As bolsas, brincos, acessórios de cabelo e nécessaires desta coleção foram criadas em parceria com mulheres encarceradas e egressas do sistema prisional, que estão em busca de um recomeço. Elas fazem parte do Movimento Eu Visto o Bem, que atua na ressocialização de detentas e ex-detentas do Sistema Prisional de São Paulo desde 2016.
Os preços são bons (as bolsas custam em média 120 reais), e as peças são inspiradas na estética cottagecore, trazendo estampas e cores que traduzem a estação. Todas levam uma tag em papel reciclado para identificar os produtos, com a descrição sobre as boas práticas envolvidas na produção. A coleção está disponível em lojas físicas de todo o Brasil e no e-commerce da Renner.

Por meio da confecção de produtos sustentáveis, o projeto oferece a elas uma oportunidade de profissionalização e fonte de renda. Isso significa um novo começo para essas mulheres e impacta de forma positiva todo o seu entorno social.
A coleção foi produzida em um trabalho conjunto da equipe de Estilo da Renner com as integrantes do movimento Eu Visto o Bem, desde a concepção criativa até o desenvolvimento final dos produtos. O resultado são itens como bolsas, brincos, acessórios de cabelo e necessaires que carregam não apenas práticas sustentáveis e informação de moda, mas também a história do movimento.
“O Brasil é o quarto país com o maior número de mulheres encarceradas no mundo. Ao oferecermos a oportunidade de elas gerarem renda e se ressocializarem, não impactamos só as detentas, mas todo o seu entorno social. A união com uma empresa como a Renner, que tem uma atuação socioambiental consistente, é fundamental para fazermos a diferença”, comenta Roberta Negrini, idealizadora do Eu Visto o Bem.
Em 2020, o movimento Eu Visto o Bem beneficiou cerca de 200 mulheres, contribuindo para a reinserção delas na sociedade. Também impulsionou a economia circular, reaproveitando 120 quilos de sobras de tecido e contabilizando a reciclagem de 12 mil garrafas PET/mês.
Ainda de acordo com o site da Renner “Dentro do nosso compromisso de construir uma moda cada vez mais responsável, produzimos essa coleção com tecido de baixo impacto ambiental e lixo zero. Os materiais utilizados são sobras de algodão e fibras de garrafas PET, que foram reciclados e ganharam uma nova função.”
A tendência escolhida para dar vida a essas peças – que unem responsabilidade social e ambiental – é a cottagecore. Uma das apostas da estação, ela remete à vida no campo, valorizando a simplicidade, o acolhimento e o romantismo, através de cores suaves e estampas de elementos da natureza.
O que você achou, Ana?
Eu acho a iniciativa de levar esses projetos pro grande público muito maravilhosa. A Eu Visto o Bem tem um trabalho primoroso. Mas, antes de tudo é preciso lembrar que o sistema carcerário brasileiro é horrível com essas mulheres, que não conseguem muitas vezes ter acesso a absorventes. Sou a favor da revisão do sistema penitenciário (leiam esse artigo do Conectas!), apesar desses projetos serem incríveis para beneficiar mais mulheres e ajudá-las na reinserção na sociedade, temos que rever as leis que são legisladas e tornam o nosso sistema carcerário um dos piores do mundo.
Não adianta comprar roupa bonitinha e não votar em candidatas que lutam pelos direitos humanos e isso inclui a revisão do nosso sistema penal.
E não caiam nesse papo da descrição de alguns itens, sobre a composição de algumas peças serem de poliéster reciclado a partir de garrafas PET:
“O poliéster é essencial na indústria da moda porque foi responsável por diminuir o aspecto de amassado da roupa. Como é feito a partir do petróleo, tem características plásticas como uma menor respirabilidade. Na lista de prós, a possibilidade de ser feito a partir do material reciclado, como garrafa PET. Sempre é um ponto positivo ao pensar nas matérias-primas que compramos, certo? Feito com algodão desfibrado a partir de sobras de resíduos têxteis e/ou poliéster proveniente da reciclagem das garrafas PET”
Segue trecho do texto do ótimo site Modefica, que explica como a indústria manipula para que acreditemos que estamos fazendo nossa parte. Sugiro leitura na íntegra aqui.
“Dentro do universo da sustentabilidade, há duas grandes motivações de discurso para usar plástico reciclado no lugar do poliéster. A primeira, e mais óbvia delas, é o fato de transformar lixo em algo novo. A reciclagem, por si só, já tem um caráter positivo intrínsico a ela. O entendimento comum é que reciclar é sempre a melhor saída. Depois, entendemos que, ao reciclar, nós não estamos mais extraindo matéria-prima virgem, no caso do poliéster, de origem não-renovável, para produzir produtos novos.
Porém, no caso de tecidos de plástico reciclado, além da reciclagem ser falha (como veremos mais adiante) e demandar inserção de matéria-prima virgem para conseguir qualidade da fibra, não podemos nos esquecer dos microplásticos. Independente da estrutura do fio e da trama, tecidos de plástico soltam micropartículas no processo de lavagem. Se colocarmos água quente e uma maior fricção, por exemplo, o desprendimento de pedaços microscópicos de plástico dos fios aumenta. Esses microplásticos, por vezes, não são filtrados em nenhuma etapa do processo de tratamento de esgoto e acabam voltando… para os oceanos.”
Bom, claro que isso não anula a iniciativa do projeto, mas só para não acharmos que é tudo lindo e maravilhoso o tempo todo, atentas.
Renui trechos da matéria da Exame, do site da Renner, e da Atemporal para esse post.
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