Lembro que fui a um evento de uma marca de lingerie no ano passado e questionei a empresa se tinham alguma política de reciclagem têxtil, já que apresentavam tantas novas demandas de sutiãs e calcinhas desenvolvidas especialmente para diversos propósitos – e de vários que não concordo, como aquelas que servem pra nos deixar mais nóiadas ainda escondendo barriga, levantando peito, enfim.
A devolutiva foi frustrante: nunca pararam pra pensar nisso.
No episódio #2 do meu podcast Moda Pé no Chão (aliás, já ouviu?) falamos justamente que aqui no Brasil não temos efetivamente uma política de reciclagem têxtil, já que roupa também é feita de matéria prima sintética, o que inviabiliza o seu descarte nos lixões comuns.
Aí foi com uma ponta de esperança que li que a C&A tem um projeto de reciclagem de têxteis, o Movimento ReCiclo, que já tá rolando tem um tempinho mas eu ainda não tinha dado a atenção devida.
Acho importantíssimo termos essa iniciativa para inspirar tantas outras e trazer também essa consciência para o público em geral sobre a cadeia de processos na moda, já que dos 80% de resíduos têxteis que poderiam ser reciclados, apenas 1% passa por esse processo, segundo dados do Fashion Revolution Brasil.
Muito dessa visão acredito que venha dessa origem gringa da empresa (a rede é holandesa), o que contribui para que eles consigam dar conta de alguns processos, apesar de ainda questionar essa iniciativa vinda de uma fast fashion, que se trata justamente de moda efêmera e grandes quantidades.
No seu site de programas de sustentabilidade eles disponibilizam um pdf com os pontos de coleta em diversas cidades pra doar roupas, toalhas e roupas de cama que você não usa mais.
Peças que serão aceitas no programa:
- Roupas em bom estado e higienizadas, sendo elas: blusas, camisas, camisetas, casacos, coletes, jaquetas, calças, shorts, bermudas, saias, meias, bonés, cachecol, canga, sunga, biquíni, maiô, lenços.
- Acessórios de cama e mesa como lençol, fronha, edredom, cobertores, colchas, toalha de mesa, roupas de lã e crochê.
- Roupas rasgadas e retalhos também são bem vindas
Entre os que não aceitarão estão acessórios, peças de origem animal e lingerie.
As roupas não serão de propriedade da empresa, que fará o encaminhamento devido a dois tipos de instituição:
- Associação Cristã de Osasco – instituição social que atua em benefício de comunidades carentes
- RETALHAR Soluções e Gestão de Resíduos Têxteis – empresa recicladora têxtil que irá desfibrar e encaminhar o material para reaproveitamento na indústria.
Já estou separando várias roupas e roupas de cama que não estavam em bom estado para doar para encaminhar às lojas do programa. Alguém conhece outras iniciativas que também recebem peças do público em geral?