O que fazer com calcinhas e sutiãs velhos?

Ano passado eu fui a um evento de uma marca famosa de lingerie. Estavam anunciando o lançamento de calcinhas e sutiãs de vários modelos, para comprimir barriga, para empinar peito, vários paranauês. Após a apresentação, eu levantei e questionei eles:
“– Vocês têm alguma política de logística reversa, principalmente com tantos lançamentos?”
Pra que. Parecia que eu tinha pedido participação nos lucros. Na mesma hora juntou um pá de gente tentando me responder, mas, adivinhem: ninguém respondeu nada, porque simplesmente as empresas não arcam com isso. Um tanto de energia gasto pra produzir, mas nenhuma para se preocupar com o descarte correto. E o consumidor que se vire.

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Eu priorizo marcas como a Gioconda Clothing, que se preocupam com a cadeia de produção e matéria prima

O que fazer com sutiãs e calcinhas usados e que já deram seu tempo na terra? Essa é uma das perguntas mais frequentes quando falo de logística reversa. Jogar no lixo já sabemos que não dá (eu mesma já fiz isso, claro), principalmente porque  os tecidos dessas peças são, muitas vezes, de fibras que não se decompõe facilmente. Então, o que fazer?
Eu aprendi com a Thais, que gravou comigo um podcast sobre consumo consciente, que nos ensinam desde cedo a achar que calcinhas são imundas – assim como demonizam a menstruação –, porque né, tá ali em contato com nossos fluidos. Em alguns países é até comum observar a venda desses itens usados em brechós. Confesso que não atingi um nível elevado de desapego para vestir uma calcinha usada, mas essa sou eu, que têm condições de comprar peças novas. Mas e quem não tem? Pessoas em condição de rua, que não têm acesso ao que é básico, por exemplo?
No Brasil não temos uma política de reciclagem têxtil e normalmente as peças são inutilizadas por não termos como fazer a separação correta das fibras para reaproveitá-las. Mas podemos observar algumas iniciativas que percebem isso como oportunidade para encaminhá-las a quem precisa, aproveitarem as sobras para virarem enchimento de almofadas e cobertores para população de rua, entre tantos outros projetos.
Vamos pensar o seguinte: se eu compro uma peça de roupa e levo pra casa, é minha obrigação, sim, dar um destino correto a essa peça, assim como estender ao máximo a sua vida útil, por isso não me importo de usar um sutiã bem velhinho para atividades do dia a dia.

Iniciativas que aproveitam lingeries usadas:

Uma leitora no instagram listou os hospitais e maternidades que aceitam roupas íntimas como doação em Porto Alegre/RS. Quem sabe na sua cidade não têm instituições/ONGS/hospitais com esse tipo de projeto?

Hospitais em POA

– Complexo Santa Casa de Misericórdia – que também na área do Hospital do Câncer recebe bonés, lenços e perucas
– Hospital Femina

Projeto Amiga Recicla

O maravilhoso Moda sem Crise fez uma matéria muito completa sobre o projeto de logística reversa da Ouse Lingerie, em Minas Gerais, que mantém uma iniciativa que propõe a recuperação de calcinhas e sutiãs usados para encaminhá-los para doação. A marca, que fabrica lingerie, criou o projeto Amiga Recicla para mulheres carentes e o Amigas do Peito que doa sutiãs para mulheres mastectomizadas. As roupas íntimas recolhidas são peças usadas, porém em bom estado. Antes da doação, calcinhas e sutiãs passam por triagem e higienização.
As peças são arrecadadas na matriz da empresa, em Juruaia, e em lojas licenciadas. Ainda de acordo com o Moda sem Crise, também recebem em Varginha, em Minas, em Humaitá, no Amazonas, e em Promissão e Ribeirão Preto, no Estado de São Paulo, além de aceitarem o envio pelos Correios.
Ouse – Projeto Amiga Recicla
Endereço: Rua Ana Vitória, 283, Centro – Juruaia – MG – CEP 37805-000
E-mail: [email protected]
Telefones: (35) 99274-0022 | (35) 99177-1035 (Whatsapp)

Transforme

Esse site traz uma matéria bacaninha para tentarmos transformar nossas peças velhas em novas e até mais úteis.

Alguém sabe de mais iniciativas? O que vocês fazem com a lingerie velhinha?

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