Amigas de longa data e sem apego

Numa postagem lá no instagram, a Nubia fez um comentário que me deixou emocionada:
“Dá pra sentir a relação emocional que você tem com seu armário, Ana. Quando você fala das suas peças, elas mais parecem amigas de uma vida. Bonito de ver. Inspirador”
comentario
Abri meu armário e senti isso: minhas roupas são minhas amigas. Até aquelas, de anos atrás, que eu nem usaria mais hoje, foram aquelas amigas que contribuiram na sua jornada, mas chega um momento em que você sente que é preciso desapegar e seguir. Sem mágoas, apenas a sensação que o ciclo encerrou e é preciso renovar.
Gosto de saber que não se trata de apego, mas de compreender que são essas roupas que ajudam a enaltecer quem eu sou. Elas não chamam mais atenção que eu, nem têm a intenção de me fantasiar de outra pessoa. Caminham junto, apenas valorizando a Ana que sou hoje. Com força, mas também com leveza. Com cor, impacto e alegria!
Ter apego simplesmente é não querer se desfazer de algo porque você investiu nele. Mesmo não tendo nada a ver em estilo e mensagem, o apego nos prende em algo que não precisamos mais ser. Nos mantém estagnadas e não contribui para esse autoconhecimento.
E é essa a diferença do apego pelo apego ao que me traz alegria. Abrir o armário, hoje, depois de tantos aprendizados, revela meu melhor sorriso. O transforma em companheiro de jornadas diárias, no meu apoio para momentos importantes, na diversão para as horas descontraídas. Tudo ali sou eu, a eu que se renova, se descobre mais e mais e, assim, a que aprendeu também a desapegar e libertar o que não fazia sentido nessa história, para que sejam amigas de outras trajetórias. <3
Não tenho vergonha da Ana de anos atrás, experimentando com o que conseguia ter. Se divertindo ao construir a forma como se apresentava pro mundo. E, nesse percurso, angariei algumas peças que me acompanham até hoje, porque a minha identidade estava ali, meio escondida, meio latente, eu apenas entendi como aflorá-la melhor. 🙂
ana-04
Esse macacão eu ganhei e o tenho até hoje. É uma das minhas peças amigas de longa data, assim como o casaqueto prata da foto abaixo e a calça cenoura da Renner, comprada há tantos e tantos anos – opa, olha aí a sapatilha que tá comigo, resistindo, há muitos bons anos também!
casaco-brilhoso-4
A blusa aí embaixo junca tinha sido usada além desse dia, e, vejam vocês, num movimento que acreditei ser apego, se revelou história quando a usei no Veste Rio, para palestrar. Às vezes demora pra fazer sentido, mas quando faz…é como se encontrássemos aquele amigo das antigas, que você não entende porque se distanciaram, com quem não se troca mais mensagens diariamente, mas o reencontro revela que nada mudou. Um abraço bom, o sorriso carinhoso. Assim foi com essa blusa.
E a saia, amiga de looooonga data? Que deve ter 15 anos, um achado de liqui, e, à princípio, seria romântica demais pra mim, mas já ganhou tantas versões, à medida que fui percebendo meu estilo do vestir. Comprei pensando em festas e já fui até dar aula com ela. Nem sei como ainda serve: comprei quando vestia 34 e hoje, quilos a mais, arrependo um pouco de ter mandado ajustar há alguns anos, hahaha! Mas ela segue como a amiga que está só aguardando a minha volta, para botar o papo novamente em dia. 🙂
saia-rodada-11
Roupas contam histórias. Remetem a tantas e tantas coisas vividas e isso é algo que se fortalece com o tempo. Demoramos às vezes pra fazermos as pazes, para perdoarmos aquelas amigas sumidas ou até para entender que caminho seguir. E isso também é bacana saber: cada uma tem sua estrada. Que você encontre logo as suas amigas de uma vida, sempre que abrir o seu armário. 🙂

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