O seu olhar sobre você

A gente pode ter um hábito bem ruim de nos sentirmos menos que os outros, de entrarmos em comparação o tempo todo – não digo que todo mundo é assim, mas acredito que muita, mas muita gente pensa dessa forma.
Não sei que treco que dá nas pessoas que elas têm uma necessidade incontrolável de depreciar quem está na sua frente, rir da roupa, do cabelo, menosprezar as atitudes, ou então de olharmos outra pessoa posando numa foto e acharmos que ela arrasa e nós, não. Deixamos nos tomar por excesso de estímulos e consumo, o que acaba nos distanciando de quem nós realmente somos e acreditamos. Nos tornamos enclausurados e desacreditados no nosso potencial, nossas crenças e idiossincrasias.

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Crédito: ilustra de Laysa Almada

Durante muito tempo eu fui retrucada em inúmeros aspectos e momentos da vida, por isso é muito comum eu me sentir insegura e me colocar pra baixo, acreditar que sou alguém bem aquém do que eu poderia ser. Passamos a achar o nosso trabalho um equívoco, que somos uma fraude (descobri depois que isso tem nome, chama-se síndrome do impostor), que não montamos looks de sucesso e por aí vai. E é por isso que é comum encontrarmos mulheres que achamos perfeitas se sentindo um lixo, com problemas de auto imagem.
É um exercício diário (quase uma musculação) pensar que eu sou linda, inteligente, gente boa, que meu trabalho é muito bom, que meu blog tem relevância. Todos os dias eu sento e penso que amo o que faço, que eu acredito na minha capacidade, que minha casa é meu templo, que eu faço as coisas da melhor maneira que eu puder.
E todas as vezes que eu me senti simples demais ou com uma cara de cansadinha, aconteciam coisas que provavam que não precisamos ter essa visão errônea sobre nossa aparência e nosso jeito de ser. No dia que eu tava achando meu cabelo feio, uma moça me parou pra perguntar onde eu corto ele. No final de semana em que eu me senti menos estilosa, veio site tirar foto da minha roupa. No dia que eu estava me achando simples demais, encontrei uma youtuber que adoro e ela tinha acabado de descobrir e devorar meu blog.
Sabem porque isso acontece? Por que quem segue sua essência, se revela autêntico e isso é perceptível ao mundo – e precisa ser também pra gente. Quando somos fiéis a nossa identidade, ela se revela em nuances, se torna clara em todas as nossas escolhas, nos diferencia e nos faz infinitamente mais interessantes.
Quando reconhecemos que estamos em constante aprendizado e nos fortalecemos disso, temos um guia para nossas decisões e dificilmente cedemos às pressões externas. Eu parei de perder tempo e dinheiro comprando a roupa para ficar descolada, por exemplo, para tentar ser um destaque para um grupo ou como a mídia diz que eu devo ser.
É nesse momento que temos que nos fortalecer para não deixarmos nos afetar com tanta informação, tendências e modismos e voltarmos mais o olhar para quem somos e para o que realmente precisamos.
Eu agora estou com um grupinho de amigos queridos que regulamos todos a mesma faixa etária e saímos quase toda a semana juntos. Somos três mulheres e um cara, e é muito bonito ver o quanto nos colocamos pra cima. Às vezes me sinto triste e eles vêm me chamar de linda. Às vezes um está mais carente e todo mundo sai pra tomar café juntos, num domingo mesmo.
Então eu tenho feito alguns exercícios muito importantes: ouço o elogio, agradeço. Se eu vejo alguém, elogio qualquer coisa naquela pessoa. Eu distribuo elogios para me sentir feliz. Eu me olho no espelho com um olhar mais generoso, na tentativa de não abrir brecha pra nenhum sentimento de autocomiseração.
Ser genuíno é uma das nossas maiores forças. Ninguém te tira isso, ninguém deveria conseguir nem derrubar esse sentimento. É normal às vezes se sentir pra baixo, mas vamos fazer esse exercício de não nos reprimirmos, nem buscarmos apenas as referências externas, a aceitação do outro.
Se agarrem nas suas essências e continuem. Em frente, sempre. <3

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