Qual é o seu estilo pessoal?

Se tivessem feito essa pergunta pra mim, há dez anos, eu responderia o que estava descrito na cartilha sem pestanejar: sou adepta de um estilo mais arquitetônico com doses de criativo e flertando o esportivo. Pronto! Uma consultora de estilo entenderia e balançaria a cabeça afirmativamente.

Mas eu cresci, rs, e to mais questionadora do que nunca. Acho que isso tem a ver com os rumos que estou desenhando para minha vida, algo mais academicista, não sei, mas outro dia precisei responder qual era o meu estilo e eu não consegui responder algo encaixado no que esperam dos 7 estilos universais, porque há muito tempo aliás eu não considero mais esses parâmetros. Aliás, me deu uma preguiça enorme de ainda ter que pensar em responder isso, porque sempre acho que aprisiona mais do que liberta o vestir.

O que são os 7 estilos universais?

Precursoras da Consultoria de Imagem e Estilo, Alyce Parsons e Mimi Dorsey elaboraram no livro Style Source a teoria dos 7 estilos universais que é hoje amplamente difundida e utilizada por personal stylists de todo o mundo. Os 7 estilos universais são o Natural Esportivo, Tradicional, Refinado, Romântico, Criativo, Sexy e Dramático Urbano. Cada um dos 7 estilos possui peças chaves características e transmitem uma mensagem diferente para o mundo e que refletem nossas personalidades, identidades e características pessoais.

Quando eu atendia consultoria individual (hoje só estou trabalhando com análise cromática e a formatação de novos cursos online), era muito comum eu explicar para a cliente quais eram os traços de estilo que ela poderia se identificar. Ao invés de colocá-la numa caixinha “você é estilo Tradicional”, eu mostrava as características do estilo do vestir para ela que poderiam agradá-la, que seriam adequadas às suas necessidades e estilo de vida. Ainda assim elas me cobravam sobre o nome do estilo, queriam pesquisar mais sobre, não se conformavam com as direções em cores, estampas, materiais, linhas e acessórios.

Em contrapartida, as vezes que falei que a pessoa, por exemplo, tinha um estilo romântico, na mesma hora rolava um olhar mais assustado, carregado dos estereótipos que atribuem a mulheres românticas, assim como as sexies, assim como as criativas, assim como TODOS os estilos!

Sexy = já remetia ao vulgar

Romântica = já remetia a fragilidade

Tradicional = já remetia a caretice

Elegante = mulher branca, magra e rica

Criativa = extravagante demais

Dramática = remetia a pessoa que causava distanciamento

Esportiva = pessoa mal arrumada

E é uma questão de gênero, porque os homens são classificados em outros estilos universais, e quase nunca atrelados aos estigmas e os pesos dessas conotações que os estilos femininos carregam. Sem contar que ele não contempla pessoas agênero, que via de regra não precisam se adequar nem a um nem a outro.

Sempre considerei entender melhor a personalidade e características que coordenam melhor cada pessoa a partir, por exemplo, da sua cartela de cores, do que necessariamente intuir um estilo ou, pior ainda, usar um estilo que não fosse a essência dela para contrapor algum traço da personalidade ou se adequar a um ambiente de trabalho que não respeite as individualidades dentro de cada dresscode.

Eu entendo que as pessoas tenham a necessidade de saber o nome. Isso faz parte de uma cultura que diz respeito ao rotular, ao pertencer, ao se identificar e entender onde comprar exatamente, o que dizer para as pessoas como resultado de um trabalho analítico. Mas não acho mais que dizer simplesmente o estilo seja algo essencial, porque reafirma estereótipos ligados a gênero.

Como eu faço hoje?

Eu identifico as preferências, necessidades, possibilidades e traços pessoais. Então, por exemplo, eu, que sou uma cartela de inverno frio, que coordeno melhor com cores frias, mais azuladas, arroxeadas e rosadas, além de contraste alto entre cores (como preto e branco), é uma característica inerente à minha coloração pessoal me sentir melhor em roupas com cores bem contrastantes, estampas gráficas, geométricas, estilizadas e abstratas, grandes (nada de estampa delicada e miudinha), peças de corte minimalista, modelagem mais arrojada, design limpo, formas pontudas, arquitetônicas, tecidos estruturados e de material natural por conforto térmico.

Aliás, estou revisitando pra valer meu estilo pessoal nesses últimos dois anos e estou mais uma vez tirando um monte de roupa que não me representa mais, experimentando cada peça e avaliando o que pode entrar, fiz até um vídeo usando meus looks antigos que tenho peças até hoje no armário:

Minha necessidade atual é que as roupas permitam uma livre movimentação, conforto acima de tudo, nada apertando, que permitam a amamentação da minha filha, além de não querer mais usar sapatos apertados: estoua depta das papetes e tênis. Bolsas que permitam colocar minhas coisas e da minha filha, que sejam fáceis de transportar com uma bebê, no caso mochilas e pochetes.

Ao invés de só dar o nome do meu estilo, eu entendo todos os símbolos dele, o que me agrada e onde posso me encaixar, como uma peça que pode parecer romântica por ter renda, mas ser uma renda estruturada, em tecido mais grossinho, uma trama mais fechada. Entendem o ponto? Isso não exclui que eu tenha peças que seriam do estilo romântico, com babados e rendas, mas entender o que na identidade visual que me contempla, pode ser adequado para o estilo que eu quiser vestir.

E você, o que acha disso? Prefere ter os nomes dos estilos ou não se liga?


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