Dei uma sumida daqui e diminui consideravelmente as postagens nas redes porque me separei do pai da minha filha e a vida deu um nó, como era de se esperar. Estamos nos adaptando, eu e ela, a uma nova rotina sendo só nós duas com a presença esporádica do pai. Esse ano que eu tinha tantos projetos para colocar em prática, em janeiro estava fazendo planejamento empolgadíssima, mas para não me sentir ainda mais sobrecarregada, em sua maioria foram todos engavetados.
Já sofri, já me chateei, mas hoje estou vivendo um momento de cada vez e entendendo que não estou deixando nada pra trás, só aguardando o melhor momento para retomá-los. Ter essa clareza me deixa menos estressada e mais segura do que preciso fazer hoje para ficarmos bem, que é o mais importante. Claro que ter dinheiro faz parte desse estar bem, por isso fiz as pazes com meu trabalho, adaptei algumas coisas e voltei aos atendimentos presenciais, o que têm ajudado muito! Isso tem me trazido alguma segurança e também ajudado com minha autoestima.
(O look acima eu repeti inúmeras vezes esse ano, viajei com ele pra SP e funcionou demais)
Estou dizendo tudo isso porque é claro que ter ficado solo com ela, sem uma rede de apoio fixa (tentamos escolinha mas não deu certo, estou vendo uma mudança pro meu bairro antigo pra inscrevê-la por lá), sobrecarregada nível máximo, trouxe consequências para como me visto e como tenho percebido meu estilo pessoal, pro meu consumo e o que é vendido pra gente como prioridade.
Quando se é mãe solo (mãe solo aqui não é sobre não ter pai presente ou que não assumiu o filho, mas a mãe que fica responsável pela criação e bem estar da criança a maior parte do tempo), é fato que você vai se sentir insuficiente em muitos momentos, porque é humanamente impossível suprir tantas necessidades sem uma aldeia. E como consequência da exaustão, eu diminuí consideravelmente meu acesso às lojas e às compras virtuais, porque simplesmente não cabem mais no meu diminuto tempo livre nem no meu orcamento.
Escolher roupas na presença de uma bebê de dois anos e meio é uma tarefa impossível quase. Primeiro porque a maternidade trouxe muitas mudanças no meu estilo e meu closet ainda tem peças que não fazem mais sentido, mas mantenho porque roupa (assim como tudo), está caro demais. Eu fico mais incomodada com o que aperta, com o que dificulta dar mamá, com o que não faz sentido (roupas de tecidos delicados, por ex.) ao sair com uma bebê. E é MUITO dificil se arrumar com calma com ela mexendo em tudo, jogando no chão.
Em outros momentos bate a angústia que adoraria usar várias peças para tirar o atraso de tanto tempo sem usá-las, aí fico meio barata tonta pensando qual quero vestir. Têm acontecido frequentemente um tira-e-bota-sem-fim de looks, no final dá tudo certo, porque acho que não sobra nem tempo pra autocrítica, hahaha!
Sei que o que me ajuda é ter um acervo de ótimas peças, ser consultora de moda com um olhar já treinado, entender meu estilo, mas quero compartilhar aqui também essa nova realidade, que traz muitas camadas ao que parece ser fácil, mas na hora do perrengue, não é. Eu sou uma pessoa que precisa de silêncio, que gosta de ter tempo para executar as ideias, não funciono bem com caos e bagunça. Não é simples não ter mais seu tempo para você.
O que tem me ajudado:
Replica Nautilus 5711G-001 Patek Philippe
– Ter tirado muita coisa que não fazia mais sentido ou não cabia, para diminuir a confusão na hora de me vestir
– Ter em mente que um dia isso vai passar, que faz parte do momento de vida e não posso me massacrar com isso
– Ter feito o exercício de experimentar looks antigos, de fotos daqui; com isso, pude ver o que ainda funciona e o que gosto e vale a pena reprisar!
– Quando estou animada, aproveito e separo algumas ideias e inspirações na minha arara para colocar em prática quando pintar a oportunidade. Aí na hora de me vestir com Nina junto, fica mais fácil, ou menos difícil, rs.
– Repito um look quando gosto dele e me sinto bonita, quantas vezes forem necessárias
Por exemplo, este look é a junção de duas peças da mesma marca, que usei agora em Brasília, final da época da seca, maior calor. De algodão, funcionou pro conforto térmico e ainda ficou bacana pra trabalhar. Vou repetir no verão carioca, sem dúvida. Pensei nele alguns dias antes da minha viagem.
Essa foto é o print de um Reels que fiz pro instagram, de um look que repeti algumas vezes que saí sozinha e adorei, recebi muitos elogios! Comprei a blusa recentemente em um brechó em SP e quis usar logo para aproveitar o frio incomum em terras cariocas. Não pensei nela com mais nenhuma outra parte de baixo por pura falta de tempo, e já que deu super certo com a calça, repito sem dó. Quando a inspiração vier, testo ela com outras peças.
Esse look foi a repetição de um que usei em Portugal em 2019. aliás, o vestido foi comprado em um brechó de Lisboa. Tava frio semana passada, queria me vestir rápido para sair sem a cria, aproveitei ele com essa legging. Fiz o link de cor roxa da estampa com a do tênis. Nesse dia eu queria muito ter elaborado melhor o look, vestido outras peças, mas estava cansada e sem paciência.
Mas é isso, eu não saio de casa todos os dias para trabalhar, o que reduz meu estresse com isso consideravelmente. Mas também é difícil quando preciso sair e Nina percebe que estou arrumada – ela me vê com uma roupa diferente das roupas de ficar em casa e já rola um choro.
Mas olha gente, esses foram os meus dias de vitória. Tenho inúmeros looks não registrados em que saí com a roupa do corpo porque senão não ia dar tempo, de sair com a mesma blusa todos os dias, de não lembrar nem com que roupa eu tava, isso já na fila do supermercado. A exaustão é real, e não podemos nos cobrar de estarmos incríveis sempre. Bate uma tristezinha? Sim, não vou mentir. Mas também não quero jogar mais uma cobrança no meu colo, seria desleal comigo.
Vestir estratégico é o cacete!
Tenho ajudado muitas mães atendendo na consultoria de estilo, e ter esse olhar empático tem feito toda a diferença, porque eu vivo isso na pele. Tem me dado um ranço absurdo de profissionais de moda que mandam essa de vestir como estratégia, de não sair de casa desarrumada para causar uma boa impressão. Ou de ficarem nessa baboseira de looks elegantes, condenando peças super práticas para mães de crianças e bebês, como a bermuda biker.
Ou de considerarem desleixo quem simplesmente nao liga a minima por lookinhos, que ama ser básica.
Eu to cansada até pra pensar em jeans e camiseta, sabe? E amo não me importar mais com isso. Não quero mais imposições, quero um abraço.
Quase sempre são mulheres que não fazem ideia do que é a vida das mães. Acho importante olharmos mais pro lado e ouvirmos as mulheres: se estamos tão exaustas, faz sentido ainda adicionar equações que nos excluem?
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