Atenção: post editado 17/05/2019
Vocês lembram desse post Como saber a vida útil de um sapato, em que eu trouxe não só o questionamento de uma leitora sobre como perceber até onde deu aquele nosso pisante velho de guerra, rendeu uma análise do quão prejudiciais são os sapatos para o meio ambiente, e conversamos sobre possíveis soluções e até ONG que faz esse serviço com um projeto social a partir do resgate de sapatos descartados, a Recicalce?
Pois bem, um monte de leitora me mandou via instagram a inciativa dessa marca de sapatos com lojas em São Paulo, a Owme, de recolher sapatos usados, de qualquer marca, para encaminhá-los para o coprocessamento que os transformará em matéria prima para a indústria do cimento. A iniciativa foi mostrada nas redes sociais (isso é algo pouco divulgado ainda, vide C&A e Renner que nem tocam mais no assunto) como modelo baseado na economia circular, que é um conceito estratégico que assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia.
Ok, legal a notícia, mas aí eu fiquei “Que raio de marca é essa que não conheço?”. Liguei pra loja e achei também esse artigo do FFW, de 2018, que fala do lançamento dessa marca, focada em wellness, o conceito que foca em bem estar e conforto, que está em alta no mercado (e eu só conhecia relacionado a alimentação), a Owme é a sexta marca do grupo Arezzo&Co – sim, a Arezzo.
Segundo a matéria, “Os sapatos da OWME têm estruturas que envolvem a curvatura dos pés e proporcionam conforto o dia todo. As palmilhas são compostas por espuma com memória, que mantêm a elasticidade conforme o tempo. O forro possui composição de 40% de fibra natural de algodão e de 60% de viscose. Os saltos são predominantemente de altura média e mais grossos. Outro destaque são as solas emborrachadas, antiderrapantes e flexíveis.” Ou seja, o conceito do bem estar também associado a composição desses itens, além de uma estrutura que remeta a conforto no caminhar.
Bom, fico satisfeita de ver que eles estão cumprindo a obrigação deles, como grande empresa, de encontrar soluções para a demanda gigantesca de produtos que criam no mercado. Mas quero lembrar que essa inciativa então deve se estender e ser cobrada por nós para todas as marcas do grupo, já que a Política Nacional de Resíduos sólidos engloba todas as marcas e também prevê nosso envolvimento exigindo das empresas a logística reversa e um destino aos produtos que caíram em desuso.
Atualização: uma leitora comentou comigo sobre a questão da matéria prima pra indústria do cimento ser complicada. O cimento tem uma composição que pode variar bastante e por isso é destino de vários resíduos industriais. Ela questiona em que fase da produção esses resíduos de sapatos entrariam. Em sua dissertação, ela pesquisou sobre resíduos de pneus em final de vida útil, e na revisão bibliográfica, viu que a maior parte desses resíduos de pneus são utilizados como combustível nas cimenteiras, gerando substâncias tóxicas, como furanos e dioxinas. Existem filtros e limites regulamentados para as emissões, mas falta fiscalização. Perguntei a marca sobre o assunto, vou ver se me respondem e atualizo aqui.
Pelo que mostraram, eles possuem essas caixas em suas duas lojas, na capital paulista, onde você pode depositar livremente os sapatos de qualquer marca e numeração que já estejam em desuso.
Liguei e confirmei que a loja que possui a caixa, por enquanto, é essa:
JARDIM PAULISTA
Contato (11) 2640 4568
sss
Vou pra São Paulo a trabalho dia 24 e levarei alguns dos meus sapatos na mala para testar lá a caixa deles. Depois eu mostro pra vocês.
Não é um programa de logística, mas a Mr Cat em parceria com o Exército da Salvação, está com uma campanha em que oferecem desconto de 15% para quem levar seus sapatos sem uso, em bom estado, de qualquer marca de volta às lojas, até dia 31 de maio. A parte ruim é comprar, mas acredito que quem quiser pode só deixar o sapato por lá mesmo. Nos destaques do instagram da marca, eles listaram todas as lojas que estão participando dessa campanha, ordenadas por região.
De qualquer maneira, estou tão ligada no assunto, já liguei até pra Consul e cobrei deles uma solução para a minha máquina de lavar que não funciona mais e não tem como consertar. Prontamente me responderam e mandarão um técnico na minha casa.
Minha sugestão é comprarmos de marcas menores (que são mais caras, o que também nos leva a comprar menos) ou de marcas que já nasceram com o conceito da sustentabilidade alinhado mesmo com suas atitudes, e conversemos com elas quando os sapatos machucarem ou não funcionarem. Eu tenho uma sapatilha da Laiá Shoes, marca que amo também de SP, e está desgastada até para doar – quero levar de volta pra ver se ela consegue reaproveitar o material, tingir, ou algo assim.
Deixe um comentário