Ep 19 Podcast Moda Pé no Chão: minimalismo e felicidade, com Fê Neute!

O bate papo desse episódio tem a presença da querida Fe Neute, do canal do Youtube Fê-liz com a Vida, que já foi nômade digital e viveu somente com o que tinha numa mala, hoje mora em Nova Iorque. Eu e Fe acompanhamos o trabalho uma da outra há tanto tempo, com tantos assuntos em comum, que tinha que rolar esse featuring! E foi muito legal! A Fe estudou sobre felicidade e aborda em seus canais temas sobre autoconhecimento e simplicidade!
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Falar de minimalismo como estilo de vida está em voga, mas o que seria um guarda roupa minimalista?
Seria ter um número mega reduzido de peças básicas cinzas e listradas? E como ser minimalista num mundo que gera desejo de consumo o tempo todo, como símbolo de status social? Será que minimalismo não é mais um conceito que só dialoga com quem detém os privilégios – muito fácil eu ter tido acesso e opções sempre e agora chegar já “determinando” quem começou a ter poder aquisitivo agora ou opções mesmo, e criticar por ter roupas a mais do que eu considero algo mais minimalista. Não! Sem essa de polícia fiscal do armário alheio!
A conversa rendeu de um jeito tãooooo gostoso, gente! Dá o play e conta pra mim depois, porque tem tantos insights bacanas, acho que foi um dos podcasts que eu mais amei gravar!

Podcasts são conteúdos em áudio, transmitidos pela internet através de apps. Aqui no Brasil já estamos ganhando mais adeptos nessa forma de comunicar conteúdo, que têm várias categorias, de humor a notícias. O meu é um dos poucos sobre moda, já que é uma mídia mais difícil de passar um tipo de informação que se apoia muito em imagens.
Dá pra ouvir na academia, enquanto amamenta, lava a louça, a caminho do trabalho, durante uma viagem. Pausar, ouvir mais tarde, re-ouvir algum trecho. 🙂
Moda pé no chão traz periodicamente temas práticos para quem quer ser feliz com o que tem sem gastar muito, com convidados para discutirmos assuntos pertinentes sobre consumo consciente para todos os tamanhos, bolsos e idades. Para quem quer vestir-se de si mesma sem complicação, com ideias simples, dicas certeiras, críticas e opiniões sempre muito sinceras.
O episódio já está disponível nos aplicativos de podcast pra IOS e Android, como Spotify, Soundcloud, Apple Itunes, Castbox, Overcast, We Cast e muito mais! Procure no seu app de Podcasts ou de áudio!

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Perder roupas por variação de peso: e agora?

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Uma das poucas calças que ainda me servem

Eu engordei 7kg em menos de um ano. Antes de me separar, tinha emagrecido bem, não conseguia comer. Aí veio mudança de vida, um novo casamento, uma nova rotina, falta de exercícios, muito trabalho (exagerei ano passado), muitas viagens e comilanças por onde passei…hehehe.
Mas esse post não é sobre minha reação com meu peso a mais – até porque eu estou me achando gata e gostosa bagarai –, mas com as minhas roupas.
Como eu nunca havia chegado nesse peso que estou hoje, nem chegado perto, aliás, obviamente minhas roupas não estão cabendo, em sua grande maioria, ou estão apertadas ou marcando.
Se antes eu me arrumava super rápido, hoje tem sido mais dramático. Penso no look, vou lá provar a parte de baixo…não fecha. Apertado. Me sufocando. Tiro, coloco outra, mesma coisa. Minhas peças curingas e amadas, nem elas se salvam.
Confesso que fico chateada mais por demorar a escolher uma roupa que não me aperte, do que pelo ganho de peso.
E aí eu olho pro meu armário, cheio de roupas. Muitas delas maravilhosas, que eu amo de paixão, que me acompanham há tantos anos. O que fazer? Comprar tudo de novo? Gastar essa grana? Guardar todas elas em contêineres?
Bom, comprar tudo tudo tudooo de novo, não, né. Primeiro, por ser difícil encontrar peças boas como as que eu tenho há tanto tempo. Tarefa árdua, eu diria.
Segundo, porque não rola gastar uma grana assim. Não é uma variação de peso muito significativa, como acontece com algumas pessoas que, por uma série de motivos, engordam bem mais que 10kg ou emagrecem algo nessa proporção ou mais. Elas precisam observar o peso que estacionou para levarem peças novas para seus armários, e isso será um processo, um investimento.
No meu caso, me chateia não ter mais tanta opção. Já me culpei e cobrei sobre isso.
Mas, quer saber? Não estou afim de me sacrificar por roupas. Estou ativa, voltei pro pilates, segurando a onda quando viajo, ciente dos meus 40 anos, e é isso. Que seja um processo!

