Guia para compras em lojas de departamento (ou fast fashion)!

Eu recebi o email de uma leitora, a Verônica, que dizia frequentar sempre lojas de departamento, seguir vários blogs de moda, mas não conseguia de jeito nenhum garimpar os mesmos achados ou conseguir montar looks como gostaria com eles. Ela pedia algumas dicas sobre o assunto, olhem só:

“Oi Ana! Eu amo moda, procuro sempre ou tento me vestir bem, estar bem, antenada, queria fazer até cursos e faculdade de moda. Mas entro nessas lojas de departamentos e não consigo garimpar peças, coordená-las entre si, como você consegue. E fico frustrada porque tento me vestir bem, amo moda, lançamentos e não tenho esse feeling, ou acho que não fico bem. Como você é expert no assunto, queria saber como faço para aprender a ter noção de o que combinar, coordenar, garimpar peças boas?”

Achei muito bacana o email dela pois era exatamente assim que eu me sentia há um tempo atrás. Entrava nas lojas, comprava e, quando chegava em casa, parecia que nada se encaixava. Que estava sempre faltando alguma coisa, o conhecido efeito dominó: você compra uma peça, mas tem que comprar outras três para poder usar com a primeira. Aí era uma cadeia de gastos e frustrações que se iniciava. Só que aí eu comecei a sacar que deveria manter um foco nas minhas compras. A perceber primeiro o que estava faltando no meu armário, o que combinaria com o que eu já tinha e, principalmente, o que combinava comigo, com o meu estilo.

Comprar em fast fashion brasileira tem ficado cada dia melhor, estão trazendo mais novidades, a qualidade tem aumentado, mas nem sempre é tarefa fácil. Só que, para quem não tem alternativa (aka grana sobrando) é um dos meios de andar na moda sem ficar mais pobre. Por isso, segura na minha mão e vem, que o post é longo!

Arrume seu armário!

Uma das coisas que eu gosto de falar aqui no blog quando mostro alguma novidade é que a pessoa procure equivalentes dentro do guarda-roupa. Eu faço uma faxina do meu a cada 2 ou 3 meses, para recordar as roupas que eu tenho (eu sempre to esquecendo que tenho uma ou outra peça) para evitar comprar parecidas; separo as peças mais velhinhas/manchadas para jogar fora e as que eu não quero mais ou enjoei para doação ou bazares. A regra é clara, já disse o Arnaldo: entrou uma roupa nova no armário, tire outra para compensar. Assim ninguém fica com o guarda-roupa abarrotado e deixa de enxergar o que tem ou de esquecer facilmente o que comprou. Roupa parada é dinheiro jogado fora!

Salve as inspirações e ideias

Vistoria e limpa feitas, eu dou uma olhada na minha pastinha de inspirações ou no Pinterest e vejo os looks que mais curti naquele mês, analiso as tendências em sites e blogs, busco novidades. Anoto tudo em um caderninho bagunçado que eu tenho ou no iphone. Aliás, salvar as imagens e a lista no celular é uma dica boa, pois é ele que vai te acompanhar nas compras.

Com a pesquisa antecipada, a gente vai à loja com o olho mais “treinado”. Aí percebe numa arara uma estampa que viu em um blog, ou uma cor, ou um modelo de calça…fica mais fácil perceber as peças da moda ou clássicas!

Tenha foco!

Acho que o principal nessa história toda é o tal do foco! Quem nunca saiu de casa tendo em mente comprar uma calça preta e voltou com uma calça estampada, um vestido de festa e um tênis? E o dinheiro separado pra calça preta foi pro espaço. Tendo foco, a gente rende mais nas compras, consequentemente perde menos tempo, investe melhor o dinheirinho e ganha um guarda-roupa com peças mais coordenáveis entre si, multiplicando assim o número possível de looks com o que se tem!

Lembram do post sobre os itens básicos que eu tenho e o post sobre os que eu não tenho? É um pouco dessa organização que eu estou procurando ter. Assim diminui a sensação do “eu não tenho roupa”! Por causa dessa falsa sensação, a gente sai comprando mil peças da moda, um monte de roupa que, muitas vezes, nem combinam entre si. Às vezes, alternar o colar em um look acaba causando mais efeito que comprar um vestido novo a cada semana.

Uma boa dose de paciência….e disposição

Não, não é fácil garimpar em meio a tantas araras abarrotadas e bagunçadas. Mas pense que, no meio daquela confusão, pode ter um vestido exatamente do seu número, remarcado a um preço excelente! Por isso, vá com tempo, de preferência já alimentada (odeio fazer compras antes do almoço!), sem marido ou hora marcada. Vasculhe as araras, examine a peça, EXPERIMENTE! Nunca deixe de provar, pois nem sempre o caimento e a modelagem podem ser bons. Não pense também em levar nada apertado ou folgado demais…costureiras não fazem milagres.

As filas das lojas também desanimam. Por isso eu tento fazer as compras em horários fora da saída do trabalho da galera ou do horário de almoço. Se não tiver jeito, deixo bem para o final do dia ou na primeira hora (a C&A daqui do bairro abre às 8h30!). Vá com uma roupa que não te dê preguiça de tirar para ir ao provador e com uma bolsa leve. Lembre-se: para economizar, gasta-se muita sola de sapato. Visite as lojas sempre – quase todo dia chegam novidades ou as peças são remarcadas/repostas com velocidade.

Olhos atentos às araras e uma dose de sorte ajudam! E sem contar que os produtos variam de loja para loja: uma vez eu fui em quatro C&A’s até encontrar uma saia plissada…

Atente para os detalhes e acabamento

Olhe com calma as peças nas araras, perceba o acabamento, veja o material, avalie se ela vai combinar ou não com o que você tem ou se vai ser uma peça que vai ajudar a fazer a diferença no seu closet! E, principalmente, fique de olho em defeitinhos ou manchas.

Dispa-se de preconceitos

Eu sei que tem uma galera que acha que, por ser baratinho ou de loja de departamento, já vai ter qualidade ruim. Não os recrimino: realmente algumas coisas tem. Ou, pelo menos, tinham.

Cada vez mais as fast fashions provam que estão antenadas com moda, com tendências e trazem sempre novidades com uma qualidade bacana. Ou então convidam estilistas e marcas para assinar coleções sazonais. Como precisam manter o preço, nem sempre a qualidade acompanha, mas algumas coleções acabam surpreendendo, como a da Stella McCartney e da Maria Filó para C&A. Renner é outra loja que sempre encontro peças muito boas, inclusive vestidos para festinhas. Cada loja esconde uma peça bacana, acredite. E eu tenho tanta roupa de marca que descosturou ou manchou na primeira lavagem. Definitivamente, caro deixou de ser sinônimo de qualidade há muito tempo.

Por isso, disassocie a ideia de barato = ruim. Lembre-se da proposta do hi lo: coordene peças de boa qualidade com outras mais baratas ou de materiais menos nobres. Por experiência própria, vai ter gente te elogiando como se você estivesse vestindo grife da cabeça aos pés.

Ah, tem quem tenha receio de comprar peças estampadas nessas lojas, para evitar encontrar outras 500 iguais nas ruas. Bem, com roupa de loja de departamento isso nunca me aconteceu, mas já com uma estampa da Totem, em pleno Fashion Rio. Era a mesma estampa, mas conceitos de looks completamente diferentes. Aí fica a critério de cada um!

Uma outra grande vantagem dessas lojas são os cartões próprios, mas que necessitam de organização e cautela como qualquer cartão de crédito. O que eu já paguei de multa na Renner por puro esquecimento, me fez perceber que valia mais pagar à vista.

Teste!

Algumas mulheres não tem paciência, mas eu aconselho a por em prática seu guarda-roupa diariamente. Leia sobre o assunto, compre mais revistas ligadas ao tema, leia blogs e separe a pasta de ideias de looks de acordo com cada ocasião. Ajuda pra caramba ter a pasta de ideias de produções com jeans, com blazers, vestidos, e por aí vai. Depois disso, vá até seu armário e comece a brincar de montar looks. Separe várias ideias, experimente todas, se fotografe em frente ao espelho, se olhe até de costas. Experimente essas composições no seu dia-a-dia, sem medo de errar, sem medo do que os outros vão pensar/dizer. Não ficou bom? Calma, é só uma roupa, foi só um teste. Amanhão tente uma outra proposta com ela, até você se sentir confiante!

Quantas vezes vocês me veem tentar alguma ideia, percebem que fiquei insegura, eu avalio, depois testo uma nova ideia que depois acaba dando certo? Ninguém vai te tacar pedra na rua só porque você errou uma roupa. Se a gente não tentar, como saberemos o que realmente fica bom ou não no nosso corpo ou de acordo com o nosso estilo?

Eu sou muito crítica comigo mesma, por isso esse conselho vai também pra mim: vamos encarar com leveza nosso armário e perceber que podemos tirar muita ideia bacana com o que temos!

Exemplos de looks com roupas de fast fashion

Os looks abaixo foram montados quase 100% com roupas de lojas de departamento. São uma boa ideia do que se pode encontrar nessas lojas e o resultado final:

Aqui no blog basta digitar alguma loja na busca para ter resultados de várias ideias de looks montados com peças de fast fashion. Mas separei algumas para exemplificar. O primeiro look prova que até nessas lojas podemos encontrar o jeans da nossa vida! Eu amo de paixão esse modelo boyfriend da C&A. A camisa é uma de uma série de outras que adquiri na mesma loja: todas muito dignas, a ponto de não parecerem ter custado entre 59 e 79 reais…o segundo e terceiro looks têm propostas quase idênticas, mas eu adoro ambos. A blusa é um tamanho acima do meu, mas fiquei tão chocada com a qualidade dos paetês bordados nas mangas por apenas 39,90 que precisei levá-la. As saias são meus amores e custaram, respectivamente, 35 e 65 reais. E pensar que já vi uma saia longa plissada idêntica a essa por 200 reais…

O vestido e o casaqueto são de coleções assinadas da C&A e grandes amores do meu armário. Esse vestido vai a uma festa tranquilamente e o blazer curtinho é meu curinga de todas as horas, um sofisticador instantâneo de looks!

Ah, eu sempre falo também que muitas vezes vale, sim, garimpar em lojas de marca em liquidação ou pontas de estoque. Com uma diferença, em muitos casos, ínfima de preço, a gente pesca uma ou outra peça bacana e com uma qualidade boa.

Lembrem-se: não são marcas que vão transformar um look. Nossa atitude é mais importante que tudo! 🙂

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