Ontem eu não estava me sentindo bem pra postar (moleza no corpo, nhai) mas como também não consigo ficar parada, resolvi arrumar uma gaveta que estava um pandemônio no meu armário e com a intenção de fazer uma limpa, claro.
Eu tenho duas gavetas, uma para blusas coloridas e estampadas e a outra para blusas pretas, brancas, cinzas. A segunda estava revirada e aí, assim que a abri, vi o mar da blusinhas pretas sobressaindo das demais. Tirei todas para contar quantas blusas pretas eu tinha e fiquei chocada com o resultado:
Entre as de malha, de tecido, com paetês mais festivas etc e tal, contabilizei 15 blusas da mesma cor. QUINZE! E todas cheias de pelo de gato, hahaha
Nosso guarda-roupa é praticamente um organismo vivo, um ótimo exemplo de que geração espontânea é verídica, hahaha! Acabei de fazer uma limpa braba nele e agora descubro mais essa!
A questão nem é ser extremista e só ter um exemplar da cor mais curinga e festejada dos looks, mas em usarmos o famoso pretinho básico como uma muleta diária das nossas produções – e da vida.
“Na preguiça de pensar em combinações, vou de preto. Preto? Ah, essa cor vai com tudo. Amo a cor, só uso preto, mais fácil de combinar. O bom de vestir preto é que é um clássico”. Todas as questões são válidas e legitimadas: eu mesma quando viajo e estou com pressa de arrumar a mala, taco todas as minhas peças escuras e vou sem medo de ser feliz, hehe!
Mas e quando o cansaço, a falta de tempo, a suposta ausência de criatividade, de atenção com o que se tem se torna um escudo para se proteger de possíveis olhares tortos? De não se querer fazer notar? Quando usamos só o pretinho para legitimar o nosso medo de errar as produções? Para abrir mão de um mundo de possibilidades incríveis mas que nos sentimos inseguras para todas elas e preferimos um porto seguro?
A cor foi só o mote desse exemplo, mas encontramos por aí as ~viciadas em calças jeans, em vestidinhos pretos, em camisetas, no combo regata+saia. Não, não estou apontando o dedo e dizendo que estão erradas, mas mostrando que por conta de uma série de impedimentos que criamos, deixamos de usufruir todas as boas possibilidades do nosso armário, esquecemos roupas novas ainda com as etiquetas, parecemos personagem de desenho animado com seus mesmíssimos vestidos e assim ficamos aprisionadas em uma única imagem em frente ao espelho.
E isso reflete nas nossas escolhas na hora das compras: se o que você mais precisa é de um short para dias ensolarados de lazer, ele fica de lado para que se abasteça os cabides com mais exemplares de blusas pretas, de calças jeans e por aí vai. A cada oportunidade aumenta-se a coleção de uma peça, lota-se o armário sem saber, ganhamos um cacoete ao nos vestirmos, apelando para o simples e descomplicado.
(um dos looks que eu mais amei, com blusa de renda sobre vestido: pretinho quase total mas brincando com texturas. Exercício para fugir da mesmice e mostrar possibilidades com essa peça)
Se eu for além e disser que nem todo mundo fica bem de preto? Que não é uma cor que favorece todos os tons de pele? NOTÍCIA BOMBÁSTICA! Medo, terror e pânico! hahahaha!
Claro que existem meios de burlarmos essa questão, ninguém precisa surtar e jogar as roupas fora, rs, mas é essencial perceber o quanto podemos nos apoderar das ferramentas e perceber moda e estilo pessoal como ferramentas leves, que só precisam de treino no seu manuseio, de um olhar seguro sobre si mesma e suas escolhas. =)
Voltando às minhas blusas: eu amo preto, fico super bem nessa cor, mas também fico linda (modesta, haha) com azul, alguns tons de verde, cores mais vibrantes como pink ou um vermelho aberto. Ao invés de lotar a mala de viagem com cores escuras, posso me programar e montar algumas produções mais coloridas, mais de acordo inclusive com a minha personalidade e sair do previsível.
Aproveitei para tirar as de malha mais antiguinhas (só dessas eu tinha duas idênticas!), as que já apresentavam desgastes e fiquei com o número fantástico de 8 itens, hahaha! Abri espaço para novas cores nessa gaveta e mantive uma boa diversidade de blusas escuras com algumas para dias mais calorentos, outras para eventos e algumas basiconas para o dia a dia.
Quando organizamos nosso armário e fazemos um inventário do que temos, com a ideia de desapegar e abrir espaço principalmente, sabemos melhor do que compramos por repetição e do que precisamos MESMO para fazer nossos looks funcionarem.
E você, tem alguma mania no guarda-roupa? 😉