha invenção ali e nem a tendência do momento, não tinha ninguém exigindo uma escrita que não fosse o bom e velho bate papo de sempre, a brodagem, a mão que pega virtualmente na mão de quem está me lendo e encoraja a se enfeitar, mesmo que seja apenas pra passar um batom.

Então, além de tudo que está se abrindo de bom na minha vida pra colocá-la nos eixos, a mente também se abriu para entender que, por mais que eu ainda ame postar looks, não é sobre isso apenas. Que o papo aqui se elevou para outra categoria há tempos. Eu só preciso mesmo redesenhar a missão do HVAOFF!

Nossa conversa nesse espaço se desdobrou em dicas concretas e possíveis, que não se resumem em exibir algumas tendências surreais – como se em nossas vidas conseguíssemos acompanhar tantas novidades; que tenho muito mais satisfação em compartilhar o que pode funcionar pra vocês – e que tenho gostado bem menos de mostrar o quanto paguei nas peças.

Percebi que não consigo acompanhar o nascimento de milhares de perfis de instagram dedicados exclusivamente a mostrar achados aleatórios e ofertas de roupas que ninguém questiona nada, só pelo precinho baratinho, só porque a blogueira usou. Se eu tenho pouco tempo pra mim, tenho preferido garimpar onde meu coração bate mais forte e isso tem feito muito mais sentido. Que não preciso vestir necessariamente algo que precise agradar – eu estaria enganando a quem?

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Tanto texto, para resumir aqui: não adianta usar a saia estampada mais linda do mundo se essas cores não saem genuinamente de dentro da gente.

Já me escreveram uma vez, há muitos anos, após um post angustiante, que era para eu ter leveza na minha vida. E agradeço de coração por isso, e é dessa maneira que peço licença para me mostrar bem humana aqui pra vocês e não fraquejar em deletar mais esse texto. Que sou aquela criaturinha que também fraqueja, mas busca, apesar de tudo, ser bem maior do que seus medos.

Não desista de usar aquela saia que VOCÊ acha linda. Não desista das suas cores. Vai passar. E tudo vai voltar a ficar simples e desimportante. E é por isso que continuo pautando minha escrita no vestir: moda vai além de apenas cobrir nosso corpo. Ela, lúdica e sabiamente, detém a incrível capacidade de desnudar nossos sentimentos pro mundo.

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Blusa Enjoy combinada com saia Benta Studio, adornada por colar e pulseira Luiza Dias 111, além de brincos Sobral
Pisando firme em sapatos Inbox Shoes acompanhados por bolsa Adô Atelier

fotografia igualmente poética de Denise Ricardo

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