A redescoberta do armário

Não guardei as roupas – até porque são muitas – mas deixei mais à vista as peças que estão cabendo melhor ou que são adaptáveis. Elas continuam ali, não me afrontando, mas me inspirando com suas cores e belezas. Como quadros bonitos, entendem?
Experimentei roupas que estavam esquecidas em meio a tantas outras. São as que couberam, mas que estavam encostadas e ganharam uma nova chance de se mostrarem incríveis nos meus looks diários.
Por incrível que pareça, estou AMANDO usar blusas justinhas! Estou me sentindo gostosona nelas hahaha! E pensar que a Ana de anos atrás usava tudo largo por “vergonha”…
Deixei separado pra ajustes peças que eu tinha feito pence, para soltá-las.
Compreendi que as roupas que não cabem mais (e que podem voltar a caber) foram maravilhosas em muitos momentos comigo. Cumpriram e ainda podem cumprir suas funções, mesmo que seja pra mostrar que aquela peça não cabe mais na sua vida.
Que você pode abrir seu olhar pro novo, se perceber com outra silhueta em outros shapes. E se entender assim. As roupas estão lá, mas meu corpo continua vivendo, me dando prazer, me levando. Eu continuo.
As roupas que nem cheguei a usar e agora não usarei mesmo porque não cabem, foram uma lição também. Roupas que guardei pra uma ocasião ou que não tiveram chance porque eu tenho roupa demais. Ou seja, se não usei mesmo antes, isso quer dizer que elas não tinham lá muita função no meu armário.
A Ana de anos atrás se torturaria. Essa Ana aqui, não. Não são botões abertos que farão meus dias mais pesados. E, sendo muito realista, eu ainda tenho muita opção. Que privilégio, né não?

Visita à fábrica da FARM para o Fashion Revolution

Semana passada estive na fábrica da FARM juntamente com representantes de veículos voltados para sustentabilidade e do Fashion Revolution, a convite da marca, que abriu suas portas por conta da semana do Fashion Revolution, um movimento internacional que promove o questionamento às marcas da origem dos seus produtos e da sua cadeia produtiva. Eu fiquei pensativa, mas fui, porque é meu dever quanto veículo investigar e ser curiosa. Bom, é dever nosso! 🙂

A marca, que surgiu num estande da Babilônia Feira Hype, há duas décadas, criou um conceito de estilo de vida e tornou suas estampas objetos de desejo. O que acontece é que, no meio do caminho, muita coisa errada rolou: atendimento notoriamente excludente das lojas, casos comprovados de plágio, baixa qualidade dos tecidos e do acabamento dos seus produtos, com inúmeras reclamações de roupas não durando nem uma lavagem, e, com tudo isso, falar/escrever sobre a marca não é tarefa das mais simples.

Por isso, gente, eu estou dando margem para mostrar o que a marca apresentou de propostas e mudanças no setor da sustentabilidade/economia circular e depois fazendo minhas impressões e críticas sobre. Muita coisa foi dita lá na hora, inclusive.

Fomos recebidas pela Taciana Abreu, head of Marketing da marca, que apresentou as propostas de mudanças da marca para discutirmos sobre.
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Ela apresentou algumas das iniciativas baseadas em economia circular – segundo a Wikipedia, a economia circular é um conceito económico que faz parte do desenvolvimento sustentável e de conceitos econômicos inspirados nomeadamente em noções de permacultura econômica, de economia verde, de economia de uso ou da economia de funcionalidade, da economia desempenho e da ecologia industrial, e que emerge como alternativa à economia linear. O que propõe é que os resíduos de uma indústria sirva para matéria-prima reciclada de outra indústria ou para a própria. Não só isso, como, pretende desenvolver produtos tendo em mente um reaproveitamento que mantenha os materiais no ciclo produtivo. O modelo circular assume que os produtos e serviços têm origem em fatores da natureza, e que, no final de vida útil, retomam à natureza através de resíduos ou através de outras formas com menor impacto ambiental.
Mais abaixo, quando eu mostrar a visita à fábrica, falarei melhor sobre esses pontos levantados.
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ROUPAS QUE NÃO DURAM

Comentei com ela sobre a baixíssima qualidade das roupas, com tecidos que encolhem muito, botões que saem antes mesmo do uso, alças que soltam, entre outros relatos e vivências pessoais, a minha mesmo. Se estão falando de sustentabilidade, esse tópico é importante, porque a roupa precisa durar para aumentar sua vida útil, óbvio.
Ela comentou que estão cientes, mas que estão focando em campanhas para que suas clientes cuidem melhor das roupas. Falou do desodorante de roupas que lançaram, o VISTO BIO, para reduzir a quantidade de lavagem das peças, e de orientação nas lojas para que as clientes lavem menos suas roupas e saibam cuidar mais delas no processo de lavagem.
Todo mundo concordou na hora, é sabido que nem sempre lemos as etiquetas e seguimos as orientações…mas eu lembro que lavei meu blazer seguindo tudo direitinho, fiquei meses e meses usando ele sem lavar, mas na primeira lavada ele encolheu do tamanho M para o PP, como mostrei nesse post que fiz na época. Sem contar que é jogar pro consumidor a responsabilidade. Não fizeram comentários sobre meu relato.
Também falou do projeto de colocarem costureiras nas lojas para conserto das peças e quem for do Clube FARM não paga. Achei essa medida nada efetiva, porque imagina só a demanda dessas mulheres consertando o TANTO de roupa estragada da marca? Terão que ser bem remuneradas.
Achei todas as medidas paliativas, quando penso: melhorar a qualidade! Entendo que é um trampo maior testar o tecido numa peça-modelo, lavar, observar encolhimento e sua durabilidade. Não dá pra lavar rolo de tecido e sempre existirá uma margem de encolhimento, mas acredito na infraestrutura da empresa para pelo menos rever isso e buscar o melhor para seu produto.

CAMINHO DAS ROUPAS

Uma das telas foi sobre o percurso das roupas da marca, desde a idealização ainda no computador, até a sua execução. Reescrevendo para cego ler:
As peças começam no conceito e desenvolvimento, onde 16 funcionários da área de estilo/arte criam cerca de 90 estampas por coleção. No estilo 46 funcionários desenvolvem 100 referências por coleção, para depois definirem as apostas, as que serão colocadas em loja. A partir disso, vem a compra da matéria prima, onde eles têm 120 fornecedores, dos quais 96% estão no Brasil. O corte do tecido acontece depois: são 40 funcionários que cortam as peças, criam pacotes e enviam para a costura, que já recebe as peças prontas para confecção. São 382 fornecedores de facções, os quais 92% estão no Brasil. A fase final é a loja, com 1301 funcionários pelo Brasil todo.
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Fomos conhecer a parte de criação e desenvolvimento da empresa, desde a fase inicial, ainda na tela do computador, à impressão e exposição das estampas. A FARM é conhecidíssima pelo seu trabalho de estamparia, muito colorido, orgânico e com um estilo carioca. Por conta desse conceito, a FARM é das poucas marcas que conheço aqui que continuam com o mesmo valor agregado depois de usadas, se não mais caras, para a revenda.
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A parte do corte das roupas seguindo o molde.
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Cada parte da roupa é cortado, criado esse pack, que é enviado para os fornecedores de costura, que não precisam cortar nada, diminuindo a quantidade de resíduo – que já é grande, vem comigo.
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RESÍDUOS TÊXTEIS E SOBRAS

Todo mês a FARM gera 64 toneladas de resíduos têxteis. É MUITA coisa, muita, se considerarmos que não são uma fast fashion. A Taciana comentou que estão buscando alternativas que não seja despejo em aterros sanitários (no Brasil não temos uma lei de reciclagem têxtil).
Eles possuem uma máquina de desfibrar que dá conta de 1 tonelada/mês. Desfibrar nem sempre funciona para reaproveitamento por conta da mistura de fibras.
A outra 1 tonelada é doada mensalmente para a Rede Asta, que atua desenvolvendo artesãs em empreendedoras. A Rede Asta entrou em contato comigo e contou o quanto essa parceria com a FARM beneficiou o trabalho das artesãs, por serem estampas valorizadas, a saída e compra são maiores, aumentando também o valor do trabalho delas e o quanto elas ficam felizes com isso. Aqui nesse link da Rede, eles explicam como funciona a parceria e os produtos desenvolvidos – elas assinam inclusive um termo para usarem os retalhos apenas para artesanato.
Uma coisa que reparamos foi que muitas sobras estavam molhadas, até comentamos na hora…não entendemos direito como, mas armazenadas assim corriam o risco de mofarem e dificultarem a doação.
Dilemas do capitalismo: geram tantas sobras, porque geram demandas de coleções sempre. Alta demanda, lucro -> maior impacto ambiental. Como reduzir isso se nos deparamos com aquela fábrica gigante?
Taci comentou que estão em busca de projetos como alternativa, mas muitos são embarreirados por questões legais, de fiscalização, etc. Vamos acompanhar.

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Funcionário levando as sobras para os contêineres

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As sobras de rolos de tecidos vão para iniciativas de revenda, troca e doação de tecidos, reunindo um acervo grande, como o Banco de Tecido e Nosso Tecido, que também entregam para todo país. Todos esses tecidos são mapeados para informarem as suas origens, oriundos de doações e curadoria de especialistas voluntários.
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Projetos com Re Roupa e Enjoei

A FARM também lançou há algum tempo campanhas de retorno das suas roupas em troca de desconto na compra de novas. Essas roupas de segunda mão são colocadas à venda, quando em bom estado, na loja deles dentro do site de venda de usados, o enjoei.
O Re-roupa é um projeto de upcycling capitaneado pela Gabriela Mazepa, que cria roupas a partir de roupas. Ela tem essa parceria com a marca, de recriar a partir de peças existentes, que são sobras de lojas ou do projeto de retorno das peças às lojas. Mas mesmo assim são itens de de alto valor agregado, já, por isso é um trabalho que não é barato. Existe a criação, ainda mais se considerarmos que ela transforma calças em camisas, junção de estampas é algo trabalhoso, além da própria modelagem em si. As peças são únicas e têm uma produção limitada, porque é tudo produzido pela equipe da Gabriela, além da limitação de recursos existentes.
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O ReFARM JEANS é a linha de peças jeans feitas de reaproveitamento das sobras e fibras, com redução de 47% do uso de água e de tempo de confecção. As peças vem com uma estampa diferenciada para aprontar todo o beneficiamento desse projeto.
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LISTA SUJA?

Também foi colocado sobre a FARM pertencer ao Grupo SOMA, que respingou nas marcas todas o caso referente a Animale, cujo fornecedor da rede quartenária foi flagrado com bolivianos em condições análogas a escravidão. A FARM está no processo de auditoria para prevenir esses episódios e poder regularizar seu nome na lista de transparência  – a Cotecna é um serviço global que testa, inspeciona e provém essas certificações. Eles informaram que muitos processos são dificultados para, um deles é a limitação desses agentes em áreas de risco com alto índice de violência ou comunidades e outros critérios mais burocráticos.
A marca divulgou suas políticas anti-trabalho no índice de transparência do fashion Revolution Brasil, além de pagamento de hora extra e melhoria progressiva sobre direitos humanos dos funcionários, além de metas para o empoderamento das mulheres segundo o Pacto Global da ONU. Essas infos foram captadas pela jornalista Gabriela Machado, do Roupartilhei, que estava lá conosco no dia.
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IMPRESSÕES FINAIS

Atualizado 25/04/2019
Ontem eu estava meio cansada, confesso, para escrever mais algumas coisas sobre. Hoje, debatendo com minha amiga Thais Faria, vimos o quanto essas soluções e inciativas não visam em mudar efetivamente o sistema, nem em melhorar qualidade das peças e do atendimento. Pelo contrário, gera mais demanda, como venda de canudo de inox e desodorante de roupas. Ou de colocar como único problema a lavagem das roupas pelo consumidor e as costureiras para resolverem todo o estrago.
Iniciativas que não solucionam muita coisa, mas a marca consegue sempre se manter por conta da super valorização das estampas. Mas como Taciana Abreu comentou no dia, quando elogiaram a postura deles de conversarem conosco, “não é mais que nossa obrigação” – e eu pontuei que não era mesmo, mas ainda precisam mudar muita coisa nesse discurso, porque os problemas estão longe de serem solucionados. E que empresas que não estão ligadas nisso vão arcar com as consequências em algum momento.
É um processo que todos nós estamos entremeados, tanto consumidores quanto marcas, mas estas com o peso beeem maior de ressignificar seus modos de produção para que o mercado mude também.
A Raquel Sodré, leitora do blog, comentou comigo que esse assunto é o objeto de estudo da sua tese de mestrado. Palavras dela “sobre essa mudança de foco, do produto para a própria marca, onde os consumidores têm dado mais valor para as experiências que para os produtos em si. O valor agregado é percebido à própria marca, fazendo os valores subirem. Está havendo uma mudança de mentalidade da compra de objetos que funcionam como símbolos de valores, identidades e estilos de vida. Esta é uma forma que as marcas têm de continuar gerando lucro, mas também menos impacto. Claro que esse movimento está no início e ainda vai levar anos até vermos os impactos dessa mudança”.
Acompanhemos e estejamos atentos para ouvir todos os lados.

Você acha que roupa é investimento?

Você acha que roupa é investimento?
Eu sempre me referi a roupas como investimentos. Roupa boa, com tecido bacana, pra durar muito, que comuniquem como eu me expresso pro mundo, de marcas que me identifico: investimento.
Mas há também o lado de considerar roupas como bens. Status quo. Armário lotado, signo máximo de ter seu dinheiro pra comprar o que quiser, ou o sonho materializado, aquele desejo mais íntimo. Mas também o hábito de comprar por comprar, da “maniazinha” de ir ao shopping e comprar nem que seja um lenço, afinal, roupa é investimento. Será?
Roupa NÃO É investimento no sentido mais literal da palavra, se pensarmos assim. Roupa estraga, mancha, rasga, por mais que se tenha cuidado. Se quiser vender depois, dificilmente valerão o que se pagou. Comprar pode virar um hábito e tudo pode justificar aqueles gastos.
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Gosto de comprar roupas legais? Sim! Acho ainda que fazem parte desse pacote dos meus investimentos pessoais. Mas tenho questionado muito o direcionamento do meu dinheiro, já que eu me apoiava muito nessa argumentação pra justificar alguns gastos além.

Menos redes sociais e anúncios

Anúncios e postagens que reduzam mulheres a seres descontrolados por comprinhas; que mostrem a importância (muitas aspas aqui!) de bolsas de grife para afirmarem seu status e posição; que incentivem um consumo além do que a pessoa previa. Essas estratégias que institucionalizam que “mulheres são assim mesmo” e por isso objetos de desejo são afirmações frequentes das nossas vidas.
Quanto mais me alieno das novidades das vitrines, mais fico feliz com o que tenho. Mais percebo o valor do que já possuo, cuido bem, valorizo, inclusive, quando quero estar simples e básica. E que não preciso causar em todos os momentos da vida. E isso inclui as redes sociais – estou deixando de seguir muuuuuuuuuitos perfis de marcas, que eu justificava como fonte de pesquisa para meu trabalho, mas, na real, só me atolavam de informação no feed sem necessidade. Salvei os contatos delas e estou nessa: já foram mais de mil perfis que deixei de seguir, e pretendo dar unfollow em mais umas mil (olha quanta gente eu seguia sem necessidade!). Deixei só algumas que trazem algum conteúdo além, mas no geral não desgostei de nenhuma, só não vi essa necessidade mesmo de ser tentada a comprar o tempo todo!
Estou nesse movimento cada vez maior de olhar mais pra mim, entender mais como me sinto, do que essa busca que eu fazia há alguns anos atrás, pela roupa da marca tal, achados assim assado, tudo porque eu não estava NUNCA satisfeita comigo mesma. Tão mais fácil me entreter com isso do que me observar melhor – eu pensava.
Acho que quanto mais eu me conheço e me respeito e me acolho, menos vontade de consumir eu sinto. Que loucura! Só que boa, hahaha!
E vocês, acham que roupa é investimento?

EP 18 Podcast Moda pé no chão: Looks profissionais!

Aproveitando os temas que rendem aqui e nas redes sociais, mais um episódio do Podcast Moda Pé no Chão, e dessa vez eu verbalizo a experiência e as dicas de como parecer mais profissional com pouca grana! 😀
Recém- saída da faculdade, ainda no esquema jeans, camiseta e tênis, ou fora do mercado há um tempinho, ou ainda encontrando novos rumos profissionais. Em todos esses momentos, a preocupação é a mesma: como parecer mais profissional com pouca grana ou sem gastar muito?
Muita gente tem preguiça de gastar com roupa de trabalho, mas você passa boa parte do tempo com esses looks, para que se sentir desconfortável? A ideia desse ep é mostrar como mudar a cara do vestir profissional com o que se tem, fazendo valer alguns truques de estilo, entendendo como adaptar as ideias para aperfeiçoar o vestir nosso de cada dia, além de aprender mais sobre como se manter fiel ao seu estilo mesmo com limites de códigos de vestir. Vamos nessa, looks de trabalho não precisam ser monótonos! 🙂
Ah, gente, liberamos os downloads dos eps 🙂
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Podcasts são conteúdos em áudio, transmitidos pela internet através de apps. Aqui no Brasil já estamos ganhando mais adeptos nessa forma de comunicar conteúdo, que têm várias categorias, de humor a notícias. O meu é um dos poucos sobre moda, já que é uma mídia mais difícil de passar um tipo de informação que se apoia muito em imagens.
Dá pra ouvir na academia, enquanto amamenta, lava a louça, a caminho do trabalho, durante uma viagem. Pausar, ouvir mais tarde, re-ouvir algum trecho. 🙂
Moda pé no chão traz periodicamente temas práticos para quem quer ser feliz com o que tem sem gastar muito, com convidados para discutirmos assuntos pertinentes sobre consumo consciente para todos os tamanhos, bolsos e idades. Para quem quer vestir-se de si mesma sem complicação, com ideias simples, dicas certeiras, críticas e opiniões sempre muito sinceras.
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5 coisas que não uso mais

Tenho recauchutado alguns assuntos do blog no instagram, conteúdos de 11 anos que eu estou relendo e dando uma nova roupagem ao tema. Nessa pesquisa, observei também váááários looks antigos meus e comecei a fazer uma análise crítica, não de deboche, mas de observar como fui peneirando muito mais minhas escolhas a partir do que eu realmente gosto de usar e me identifico.
Na época eu usava várias coisas modinha para montar looks aqui, era muito pro blog mesmo, ou então ficarem esteticamente mais interessantes (pra isso eu abusava de saltos), ou comprava algo barato só pelo preço mas não conseguia entender porque não conseguia usar…vários equívocos que fizeram parte e hoje eu não repito mais, ainda bem! hahaha!
Vamos às cinco coisas que eu definitivamente, não uso mais ou evito mesmooooooooooo!

Salto alto

Eu usava muito para as fotos, não que eu fosse trabalhar com sapato de salto – e eu contava isso nos posts, que eu dava o truque. Achava que os looks ficariam mais elegantes com salto, essas coisas. Eu realmente manteria em alguns, mas não brinco nem mais de ficar de salto só para parecer elegante nos eventos. Ou uso uma flatform, ou uma espadrile, mas no geral, salto baixo é amor, é saúde, é conforto e eu não quero mais dar pinta em detrimento de sentir dor nos pés.
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Poliéster

Não que eu não use o que tenho aqui desse tipo de fibra têxtil, mas, definitivamente, evito mesmo. Não gosto mais do toque, nem do caimento e nem sinto saudades do calor que eu passava com essas peças, hahaha!
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Sutiã com bojo

Esse vestido mostra bem como eu só usava sutiã com bojo/enchimento e esse caimento que ele faz na roupa, sinceramente…não. Achava meu peito pequeno – e ele é, mas eu amo e acho lindo o formato dele hoje em dia! Aboli completamente os sutiãs, aliás, priorizando o conforto e foi a melhor decisão da vida.
Ah, e olha eu de saltão aí! Nãoooo, certamente estaria de tênis se fosse hoje, hahaha!
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Roupas com estilo romântico

Já até comentei sobre isso, mas na época desses looks (idos de 2009-2010), havia uma tendência de estilos mais românticos nas lojas, com rendas, ombreiras fofas, estampas miúdas e delicadas, peças fluidas, cores mais lavadas.  Eu tinha muita dificuldade de usar essa saia, por exemplo, mas não sacava o por quê. Hoje eu compreendo mais sobre as minhas cores e meu estilo, que não combinam em nada com esse suspiro adocicado desses looks, hahaha!
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Sim, eu tinha o mesmo modelo de casaqueto em duas cores diferentes :/

Saias longas e Vestidos longos

Por fim, saias e vestidos longos. Não consigo mais! Também foram peças super na moda na época e, sinceramente, não rolam mais pra mim, não acho que combinam comigo. Saias midi continuo amando, mas longas…bom, guardei as duas remanescentes que eu ainda consigo fazer alguma graça, mas confesso que não sinto a menor vontade de usá-las, então também devem ir pro desapego.
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E vocês, conseguiram criar critérios para evitar repetir os erros do passado ou que não tem mais nada a ver com seu estilo hoje? hahaha!

Minha mala para viagens curtas

Já que a mala de Portugal foi su-ces-so, pensei em dividir com vocês também as minhas malas para viagens mais curtinhas, que é a minha rotina mensal por conta dos cursos que dou em outros estados.
Há alguns anos eu sofria MUITO para montar mala para um final de semana apenas, ainda mais se fosse evento de moda ou curso no segmento. Deixava para arrumar tudo em cima, sofrendo, e em todas as vezes era comum odiar as roupas que eu tinha levado (levava sempre um MONTE, achando que teria opção) e sair para comprar alguma que ajudasse a melhorar o look. Era cansativo, frustrante e péssimo pro meu bolso.

Como eu faço hoje, viagem de 3 dias e duas noites

Sexta agora vou pra Brasília dar um workshop no sábado. Vou passar a sexta, sábado e volto domingo de manhã. Levo mala de mão e quero lembrar que as roupas dividem espaço com minhas bandeiras e cartelas de cores (ou seja, estão dispostas assim só para vocês visualizarem) e ainda levo uma mochila com meu notebook.
Sexta vou passear um pouco, talvez encontrar amigos e passar uma parte do dia trabalhando no hotel com minha assistente. No sábado será o dia inteiro de curso de cores. Brasília costuma fazer um calorzinho de dia (que é seco, ou seja, acho o sofrimento menor) e um clima mais fresco à noite ou frio mesmo, com vento.

Roupas da mala de dois dias em Brasília:

– Duas blusas, uma camiseta e uma blusa vinho
– Uma calça vermelha de algodão
– Uma jaqueta jeans
– Pijama e calcinhas
– Um colar e um par de brincos
– Necessaire de produtos e make
– Uma sapatilha pro dia do curso e um tênis

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Antigamente eu era mais vida lok4 e levava só UMA blusa e UM sapato. Depois de um curso no final do ano passado em SP, em que a sandália que eu levei arrebentou do nada e a blusa descobri no dia do curso que estava manchada (sei lá como!!), e dei o curso com o aerolook, aprendi também que não pesa tanto botar umas peças extras pra garantir, hehehe!
Então, além de separar o extra, inspeciono os botões, fechos, dou uma olhada se não tem mancha, fio solto, essas surpresinhas.
O look do voo da sexta-feira é um vestido preto não porque eu acredite que temos que viajar de preto, mas tem um pouco disso, sim. Sempre penso se alguma bebida cair durante o voo, não causar tantos danos à roupa, hahaha! E também porque esse é um dos poucos vestidos que está servindo bem, sem me apertar, já que dei uma engordada nos últimos meses.
 
 
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As peças nesse post são específicas para esse evento, mas a base da mala é exatamente essa para qualquer outra viagem curta que eu faço:
– Uma parte de baixo que pode ser uma saia ou uma calça, ou duas calças, caso eu viaje no inverno ou para uma cidade fria, sendo que eu vou vestindo uma
– Duas partes de cima
– Uma terceira peça
– Uma blusa que uso pra viajar com a segunda parte de baixo ou um vestido

Isso para uma viagem de trabalho ou lazer, viu?

Se for para praia, mesmo período de tempo, seria:
– Três blusas
– Dois shorts ou um short e uma saia
– Um vestido
– Biquini e maiô
– Canga
– Havaianas e uma sandália

Não levo vários acessórios porque acho bobagem, às vezes coloco algum lenço também, dependendo do look, ou uma pashimina para os voos ou possíveis mudanças de tempo.
Eu montei a mala ontem, terça, pra viagem de sexta. Levei 15 minutos porque eu já sabia os looks.
Viajar com mais frequência, sem dúvida, ajudou nesse exercício de montar uma mala sem drama, mas principalmente o planejamento e a ideia que é isso que contribui para uma mala bem feita e funcional, que me deixa feliz ao chegar no destino, e não com saudade do meu guarda roupa. 🙂
Vou fotografar os looks em Brasília e venho dar um retorno e mostrá-los! 🙂

Vem aí: meu curso de formação em consultoria de estilo!

Mudamos as datas

Para viabilizar o curso mudamos as datas, até para ajudar quem é de fora da cidade, a participar! Agora o curso será intensivo, dias 23, 24 e 25 de agosto e 30, 31/08 e 01/09!

Quem é mais antiga aqui no blog, vai lembrar que em 2015 eu fui convidada pelo Senac Rio para ser docente do curso de formação em consultoria de imagem. Coloquei várias referências incríveis, com créditos, nos materiais, reuni ideias, revistas e livros, um pouco da minha experiência, e, mesmo com um leve medinho, eu fui.
Na época eu não tinha essa auto referência do meu trabalho. Experimentei na prática o que é ser docente, transmitir conhecimento com a missão de formar profissionais, sentir essa responsabilidade foi muito especial. Eu me senti em casa em frente aos alunos, falando no que eu acredito, incentivando aquelas pessoas e, principalmente, provocando um novo pensamento e olhar sobre moda, sem ilusões, ampliando o debate e aprendendo todos os dias a melhorar minha retórica.
Mas ser professor, infelizmente nesse país, é para os fortes. Os de fibra, os que percebem o peso e a dimensão do que tem nas mãos. O retorno dos meus formandos foi o meu combustível mais incrível. A todos que foram meus alunos, meu carinho e meu amor, minha gratidão por terem me formado professora.
E quero espalhar pro mundo que, mais uma vez, com toda a coragem do mundo e a certeza de que vamos transformar mais e mais o mercado de moda, em julho começarei minha turma de Formação em Consultoria de Estilo, pelo selo do Moda Pé no Chão. <3

MUDAMOS AS DATAS: 23, 24 e 25 de agosto e 30, 31/08 e 01/09!

Um curso sobre o vestir-se da vida real, com didática e abordagem de temas atuais, para pensarmos além de regras, dessa moda que ainda permanece classista e excludente, o que conhecemos por tantos anos na consultoria de estilo. É para quem quer ir além de só entender sobre roupa, mas compreender como o trabalho envolve muito mais uma escuta ativa, sensibilidade, empatia, jogo de cintura, adaptação livre de etapas e processos para adequação dos trabalhos.
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Muito conteúdo, abordagem sem caô dos temas e do mercado, e assuntos que são pouco abordados aqui no Rio, como a etapa de cores, história da moda e moda masculina, com professor convidado, que em breve divulgarei.

Alguns dos temas que serão abordados:
– História da moda (com professor convidado!)
– Diversidade e representatividade
– O mundo pede uma moda autoral, sustentável, com cadeia de produção justa e disruptiva
– Análise cromática sazonal expandida – o teste de cores!
– Estilos e tipos físicos fora da caixinha: sem delimitações, com percepções
– Tudo o que envolve as etapas de um trabalho de consultoria de estilo, esmiuçado e com muitos exemplos
– Precificação, mercado de trabalho, contratos: é possível mesmo viver de consultoria?
– Meios de divulgação criativa e ideias para prospectar, além de frentes de trabalho

O curso será presencial, no Rio de Janeiro, com um total de 48h e acompanhamento do projeto de graduação, uma consultoria com cliente, bem mão na massa, bem prática mesmo!
As aulas acontecerão à noite, às sextas, sábados e domingos, das 9h às 18h, no Centro do RJ.
Ainda quero tentar promover um dia de bate papo gratuito para quem quiser ir conhecer o espaço LINDO, no coração mais democrático do Rio de Janeiro, e falarmos mais sobre o curso. Vou tentar essa data e falar o quanto antes para vocês!

Vamos lá, transformar este mercado! 🙂 As inscrições já estão abertas, clique aqui para saber mais! 

Meu currículo:
Ana Soares é consultora de estilo carioca e mantém há 11 anos o Moda Pé no Chão, uma rede de apoio que foca em desconstruir padrões da moda com uma linguagem autêntica e da vida real, de forma mais sustentável e priorizando o autoconhecimento. Designer gráfico de formação com MBA em Marketing Empresarial pela Universidade Federal Fluminense, trabalhou na área por 15 anos, atuando nos principais escritórios do Rio de Janeiro, principalmente com acompanhamento gráfico, tratamento de imagens e publicações.
Abraçou tanto a ideia de moda para todos que se especializou em Consultoria de Imagem e Estilo pelo Senac RJ e pela Oficina de Estilo; aprofundou-se em Facetelling® pelo método Persoona, da consultora de estilo Cris Alves; estudou Teoria das Cores no Universo da Cor, da pesquisadora Lilian Ried Miller Barros e Coloração Pessoal com Luciana Ulrich, do Studio Immagine; foi docente convidada do curso de formação em Consultoria de Imagem e Estilo no Senac RJ; criou o workshop sucesso de público, Conheça suas Cores, para consumidor final, que já chegou em 11 cidades, no Brasil e em Portugal, com mais de 600 participantes no total, com a proposta de ajudar mais mulheres a entenderem o papel das cores como guia para multiplicarem possibilidades no vestir e como direcionamento para comprar menos e melhor; está escrevendo um livro pela Globo Livros.

Video sobre meu trabalho na internet

Ano passado eu participei das gravações do programa Viralizando, na TV Brasil. Demorou alguns meses para ir ao ar – por isso ainda está como Hoje Vou Assim OFF –, e saiu na época das eleições, o que foi um período intenso, e eu esqueci de compartilhar aqui!
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Eu achei que ficou BEM interessante mesmo, modéstia à parte eu fiquei muito satisfeita com as minhas respostas. Bati um papo com Alan, o apresentador, sobre transição de carreira, como é minha política de trabalho com internet, como trabalhei a construção do meu nome do online para o offline (com meus cursos), enfim, tem techos muito legais!
Clica aqui embaixo para assistir, espero que gostem. 🙂

Como eu tenho lavado minhas roupas

Não lembro se trouxe esse tema aqui pro blog, mas quero contar como tenho lavado minhas roupas. Mas antes preciso dizer que parei de lavar roupa com a frequência que eu fazia antes: primeiro, porque percebi que não havia necessidade mesmo, segundo, ao saber que lavar tanto assim estraga as fibras mais rapidamente.
Eu faço assim: se a roupa não estiver mesmo em um estado deplorável (manchada de suor, suja demais, nem com o odor muito forte), eu a deixo pendurada numa arara que tenho, pegando um arzinho, secando. Tem quem use sprays com álcool e amaciante, uma misturinha mesmo, para borrifar e prolongar o cheirinho na roupa, quase um shampoo a seco. Aí eu guardo de volta no armário ou deixo ali, para repeti-la ao longo da semana e, só assim, colocar pra lavar.
Lavar roupa a cada uso causa um desgaste por fricção no tecido, aumentando as bolhinhas (que são as fibras se rompendo por desgaste) e, pior, com o suo de produtos químicos fortes, desbota a cor, abre as fibras e as torna mais suscetíveis, esgarçando as peças e fragilizando a trama. Parei com sabão em pó e amaciante.
Há uns 2 anos eu parei de usar sabão em pó convencional e comecei a usar sabão biodegradável da Biowash, que tem também tira manchas biodegradável (o kit no site custa pouco menos de 50 reais). Não é publi, hahah, até porque é uma alternativa mais cara, mas a ideia de sustentabilidade começou a pegar mais forte aí também. Toda a química desses produtos vai pro ralo, poluindo mais ainda os rios.

Lavar a mão e usar vinagre

Tento usar o sabão de coco mais natural possível, sem tantos aditivos (uma leitora ficou de enviar o sabão artesanal que ela faz em casa, quando chegar eu aviso vocês!). Esse Só Sabão é da Amor Luso, eu comprei em Lisboa, que não usa aditivos químicos, é artesanal e tem processo de saponificação a frio, sem corantes. É um sabão específico pra lavar roupas a mão!
Gostei também do manifesto que veio nele, falando do ritmo de vida acelerado e o acesso facilitado aos bens de consumo que nos tornam reféns de de uma lógica industrial globalizada. De onde vocês acham que saiu esse conceito de roupa cheirosa, perfumada, macia? Tudo produto de uma indústria, que enfiou essa impecabilidade e excesso de limpeza na nossa cabeça pra comprarmos e usarmos esses produtos loucamente –  e dá-lhe alergia!

Tenho lavado muitas peças à mão. Leio a etiqueta interna, observo as recomendações e muitas vezes prefiro lavar assim. Sei que parece discurso de quem tem tempo e privilégios, mas, acreditem, são apenas 5min de molho, enxagua e esfrego as partes mais sujinhas e pronto! Mudou minha relação com minhas roupas. Eu lavo as peças separadamente, só espremo mesmo, sem torcer, e estendo de uma forma que nem precisa passar depois: ou penduradas no cabide ou sacudo e deixo com o tantinho de água ainda, mais pesadinhas, para esticar o tecido.
Isso nos faz repensar também a quantidade de roupa que temos e da demanda delas por cuidados.
Também substituí o amaciante pelo vinagre branco (uso o de maçã orgânico), que deixa a roupa macia e nenhum cheiro de salada! Uso meio copo americano pra um tanque meio cheio da máquina de lavar. Ah, outro obs: não misturo materiais diferentes na máquina (tipo blusa delicada com calça jeans) e nem loto a máquina de roupa.
Depois começamos a fazer a receita de sabão líquido da Cristal Muniz (autora do livro Uma vida sem lixo) e foi MUITO maravilhoso fazer nosso próprio sabão! Parece que é chato e trabalhoso, mas estamos tão acostumados a perder tempo em shoppings e redes sociais que, na moral, compreender o processo de feitura dos produtos e entender seu papel na sociedade ao fazer essas escolhas é algo gratificante demais, é como se separássemos um tempo para cozinhar nossa comida, por exemplo. Sai muito mais barato, é acessível e biodegradável, sem cheiros fortes de perfume.

As fotos abaixo foram retiradas do site da Cristal Muniz, que fotografou o processo; separamos um momento do dia para isso e rende demais, além de ser multiuso: também usamos o mesmo sabão para lavar louça e lavar o banheiro. Aqui tem a receita completa e como fazer, além de outras dicas, como aromas e óleos essenciais. 

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