Em 2017, se desobrigue.

Senta.

Olha pra tela. Tenta escrever. Nada.

Posso dizer que isso rolou dezenas de vezes em 2016. O ano em que eu mais tive dificuldade de colocar em palavras tudo o que acontecia. Comecei a ler tantos textos bons, tantas meninas com mensagens importantes, que comecei a absorver mais os aprendizados do que tentar ser mais uma a dar opinião. Absorver para compreender.

Foi o ano em que eu mais me fechei.

Muitas coisas que passei eu nem compartilhei aqui e só hoje que me liguei nisso – acho que não sou de ficar me exibindo muito (sou um tantinho só exibida, haha). E essa foi a frase foi o que eu mais ouvi: “Você tem que se divulgar mais!” e eu só pensava o que isso queria dizer. Mostrar todas as comidas que comi? As (parcas) praias que visitei? Os bares em que bebi? Falar o tempo todo da minha agenda cheia, mulher de negócios, muitos projetos – seria essa demonstração realmente necessária, ou eu estou mesmo fazendo tudo errado?

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Participei em SP de um papo sobre autoestima com Julia Petit mediando 🙂

Num momento em que mais se lê sobre métricas, engajamento e como angariar mais seguidores, acho vitorioso me manter com relevância, fazendo o que de mais genuíno eu carrego até hoje: me preocupar sempre em fazer a diferença. Seja escrevendo uma resenha sincera lotada de críticas, mostrando alternativas para quem não quer seguir todas as tendências do momento, ou fazendo a subversiva ao bater na tecla de que precisamos mesmo é usar mais o que temos. E, cá pra nós, tentar sair do comum requer um tantinho de coragem, porque não é nem um pouco fácil ir contra a correnteza.

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Quando fui a Natal dar uma palestra sobre tendências outono/inverno em cidades quentes, foi demais!

Hoje temos uma movimentação e interação maior nas redes e isso me confundiu e cansou um pouco, confesso. 2016 foi o ano em que finalmente colhi os frutos de um trabalho que abracei profissionalmente em 2012, que me deu esperança somente agora de que posso me dedicar exclusivamente a ele – e isso consumiu muito do meu tempo, inclusive o tempo do blog. E, vejam bem, isso não quer dizer a certeza de contas pagas, mas sobre acreditar naquilo que te move.

Como quando fui de ônibus pra SP de madrugada pra ir direto participar da Virada Sustentável num convite irrecusável do Trocaria, evento de trocas que me mostrou que é possível ter uma nova visão sobre nossa relação com consumo.

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Cansada, sem dormir, mas feliz ao lado da Maitê e Kátia, no Trocaria

Esse post não é apenas um texto de agradecimento. É uma tentativa de encorajamento. Não larguei trabalho algum pra me dedicar a consultoria de estilo: continuei minha carreira em paralelo para ver que bicho que ia dar e isso foi enlouquecedor em muitos momentos. Não é simples se ver sozinha fazendo todas as suas atividades, gerando conteúdo e ainda se preocupando com mil outras partes burocráticas – isso envolve também o momento de pedir ajuda, de criar prioridades e de se conscientizar que as interações mudaram (como no exemplo das redes sociais, não dá pra ignorar as mudanças, é preciso acompanhá-las um pouco).

Eu me fechei também porque me senti um pouco deslocada de tudo, confesso. Tive muitas dúvidas, questionamentos sem fim, me senti cansada demais pra compartilhar. Depois que passou, percebo que é também preciso também ter coragem pra ter leveza. Enquanto o mundo te joga um mar sem fim de questões, se desobrigar de dar conta de tudo é algo muito difícil.

Vi que não era sobre ser “A” estilosa, mas de ter o desejo incansável de pegar na mão de alguém e mostrar outras ideias do jeito mais simples. Não era sobre ser “A” profissional do ano, mas vivenciar e aprender mais com as experiências, ruins ou não. Me desobriguei também de ter que ser criativa o tempo todo, motivo pelo qual eu mais travei nas postagens: nem sempre quem me acompanha quer ver o post mirabolante, porque não apenas se identificar e sorrir com alguma frivolidade?

Resolução de ano novo: investir mais na sua essência, e não apenas na aparência! ?

Uma foto publicada por Trocaria – Moda Colaborativa (@eutrocaria) em

E foi assim, bem no finzinho do ano, que eu finalmente consegui tirar das costas esse peso que tanto me colocou pra baixo. Se eu faço, é porque me faz feliz, é porque consequentemente faz outras pessoas felizes. Tudo bem não ser brilhante, tudo bem não ser a pessoa que mais fez acontecer e a que mais apareceu. Tudo bem ser apenas você, alguém que gosta de estar com os amigos em casa, que empunha o copo americano com a cerva mais gelada, que usa o mesmo biquini há anos porque mal vai a praia (e nem gosta de calor).

Tudo o que eu escrevi acredito que foi mais pra mim, do que necessariamente um recado de final de ano. Muita coisa aconteceu e muita lição foi aprendida. Que seja encorajador pra mostrar que tudo tem seu ônus e bônus. Que a certeza pode não aparecer nem quando parece que tudo está dando certo. Que o nosso caminho requer planejamento, mas também entender a hora de parar de planejar muito e viver o momento. E isso pode significar ver resultados apenas 5 anos depois. E que é preciso ter muita sobriedade e um cadinho de loucura para mergulhar no que acreditamos.

Feliz 2017, pessoas queridas. O ano está dobrando a esquina e começaremos o nosso nono ano juntas. Até já! <3

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