Jojo Todynho "invadiu sua praia" no Baile da Vogue

Confesso que não sou uma espectadora assídua de tapetes vermelhos nas grandes premiações ou festas. Primeiro porque é um estilo que não me interessa muito – já que não entendo nada de traje de gala -, depois porque é raridade vermos gordas nestes eventos, e quando vemos, tenho a impressão que os vestidos são sempre inferiores aos das magras se falarmos de modelo, material e corte de uma maneira geral.
Aqui no Rio, um dos tapetes vermelhos mais esperados do ano é o do Baile da Vogue. Sempre naquela expectativa de quem vai arrasar, quem vai escorregar ou simplesmente não entendeu o tema (esse ano o tema foi Divino Maravilhoso, celebrando a pluralidade de culturas no Brasil), essas coisas.
Esse foi o primeiro ano que acompanhei, já que confirmaram a presença do ícone da estação, a cantora de funk Jojo Todynho. É triste constatar que em 15 edições do evento, é a primeira vez que uma gorda é convidada – com status de musa, pra afrontar ainda mais – e podemos ter um referencial de traje.

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Juliana Paes e Jojo Todynho

Temos sim outras personalidades gordas. Temos atrizes globais como Mariana Xavier e Fabiana Karla, poxa! O mais próximo que chegamos de traje plus size no baile foram as peças usadas por Preta Gil em algumas edições anteriores, mas realmente faltava ver uma gorda de verdade. Imagino também que não seja tarefa fácil conseguir um traje legal e à altura da festa – já que encontrar um estilista disposto a vestir uma gorda é uma missão bem árdua.
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Preta em edições anteriores do Baile

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Jojo chegou ao baile usando um vestido assinado pela estilista mineira Leticia Manzan, e que, segundo a cantora, simbolizava as igrejas barrocas de Minas Gerais. A peça tinha uma super fenda nas pernas, mangas compridas, e, para não sair do estilo da funkeira, um decote generoso. Para a apresentação no palco, ela usou um macacão criado por Almir Slama com cerca de 6 mil paetês. A inspiração não podia ser mais temática: o primeiro álbum de Gal Costa, Divino Maravilhoso. Infelizmente não achei fotos do look inteiro, estava ansiosa para ver.
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A presença de Jojo no Baile da Vogue é emblemática. Ver uma mulher negra, gorda e periférica ocupando esse tipo de espaço dá um quentinho no coração e eu espero que seja só o pontapé inicial de uma grande mudança nos tapetes vermelhos. Que mais estilistas badalados a procurem – ou a outras gordas – com a intenção de vesti-las para premiações. Que cheguem mais convites para apresentações. Que a diversidade que tanto falamos vire realidade nos grandes eventos brasileiros.

mari-rodrigues-hoje-vou-assim-offMariana Rodrigues
Carioca, 30 anos, gorda. Tagarela de carteirinha, fã de chá gelado e viciada em bons debates na internet. Apaixonada por moda e televisão, escreve sobre esses e outros assuntos também em seu blog aquelamari.com
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