Nesse post, a Luciana linkou essa ótima thread do Twitter sobre a falta de padronização das roupas e como isso pode afetar seriamente a nossa saúde mental, principalmente a de mulheres que têm o peso como gatilho para uma série de problemas com suas autoimagens. Achei a discussão super pertinente para trazermos pra cá.
“Você já se perguntou por que as mulheres ficam tão frustradas com o tamanho das nossas roupas – cada par de jeans retratado é do tamanho 12″
Cada calça jeans dessa moça, Chloe, é da mesma numeração e é CHOCANTE perceber como a variação entre elas é abissal. É inacreditável perceber assim, comparativamente, o descaso das marcas e de toda uma indústria que fomenta o adoecimento das mulheres.
É sabido que, por ex, calças na Zara seguem um padrão de corpo europeu sem muitas curvas, o que as torna quase impossíveis para as brasileiras, mais corpulentas, o mesmo para roupas costuradas em países asiáticos. Ok, existe essa diferença, MAS, vai falar isso para a mulher que está ali no provador se esforçando para entrar numa parte de baixo que exibe na etiqueta a sua numeração, mas não cabe. Por mais que tenhamos a compreensão de que marcas produzem suas peças sem seguir normas técnicas, que cada uma têm sua modelo de prova (ou seja, pessoas com corpos diversos, por mais que tenham um manequim padrão), e que, além disso tudo, o pior é saber que, dessa forma, elas também criam FILTROS de clientes que elas consideram o padrão almejado para desfilarem suas roupas. Isso é muito cruel para quem está brigando constantemente com o seu corpo, se considerando inadequada ou distante de um modelo de beleza inventado para lucrar em cima do nosso sofrimento.
“Peças de tamanhos diferentes, 4 e 10, e nenhuma diferença entre elas.”
A padronização tem um projeto de Lei
De acordo com essa matéria da Audaces, de 27/06/2017, “A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), responsável pelas normas de padronização no Brasil, está em processo final de elaboração da norma que vai fornecer a tabela de medidas do corpo feminino. De acordo com a engenheira Maria Adelina Pereira, superintendente do Comitê Brasileiro de Têxteis e do Vestuário (CB-017), responsável pela padronização das medidas para os diferentes perfis de consumidores da moda no país, o projeto de norma para as medidas do corpo feminino pode ir para consulta nacional em julho de 2017.”
A matéria traz também as medidas que seriam as vigentes para serem seguidas e que as empresas deveriam cumprir. Não encontrei, contudo, nenhuma mais recente falando da implementação dessas normas e nem de um prazo atualizado.
A partir desse estudo do SENAI-CETIQT, também divulgado em 2017, a mesma promessa de que os dias da despadronização das etiquetas de numeração estariam contados.
Também nessa matéria da Câmara dos Deputados “A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviço da Câmara dos Deputados aprovou proposta da deputada Soraya Santos (PMDB-RJ) que padroniza os tamanhos de peças de roupa produzidas no País. O objetivo, segundo a autora, é evitar que cada fabricante defina as medidas correspondentes a um determinado tamanho de roupa, deixando o consumidor confuso na hora da compra.
Pelo Projeto de Lei 2902/15, caberá ao Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro) – órgão a ser criado – elaborar e expedir regulamento técnico sobre padronização do tamanho das peças de vestuário adulto e infantil, discriminado por sexo, quando for o caso.”
A proposta foi aprovada, mas nada caminhou desde então.
A medida facilitaria o trabalho de modelistas, mas principalmente traria punição às marcas que valessem de outras medidas, tornando o tam 40 de uma determinada marca o mesmo para outra. Rolariam umas variações da modelagem, acho, mas o 40 seria do tamanho de uma mulher tam 40, e não uma simulação que na verdade só comporta a bunda de uma mulher tam 36.
Particularmente eu fico puta da vida quando alguém me empurra o tam G de uma peça afirmando que me serviria tranquilamente. A mim não afeta, mas fico pensando na humilhação de uma mulher que é realmente tam G, sofreria.
Fim das numerações
Alguém me contou (agora não me recordo), de uma marca que tinha como proposta peças sem etiquetas de numeração. A vendedora conversa com a cliente, e, em conjunto, traria opções que funcionariam pra ela, todas sem etiquetas de tamanho, apenas com características para a diversidade de corpos. Achei a ideia muito interessante, mas em escala maior, de grandes varejistas, acredito que seja um empecilho.
Trazendo para vocês a discussão, e quem quiser pontuar mais alguma coisa sobre o assunto, seria maravilhoso. E, principalmente, seria mais maravilhoso ainda não alimentarmos marcas que não têm o mínimo respeito pelos nossos tamanhos e corpos reais.
Deixe um comentário