Amarelo ambíguo e o medo

Às vezes perdemos algumas oportunidades de experimentações, creio eu, e muito por nos deixarmos levar pelo que vão pensar. Trazendo aqui pro ladinho do vestir-se, vamos falar sobre os medos e até aquela teimosia básica, oriunda das nossas cismas ou da imagem errônea que construímos sobre nós mesmas e que nos impedem de experimentarmos coisas novas.
Eu sempre ficava confusa quando sugeria amarelo nos meus cursos, e a pessoa descobria que tinha uma cartela com um amarelo radiante, proferia: “Amarelo, não!”.
Nos meus workshops de cores, a maioria esmagadora declara resistência à cor. Logo ele, o amarelo, o mais solar? Sim, eu fui pesquisar sobre essas reações e tem um por quê: amarelo, segundo o livro A Psicologia das cores, é uma cor contraditória, podendo significar otimismo e ciúme (!).As cores mais luminosas costumam ser mais amadas com a idade, e apesar desse simbolismo maravilhoso de estar associada ao sol e ao ouro (inshalá), o livro detalha que, talvez por depender de estar associada a outras cores para passar a sua mensagem. Ao lado do preto, fica berrante demais; ao lado do branco, radiante.
Amarelo, ainda segundo o estudo e as análises, transmite mensagem de otimismo, mas também da irritação. É a cor da iluminação, mas também dos traidores (!!!!). Ambígua, mesmo. Mas gosto de pensar que, apesar disso tudo, associada ao sorriso e a roupas que tragam também momentos de ludicidade, o amarelo revela essa irradiação vibrante de energias maravilhosas, que contagiam quem está à nossa volta.
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Acredito que tenha a ver também com o fato de crescermos numa sociedade que amedronta mulheres que gostam de “aparecer”. Mulher colorida é aparecida, amostrada, exibida, o que ela tá querendo? – dizem, sem mensurarem as consequências.
E aí vamos crescendo com essa desconfiança de nos colorirmos, com essa necessidade de nos apagarmos, de não chamarmos atenção. pode ser timidez e discrição, claro, mas eu digo pra vocês com tantas análises de cores, que a maioria sente é medo mesmo. Medo de sair da zona de conforto, de ser julgada, de apontarem o dedo no trabalho, de ser o alvo crítico das atenções, de chamar mais atenção pro estético que o intelecto, de parecer ridícula, de ficar feia.
Soma-se a isso com a ambiguidade dessa cor tão resplandescente e, pronto, temos a receita para uma negação imediata sobre qualquer tentativa de uso de roupas nesses tons. Você não precisa usar o mais luminoso dos amarelos ou das cores: temos mais de 100 tons diferentes para cada cor que você pensar aí. E cada um tem um nome e uma composição diferente. Dá pra encontrar o que te agrada e o que vai fazer você se sentir mais confiante para testar uma ideia nova. Ou então usá-la num detalhe, menor mesmo, em doses homeopáticas: pode ser um colar, num pedacinho de uma estampa, em um brinco pequeno, no lenço amarrado na bolsa.
Eu digo isso vestindo um look inteiro amarelo, coisa que eu jamais tentaria, mesmo. E eu me senti belíssima, rodopiante, phyna! Ah, e essa reação é bem comum também de quem passa pelo workshop. O “Deus me Livre!” vira, dias depois “Obrigada! Sem você eu jamais tentaria essa combinação”.
Não precisa agradecer, gente. O mérito pelo passinho além é de vocês. <3
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Blusa e saia Wymann
Sapato do acervo da marca
Brincos Trocando em Miúdos

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