{pensamento do dia}: “Alguém me ajude a parar de comprar demais”

Diminuí muito a frequência com que eu ficava no instagram, estava com a sensação de perder tempo demais olhando mil fotos sobre mil coisas, ficando muito confusa com aquele bombardeio de informações. Mas aí, numa dessas passadas de feed, vi a postagem de uma amiga falando que estava promovendo uma limpeza de quem ela segue, tirando mais de 200. Na foto, ela explicava o motivo: estava se tornando excessivamente consumista. Com essa redução está ficando menos tempo no celular e parou de desejar tudo o que vê.

E sua nova meta é reduzir mais.

Ela não se referia só a roupa, mas a todo tipo de tranqueira: livros, canetas, maquiagem, caixas de produtos, artigos de decoração, tudo, tudo muito. Li um post que me inspirou e outro dia uma conhecida fez uma súplica “Alguém me ajude a parar de comprar demais”.

Eu estou passando por um pensamento muito semelhante sobre redução de infos e consumo, o que poderia ser uma dicotomia já que tenho um blog que mostra achados, novidades e coleções, mas que apesar do tema nunca, nunquinha mesmo, teve post com frases loucas como “Tem que ter, gente! Must have! Alerta tendência, vamos usar muito nessa estação, preparem seus cartões de crédito, tá tudo lindo nessa coleção especial (quando na verdade tá tudo costurado cagado)” assim como os parcos blogs que acompanho. Tem publicidade, tem dica, mas tem conteúdo, mostra possibilidades, tem empoderamento, tem gente vida real repetindo roupa e não se montando para uma festa diariamente.

buy_less_choose_well
compre menos, escolha melhor.

E nem estou falando tudo isso para mostrar o quanto eu sou legal ou o super exemplo da internet, mas porque eu sempre acreditei em passar as informações de uma maneira que torne quem me acompanha apto a escolher se quer aquilo ou não. Se cabe na sua vida e no seu armário.

Tivemos poucos looks nos últimos tempos porque entrei numa fase meio preguiçosa. Preguiça de calor, de ter que abrir o armário e me deparar com muitas opções, quando o que eu quero mesmo é meu jeans, camiseta e alpargatas e pronto, bora sair pra dar conta de tudo. Gosto de me arrumar? Adoro! Continuo over com minhas peças de paetês? Sempre! Mas também tenho minhas fases introspectivas. Aquelas que me dou ao luxo de não passar base no rosto só pra ir ali. Ou pensar em super produções a cada saída de casa. Não é sobre ficar básica, mas ter tanta coisa pra pensar que o básico não tão básico cairia bem para desanuviar a mente.

Aprender a comprar e a ponderar a necessidade do consumo não é tarefa das mais fáceis. Já escorreguei em compras erradas, já deixei de ter muita coisa porque não tinha como comprar naquele momento, já fui chamada de chata por mostrar a saga do short jeans. É chato, sim, ter que entrar em mil lojas, fotografar para avaliar depois, ponderar sobre custo x benefício, procurar por peças que estejam dentro do limite orçamentário, não se levar pelo impulso. Parece que é mais legal ter dinheiro e poder entrar na loja que quiser, né? Mas na prática não funciona assim.

É preciso muita disciplina para já chegar no shopping sabendo exatamente o que você quer. Também uma boa dose de paciência e perseverança para procurar e não se render à primeira opção ou esperar entrar na remarcação. Olhar seu armário antes para saber o que realmente você precisa – e não aquela falsa necessidade, a da recompensa diária pelos mil estresses para justificar o vigésimo scarpin de salto agulha da sua coleção. Separar uma tarde para tirar o que não tem uso do armário e pensar as muitas possibilidades de looks com o que se tem antes de se desesperar com a festa que está chegando e correr no shopping pra providenciar mais uma roupa nova, é tudo mais trabalhoso e ocupa um tempinho, claro.

Mas quem aí não está meio tenso com a crescente banalização dos 100 reais? Ou com as muitas roupas sem uso no armário, te desafiando diariamente? O que fazer quando até o básico nosso de cada dia se encontra na moda e tá custando caro pra caramba?

loja-havaianas
Essa blusa que fotografei na loja das Havaianas custa 115,00, será que to canguinha ou muito pobre? Digo isso porque achei bem caro, mas peraí: Havaianas não era o basicão mais acessível?

Menos é a nova palavra de ordem: menos roupas, mas mais qualidade.

Certamente isso não vai impedir de receberemos sempre muita informação, de todos os cantos, de todas as redes sociais. Cabe a gente avaliar com que proporção deixamos isso afetar as nossas vidas. Pode ser cortando da rede social, filtrando com sabedoria as opções, acompanhando mais quem ajuda a diversificar as ideias ou apresenta soluções factíveis com a nossa vida, escolhendo as marcas que respeitam seu estilo de vida, que contemplam todos os tamanhos do PP ao GG, que deixam claro a mão de obra e materiais utilizados. Não tem problema desejar algo, mas mais importante é construir uma nova forma de pensar o consumo.

Mas antes eu preciso alertá-las que ficaremos mais ~chatinhas. Vamos virar chatas de carteirinha, mas garanto que com um armário mais proporcional à vida que levamos e com mais dinheirinho no bolso. =)

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