Histórias de liberdade

Reencontrei semana passada uma amiga que não via há muito tempo. Ela estava vestida apenas com uma jardineira jeans, camiseta sem mangas e tênis, sem maquiagem, poucos acessórios. Veio na minha direção com um sorriso largo, não resisti e comentei: “Você está linda! Essa roupa é a sua cara!”
Ela concordou comigo e disse que nunca esteve tão bem consigo mesma.

tumblr_nftbjvQjfn1rsuch2o1_1280
foto daqui

Há alguns anos a encontrei numa feira de arte, ela trabalhava na linha de frente de todo o evento. Era dia de abertura e minha amiga não se fez de rogada, trajava uma produção maravilhosa, uma pantalona plissada esvoaçante, blusa de seda e salto alto. Chiquérrima, super elegante, valorizando demais a sua cintura fininha.
Pouco tempo depois, desiludida com o mercado e numa crise existencial, ela resolveu se desapegar de tudo. Abriu sua casa e chamou amigas e conhecidas para fazerem uma limpa no seu armário.
Contou que possuía mais de 50 pares de sapato de salto alto. Quando precisava de uma roupa mais descontraída, não tinha: nos cabides, apenas blusas e mais blusas de seda.
Doou e vendeu tudo, ficando apenas com uma mala de roupas, aquelas mais básicas e confortáveis. Viajou um bocado pelo mundo até descobrir que tudo que ela precisava era estar aqui, e que o mundo lá fora trazia mais semelhanças com sua terra do que ela imaginava.
Ela não quer mais outra vida. Me contou que não cogita mais acumular coisas, o que não significa abrir mão de ter seus bens, mas percebeu que se vestia de alguém que o mundo esperava da sua posição profissional, e não de quem ela realmente se percebia.
Não é sobre ser básica e sem graça, só que a roupa que ela veste não a ofusca mais; a aura da minha amiga brilha mais que uma blusa de seda.

Paralelamente à história acima, vem a de Ana Laura, leitora do blog que passou a vida se vestindo mais normativa, dentro das expectativas da sua família e da sociedade.
Ana se mudou recentemente pra Londres, mas antes pediu minha ajuda profissional com seu estilo. Estava finalmente indo pra uma cidade que permitiria apropriar-se da sua essência colorida, com excessos no vestir, sem padronização de estilo e silhueta, mantendo apenas o essencial no armário.
Identifiquei sua prioridade de alma no vestir e trabalhamos sua identidade visual com o que tinha no armário, para que pudesse ir treinando esse novo e poderoso olhar sobre sua imagem. Muitos geométricos, acessórios grandes, cores fortes e uma despreocupação com silhueta marcada, exageros ou o que poderia ser considerado fora dos padrões aqui.
Resumindo: liberdade para ser quem se é.
ana-cliente-ana-soares copy
Ana Laura se descobrindo nos looks que montei <3

Ambas as histórias – duas mulheres querendo simplificar, só que seguindo estilos diferentes – contam muito sobre o que pode significar liberdade pra cada uma de nós.
O que te aprisiona na sua vida? O que te impede de se apropriar do que te deixa mais feliz ao se ver no espelho?
Quais são as cores, as formas e o estilo que desenham a sua liberdade? 🙂

Em tempo: alinhada a essa urgente necessidade, a Galileu traz uma matéria muito boa sobre o assunto: Tudo que você precisa é menos

Compartilhe nas redes sociais
pinterest: pinterest
tumblr:
google plus: