Acho que o post ficou loooooongo, mas enfim…hehe!
Eu estava trabalhando sem parar quando pedi pelo amor de Deus pro marido pra fugirmos do Rio no feriadão de Zumbi. Queria sair da rotina, mesmo se ficasse em casa arranjaria algum motivo pra trabalhar, arrumar gavetas, qualquer coisa do gênero. Era preciso me desconectar de tudo para relaxar completamente!
Aproveitei para questionar – e muito – meu modelo de felicidade. Sempre exaltei o Rio de Janeiro, o estilo de vida do carioca e todo esse frenesi que vivemos. Aí você percebe o quanto uma cidade pode te engolir, exigir seu máximo, tomar tudo sem dar espaço pra bônus (ou alguém acha que consigo fugir pra pegar uma prainha?) e quando você menos percebe, tá achando normal pagar 30 reais num almoço comum. Tá achando corriqueiro ficar preso no trânsito.
Eu queria há tempos conhecer a cidade mineira de Tiradentes mas Paulo sempre falava que eu ia achar um tédio (!!) já que sou super urbana, que não aguentaria nem um dia na cidade. Enchi o saco, martelei na cabeça dele, rs, e decidimos por livre e espontânea pressão, rs, passar o feriadão lá! Assim, não sou de camping selvagem, mosquitada, cocô no mato (hahahaha) e sem nenhuma cama razoável pra dormir, mas cidade do interior cheiaaaaaa de história pra contar eu amo! Cara, eu era CDF em história no colégio, mermão!
Dito e feito: ao descer do ônibus, meu coração transbordou. Na mesma hora veio uma paz. Sabia que coisas boas me esperavam por lá! Olhar para aquela arquitetura é se transportar no tempo. E a educação das pessoas? Saí de lá encantada com tanto sorriso que recebi! =)
Bom, resolvemos ficar numa pousada porque a ideia era descansar, ter uma cama boa, piscininha pra curtir os dias ensolarados, nada de correria de programa turístico! Escolhemos pelo Booking.com a Villa Allegra e super recomendo! O lugar é encantador, tranquilo, os quartos são uma graça e bem decorados, amplos, a pousada tem um jardim enorme, uma piscina muito boa, sauna e o atendimento foi espetacular!
RHYKKKAAAAAA na piscina com meu Aperol Spritz HAHAHAHA
A cidade é muito conhecida por ter sido o berço da Inconfidência Mineira, tanto que foi rebatizada de Vila de São José do Rio das Mortes para Tiradentes na instauração da República para homenagear o mártir-mor do movimento. Ela manteve suas características no centro antigo e dá pra sentir muito o perfume daquela época por conta disso: cada canto conta muito da história do nosso país!
Fritando no sol de Tiradentes, rs!
Artesanato mineiro em todos os cantos!
Comprei uma panela (não essa, de pressão) de pedra-sabão pra cozinhar um franguinho, nham
Não temos carro mas foi tranquilo andar até o centro que ficava a 8 min da pousada, já que os taxis cobram 15 reais o trajeto pela cidade. No primeiro dia eu pedi indicações de restaurantes frequentados pelos moradores, nada de turistões! Aí indicaram o Restaurante do Bar do Celso, no Centro, e eu descobri o que é um verdadeiro orgasmo gastronômico HAHAHA
Restaurante Bar do Celso – Praça Largo das Forras, 80, Centro
(032) 3355-1193
não aceitam cartão
De todos os restaurantes que fomos, o melhor custo x benefício disparado foi ele. Um lugar, bem descrito nesse site de onde peguei a foto, de uma simplicidade franciscana, mas com uma comida dos deuses. Por 45 reais e com um atendimento rápido, mandamos pra dentro um feijão tropeiro que vinha na panelinha de ferro, arroz, linguiça, costela e pernil de porco que dava pra três pessoas, fácil. Delicioso, de repetir até não aguentar mais! Também elogiam muito o tutu e a galinha ao molho pardo (que precisa ser encomendada um dia antes). Ah, importante: só aceitam dinheiro. Aliás, vários lugares da cidade tem pagamento só no dinheiro e o único banco que tem por ali é o Bradesco #dicaimportante
Aí começou a subir o calor, rs. A cidade fica bem quente essa época do ano, era até cansativo caminhar se equilibrando naquelas pedras irregulares, com o sol forte na cabeça, subindo mil ladeiras (socorro!). Corri pra uma loja que vendia Hering pra comprar uma regatinha salvadora e dei de cara com a filial da Ave Maria, marca mineira que eu amo!
Ave Maria Tiradentes – Rua Resende Costa, 4
(32) 3355-1598
A Ave Maria transpõe de forma única o estilo barroco mineiro nas suas roupas: imagens de santos, rococós, jacquard, golas padre, vestidinhos mais comportados, saias midi e, claro, muitos vestidos de festa. Eles ficaram conhecidos por trabalharem sempre com uma sobreposição de tule/renda por cima das estampas, criando um efeito visual que virou marca registrada. E o melhor: tem arara OFF! hahahaha. No site vocês podem ter noção do estilo deles.
Tiradentes é uma cidade fervorosamente católica, com procissão, missas cheias, igrejas históricas. A mais famosa é essa, a Matriz de Santo Antônio, construída em 1710 e a segunda em ouro no Brasil. Vi uma galera com aquele bastãozinho de selfie e aproveitei para rezar por eles…BRINKS! Paga-se 5 reais para entrar e colaborar na manutenção e fotos internas são proibidas.
Perdemos os espetáculos de Som e Luz que acontecem na igreja nas sextas às 20h, sábados às 20h30 e domingos às 20h. Me arrependi, pois era a oportunidade de ouvir um dos quinze órgãos mais importantes do mundo em ação. 🙁
Mas a vista láááá de cima vale muito mais a pena ser clicada, ó!
Não lembro que igreja era essa, de nave mais simples, sem tanto barroco….
Restaurante Virada’s do Lago – Rua do Moinho, 11 – Centro
(32) 3355-1111
aceitam cartão
Aí fomos almoçar e sugeriram o Virada’s do Lago ou o Restaurante da Beth, premiadíssimo e super bem recomendado. Fez jus à fama: esperamos um tempinho pela comida, mas estava tão divina que esquecemos de fotografar. Eles fazem parte da Associação da Boa Lembrança, que é um prato individual que você pode depois levá-lo, muito fofo! O lugar é mais caro – um prato de tutu para duas pessoas sai a 90 reais, mas valeu cada centavo (ok, ainda assim fiquei tensa de gastar tanto, rs).
Só digo que:
– Provem a ora-pro-nobis, essas folhinhas da foto de uma planta típica de Minas super nutritiva. DELICIOSA! Tão boa que pentelhei meio mundo pra conseguir trazer mudinhas dessa planta pro Rio, kkkkkkk!
– Pelo amor de Deus, experimentem o bolinho de abóbora com carne seca. É de chorar de emoção!
Aí você tá sentado esperando, olha pro lado se dá conta que praticamente todos os restaurantes da cidade tem uma horta nos fundos e colhem na hora a couve, a ora-pro-nobis, os tomates. Lagriminhas rolando porque eu queria muito uma horta assim! No da Beth são mais de 60 (!!!) itens, inclusive frutas!
Doce de leite do Bolota – R. Bias Fortes, 77 (Cascalho)
só dinheiro
Pedi indicação de doces realmente caseiros e o famoso da cidade é o do Bolota. Diabético que adorava guloseimas, inventou uma receita diferente para o doce de leite. Com 15 litros de leite para apenas 200 g de açúcar (!!!!), tinha consistência mais leve e bem menos açúcar que as versões tradicionais. Eles fabricam também outros tipos de doces, como os de frutas e geleias – comprei um tijolo gigante de goiabada Cascão, hahaha! Pagamos 20 reais cada um. Ah! As portas da casa ficam fechadas, mas é só bater e se dirigir para os fundos.
No dia seguinte fomos conhecer o distrito de Bichinho, a 7km de Tiradentes e famoso por seu artesanato. Pagamos 35 reais o trecho do táxi e assim…não amei. Foi o passeio mais entediante pois em poucos minutos tudo ficava repetitivo – falta um incentivo aos artesãos para rolar um produção mais autoral, não sei. Várias amigas minhas curtem mas enfim. Logicamente tinham lojas bem especiais, com cachaça, artesanato bonito, bolsas, mas foram poucas…
Restaurante Tempero da Ângela – Rua Dep. José Bonifácio Filho, 64 – Centro
Bichinho/ MG
Fone: (32) 3353-7010
não aceitam cartão
Mas eu estava tão seca pra comer no famosíssimo Tempero da Ângela que praticamente exigi que estivéssemos na porta 11h30 pra evitar filas. HAHAHAHAHA, fomos os primeiros e ficamos sentados tomando cerveja até dar o horário do almoço ser servido, se não me engano às 12h30. Lugar simples com comida caseira de excelente qualidade, toda feita e servida no fogão à lenha, olha que máximo!
Ângela é de Bichinho (na verdade fica em Prados!) e criou o restaurante pra bancar os estudos das filhas mas acabou virando um dos grandes sucessos da região. Você paga (em dinheiro) 25 reais por pessoa e come à vontade, incluindo sobremesas. Sim, essa fartura. Sim, tem que sair rolando de lá! Recomendo chegar cedo mesmo, porque quando saímos às 13h30, tinha uma fila de dar voltas!
Museu da Liturgia
Rua Jogo de Bola, 15, Centro, (32) 3355-1552
entrada: 10 reais
No último dia fomos ao Museu da Liturgia, único dedicado ao tema na América Latina para a celebração da intensa devoção religiosa da cidade e de sua região. Com um acervo de mais de 420 peças sacras dos séculos XVIII a XX, completamente restauradas, o museu é muito impressionante: parece que estamos na europa, de tão bem feitinho que ele é – aí vimos que o museu tem patrocínio do Itaú. O pessoal que fica por lá também é muito atencioso, explicavam muitas coisas bacanas sobre cada imagem de santo ou ex-votos que víamos! 🙂
Essa vista da Serra de São José é uma das coisas mais inspiradoras desse museu <3 Que paz que eu senti ao entrar lá e ao rever essa foto. E detalhe, nem sou católica, mas o museu é um lugar pra contar a história da devoção e dos seus símbolos.
Também visitei a antiga cadeia da cidade que funciona o Museu de Sant’Ana e é outro espaço de cair o queixo de tão linda a arquitetura!
Estalagem do Sabor – R. Min. Gabriel Passos, 280, Centro Histórico
(32) 3355-1144
aceitam cartão
Por fim, seguindo a dica de uma leitora, fui provar o Mané sem jaleco, prato desse simpático restaurante, que é uma mistura de arroz, feijão vermelho, banana, couve e lombinho com bacon. Gostoso, mas nada espetacular e igualmente caro: 85,00. Mas valeu mais uma vez pela educação, simpatia e carinho sem-iguais dessa gente.
Não me prolonguei mais no post (AHAHA) mas pelo menos tira as dúvidas de quem me viu compartilhando coisas da viagem e o que achei de cada uma! 🙂 No geral Tiradentes não tem preços imperdíveis, achei a maioria dos restaurantes com preços turísticos mesmo, inclusive os móveis de demolição.
Claro que independente de valores, é sempre um bom lugar pra quem ama artesanato, móveis de demolição ou antigos, doces e queijos mineiros e andar de trem Maria Fumaça – esse passeio não fizemos. 🙂
Aqui tem indicação de mais restaurantes: tem dois que eu gostaria de ter ido, o Tragaluz e o Angatu mas não deu ($$$) hahaha
O portal de Minas Gerais tem detalhes e fotos da cidade, onde ficar, o que visitar, lista de todos os restaurantes, passeios turísticos e etc!
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