Aqui estou eu, concluindo mecanicamente um trabalho que executo \u00e0 mesma maneira h\u00e1 7 anos. Para dar um respiro da tarefa, fui ver como est\u00e1 o dia pela mesma janela que costumo olhar h\u00e1 7 anos tamb\u00e9m. Olhei pro blog, o mesmo layout h\u00e1 4 anos e uma tentativa frustrada de mud\u00e1-lo recentemente, uma contrata\u00e7\u00e3o que n\u00e3o deu certo. Mudei de carreira, um grande feito, mas ainda assim me sinto parada em muitas ideias.<\/p>\n

De repente, um gosto amargo. Tudo igual. Tudo repetido. Nada mudou radicalmente, apesar de ter movido um mundo para isso. Recebi tantas esperan\u00e7as que se tornaram infundadas. Tantas promessas que n\u00e3o se cumpriram. Uma nova internet se formando \u00e0 minha frente e me pergunto se n\u00e3o permaneci oldschool<\/em> demais por conta dessa minha relut\u00e2ncia em novidades o tempo todo.<\/p>\n

N\u00e3o sou uma pessoa de mudan\u00e7as, confesso. O que est\u00e1 funcionando, est\u00e1 bom pra mim, mas desde que coloquei alguns projetos \u00e0 frente para que caminhassem finalmente por sua conta e vontade com muita alegria, parece que empacaram. Que fincaram os p\u00e9s ardentemente em solo e viraram apenas o pesco\u00e7o pra me olharem atr\u00e1s deles, estarrecida, com as m\u00e3os na cabe\u00e7a. E continuam olhando, sorriso de canto de boca, um risinho dissimulado, como se n\u00e3o quisessem me contar se voltariam a caminhar mesmo que a passos mi\u00fados ou se resignariam para uma marcha r\u00e9 de volta ao comecinho.<\/p>\n

Em pouco tempo levei duas puxadas de tapete, vi contas n\u00e3o fecharem e uma falta de tempo louca para executar tudo que eu gostaria. Dias que se resumem em tentar fazer e acontecer e puf! Acabou, vamos deitar, amanh\u00e3 \u00e9 um novo dia, faz amanh\u00e3, n\u00e3o deu tempo de novo, vira noite, vai. Muita coisa boa rolou, \u00e9 verdade. Mas continuar\u00e1 assim? E at\u00e9 onde pretendo ir?<\/p>\n

Ontem o marido parou na frente da porta do quarto que trabalho e perguntou: “E os projetos?”. Respondi nervosa. Desabafei em tons mais altos, levei \u00e0s m\u00e3os ao rosto, mas n\u00e3o chorei. O choro est\u00e1 vindo agora, sentada em frente ao computador de todos os dias, pensando onde eu poderia melhorar. Como eu poderia sacolejar tudo, enxergar melhor um caminho mesmo em \u00e1guas turvas, abra\u00e7ar com mais firmeza por tudo que tenha batalhado.<\/p>\n

Eu, que n\u00e3o sou de olhar pro jardim do outro, olhei, vi a grama verde, n\u00e3o observei meu caminho com aten\u00e7\u00e3o e tropecei. Ca\u00ed e fiquei dolorida.E me perguntei se era por ali que eu deveria continuar a andar, se era uma estrada com mais pedras do que terra batida.<\/p>\n

Parei um projeto que precisa de m\u00e1xima aten\u00e7\u00e3o antes de mandar pra gr\u00e1fica e vim desabafar. Me permitir. Tentar entender de onde retomar. Tem dias que fazer tudo sozinha \u00e9 mais cansativo. Inclusive um layout novo de blog por conta pr\u00f3pria. Ou escolher roupas pro look – que agora j\u00e1 penso se s\u00e3o mesmo as escolhas certas.<\/p>\n

Enquanto isso volto ao projeto, hoje \u00e9 o \u00faltimo dia, amanh\u00e3 penso finalmente no novo workshop que vir\u00e1, \u00e9 coisa boa, fica feliz, Ana. Amanh\u00e3 vou poder sair e ver o dia longe da janela quebrada do meu apartamento. Vou finalmente ensaiar novas ideias pro meu futuro. Repensar o caminho. Acalmar o cora\u00e7\u00e3o, talvez.<\/p>\n

Preciso me encontrar. \u00c9 s\u00f3 mais um dia, amanh\u00e3 melhora.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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